Seguidores da descoberta da nova fórmula de se fazer terror, como Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado e Lenda Urbana, ou simplesmente sátiras escrachadas, como Todo Mundo em Pânico, apareceram aos montes e, aos poucos, as novas gerações se acostumaram com a dobradinha humor/ terror como um elemento essencial da nova safra.
Mesmo com uma nova febre em desenvolvimento (os chamados filmes de terror documental, como REC, A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal) Craven decidiu investir na continuação da trilogia, com o trunfo marqueteiro de que a quarta parte da série iria renovar as regras do jogo. O que se vê, no entanto, é o mesmo esqueleto dramático e as mesmas reviravoltas do roteiro, a não ser pelo fato do longa possuir um início e um desfecho muito criativos (diferente do segundo e do terceiro Pânico). Problemas de continuidade e da direção de arte continuam explícitos (assim como nós, fãs, gostamos de ver) e mesmo com o passar do tempo e a possibilidade do uso de ínumeras tecnologias, não se percebe a utilização de efeitos especiais (realismo que, para mim, é ponto positivo).
A tensão e os sustos que os primeiros filmes causam no espectador não se repetem na quarta parte, que apela mais para a comédia e o suspense. Os diálogos são homenagens à trilogia original, com engraçadíssimas tirações de sarros entre os personagens, que sofrem com uma nova chacina em Woodsbooro, 10 anos depois do fim do pesadelo de Sidney Prescott (Neve Campbell), Gale Weather (Courteney Cox) e o xerife Dewey (David Arquette). Todos acham que após a volta de Sidney à cidade (ela foi lançar seu mais novo livro, um auto-ajuda contando como foi sua superação após os assassinatos) todos que estiverem a sua volta irão morrer (o apelido de Sidney passa a ser Anjo da Morte).
Com mais idade e prestígio na pequena cidade, Prescott e Gale (que também estão super botocadas) tentam descobrir qual é a nova fórmula do assassino para tentarem evitar mais mortes (talvez essa seja a única mudança na conduta de Ghostface). Dos quatro longas, é o que possui a segunda justificativa mais plausível e verossímil para o assassino atacar, porém, é o mais deslocado em relação aos outros três (um dos principais fatores é a própria distância temporal de lançamento, obviamente). Apesar da verossimilhança em relação à justificativa, é totalmente inverossímil no que diz respeito a lógica do roteiro, como se pode perceber nos questionamentos abaixo:
Como Dewey demora tanto para chegar de um lugar a outro na cidade, sendo que desde o Pânico 1 se sabe que Woodsbooro é bem pequena? Porque não chamar reforços policiais de distritos vizinhos para auxiliar na captura de Ghostface? Qual é o objetivo em, mesmo sabendo que é para se trancar todas as portas e janelas das casas, deixar alguma passagem sem cadeado decretando, assim, seu atestado de óbito?
Outras questões inerentes ao estilo do terror pregado por Craven e até mesmo à sátira metaliguística que ele faz aparecem também no novo lançamento, como os misteriosos motivos de sair sozinho de casa quando se sabe que há algo de errado acontecendo, a mania (feia) de abrir a porta e sair pelo quintal no escuro ou subir as escadas até o sotão empoeirado (é só para afirmar que é machão?? Vai se dar mal e vai ser bem feito!), enfim, parece que todos os personagens de filmes de terror se inflam de um orgulho besta que só morrendo para se dar conta de que não é assim que as coisas acontecem...