12 fevereiro 2011

TOP 1998 - Titanic

No Zoom, da TV Cultura, programa semanal de cinema (sexta para sábado, 0h45), existe um quadro chamado Filme Proibido, que consiste em ouvir, de figuras renomadas do universo cinematográfico nacional, qual é aquela produção que eles ficam embaraçados ao confessar que adoram e que sempre reveem (na surdina) quando têm oportunidade. Algumas semanas atrás, enquanto assistia ao programa, fiquei indignado ao ouvir de uma diretora que seu filme proibido era o Titanic. Assim como ela, eu acho sensacional a megaprodução noventista de James Cameron, mas não tenho a mínima parcela de vergonha em admitir tal gosto.

Que o entretenimento supera o valor artístico da obra, é fato, mas quem não delirou ao assistir as inovações técnicas que Spielberg conseguiu em Jurassic Park, ou os impressionantes efeitos de Transformers, ou ainda quem não invejou os poderes físicos do Exterminador do Futuro? Todos nós temos necessidade de sermos puro entretenimento, de deixarmos ser levados, por meio da catarse, ao infinito mundo dos sucessos hollywoodianos. Sem vergonha alguma, admito que sou comercial. Para se ter uma idéia, sabem qual é o meu filme preferido (de todos os tempos)? Jumanji, não apenas por achar que o roteiro é um dos melhores já feitos e ser fã do Robin Willians, mas pelo filme, ao melhor estilo “Sessão da Tarde” de ser, me remeter à minha infância e as aspirações de um garoto que queria apenas crescer.

Dessa forma, acho de uma hipocrisia sem tamanho certos metidos a intelectuais que repudiam as produções voltadas ao exclusivo lazer, abdicando-as às custas de longas cult que apenas reforçam o preconceito de um grupo restrito e cada vez mais fechado em seu mundinho erudito. Adoro entender e enxergar a diferença qualitativa entre o que é bom e o que é ruim, assistir tudo o que me aparece pela frente e, só então, filtrar o que me agrada, que quase sempre não inclui apenas as produções artísticas. Gosto de me deixar levar...

E é essa mesma sensação que sinto a cada nova vez que me deparo com Titanic. Esteja o filme no início, no meio ou no fim, paro o que estiver fazendo para rever, com olhos de cinéfilo inveterado em van premier, essa que considero a maior e mais bem estruturada produção de todos os tempos. Esqueço tudo o que já vi e pareço estar nos idos do século XIX, na primeira exibição do cinematógrafo dos irmãos Lumière, tendo contato, pela primeira vez, com o cinema, esta arte que me faz rir, chorar, pensar, relaxar e viajar em aventuras alheias. Minha única decepção em relação a Titanic foi não ter tido a oportunidade de vê-lo numa sala de cinema, com o som e a imagem adequados para curtir inteiramente a aventura de Rose e Jack (mas, de qualquer, forma, o VSH exibido nas 21’ do meu televisor já fizeram um estrago na minha percepção cinematográfica).

Para quem ainda não conhece (o que acho impossível) a história do longa, ele é o retrato de um dos maiores acidentes marinhos da história: o naufrágio do transatlântico que prometia ser “inafundável”. Em 1912, em sua primeira e única viagem, um iceberg inesperado pegou a tripulação de surpresa ao cruzar o caminho do navio, que em poucas horas estava submerso, levando consigo milhares de vidas. Para roteirizar tal acontecimento sem torná-lo protagonista de um documentário, o diretor James Cameron, com base em nomes de passageiros reais, criou a história de amor entre Jack Dawson (Leonardo DiCaprio) e Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), de classes sociais distintas, que tiveram de lutar para sobreviver, ao mesmo tempo em que desafiaram o poder do dinheiro para ficarem juntos.

Muito criticado por ser recheado de clichês, o roteiro realmente não é um poço de criatividade, mas, conjugado a perfeição técnica (o que inclui figurino, maquiagem, efeitos especiais, som e fotografia), os estereótipos convencem e se tornam um mero detalhe em meio ao espetáculo visual para o qual somos transportados. A mídia mundial contribuiu para que Titanic, mesmo depois de ser lançado, se tornasse sinônimo de obra superestimada, fato que desencadeou a enxurrada de referências ao longa, seja com o lançamento de inúmeras versões de My Heart Will Go On, trilha oficial do filme (inclusive nas vozes de nossos amiguinhos Sandy e Junior), ou pela banalização precipitada da obra. Hoje conseguimos olhar para o filme com olhos menos afiados e entender que, além de um mero fruto da especulação midiática, Titanic é um dos maiores longas da história (literalmente, uma vez que possui 194 minutos) e serve de referência para qualquer aspirante à cineasta.

Titanic arrecadou quase 2 bilhões de dólares pelo mundo (uma das maiores da história do cinema) e conquistou 11 estatuetas de 14 indicações (alçando o primeiro lugar no ranking do Oscar, tendo se igualado ao badalado Ben-Hur, de 1959). Em 1998, ainda concorreram ao prêmio de Melhor Filme mais quatro produções (como de costume). São elas: Melhor é Impossível (As Good As It Gets), que deu a Jack Nicholson a estatueta de Melhor Ator e a Helen Hunt a de Melhor Atriz naquele ano; Los Angeles – Cidade Proibida (L.A. Confidential), Ou Tudo Ou Nada (The Full Monty) e Gênio Indomável (Good Will Hunting).

TITANIC
LANÇAMENTO: 1997 (EUA)
DIREÇÃO: JAMES CAMERON
GÊNERO: DRAMA/ ROMANCE
NOTA: 9,9

5 comentários:

Rodrigo Mendes disse...

Eu não tenho vergonha de admitir que gosto de todos os tipos de filmes. Até os de fato ruins, eu assisto mais de uma vez para poder criticar!

Abs.
Rodrigo

Alan Raspante disse...

ótimo texto Gui! Concordo contigo, virou moda gostar de filmes cults e se revoltar contra os comerciais. Eu, particularmente, adoro todos os estilos principalmente se for uma comédia romântica recheada de clichês! hehehe

Acho que meu filme favorito de todos os tempos, é "Elvira - a rainha das trévas' (o filme num top 10 ficaria em terceiro, perdendo para "Laranja mecânica" e "As Horas"...) acho o filme incrível em todos os sentidos! Uma comédia de humor negro hilária.

Titanic, pra ser sincero, nunca foi um grande filme para mim, pelo fato de ter enjoado de já ter visto, rs Mas tem que ser reconhecido a grandeza deste filme em diversos aspectos. Excelente, creio que será lembrado como clássico daqui há um bom tempo.

Abraços :)

Tô Ligado disse...

Lembra do comentario sobre o mocinho morrer no fim. Odiei Titanic!

pseudo-autor disse...

Titanic ser admirado ainda vai (foi um filme que marcou época ao redor do mundo). Ridículo é uma pessoa dizer que adora Batman e Robin, do Joel Schumacher. Fala sério! Não vêem que essa pessoa é cega e não estava indo para o cinema, mas estava - isso sim - perdida?

cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Anônimo disse...

um dos meus filmes favoritos!

http://filme-do-dia.blogspot.com/