25 novembro 2010

TOP 1973 - O Poderoso Chefão

Do início ao fim, O Poderoso Chefão surpreende pela capacidade de prender o espectador num assunto que, aparentemente, não diz respeito a nossa realidade brasileira: a máfia italiana. Mesmo tendo um grande contingente de descendentes do país da bota, o máximo que nos aproximamos desta realidade é por meio da violência urbana que assola nossas metrópoles mobilizando articulados grupos fortemente armados. Quando terminei de assistir o filme (anteontem à noite) já me veio à cabeça a série de ataques de traficantes a carros e ônibus que ocorre no Rio de Janeiro desde o último domingo. O longa mostra a série de percalços enfrentados pela família Corleone após a recusa em entrar para o mercado de tráfico de drogas em Nova Iorque. Nossa violência atual seria, portanto, uma evolução da mostrada no filme?

Sem ser simplista na afirmação, acredito que a diferença está no fato da sutileza com a qual as famílias influentes nos assuntos ilícitos atuavam, mantendo a hegemonia inclusive sobre o poder público (polícia, vereadores, juristas) e o apelo bélico que os bandidos atuais têm de recorrer para manter um status de poder na sociedade. Além disso, a quantia de dinheiro envolvido é bem maior quando se estabelece outras fontes de renda que não somente o mercado do tráfico. A máfia siciliana em Nova Iorque na década de 40 controlava, através do poder de cinco grupos familiares, vários tipos de assuntos ilícitos, lucrando por meio de trocas de favores. A família mais poderosa, no que diz respeito ao raio de influência, era a Corleone, comandada pelo patriarca Vito Corleone (Marlon Brando), chamado por muitos de padrinho, pela disposição em ajudar qualquer um que quisesse ser seu amigo (por outro lado, cobrava favores em troca, além de ser totalmente insensível com aqueles que não quisessem ajudá-lo a manter seu poder).

Após a decisão das demais famílias de entrar para o mercado do tráfico de drogas, acreditando ser uma fonte de lucro bem mais rentável do que as outras, e a recusa de Vito, alegando ser um caminho perigoso, inclusive para a manutenção do apoio da polícia e de alguns políticos, os Corleone passam a ser perseguidos (principalmente pelos Tattaglia e os Barzini) e Dom Vito é baleado numa armadilha. Com o pai hospitalizado, os filhos da família (Santino “Sonny” Corleone [James Caan], Frederico “Fredo” Corleone [John Cazale], Constanzia “Connie” Corleone [Tália Shire], Tom Hagen [Robert Duvall] e Michael Corleone [Al Pacino]) têm de prosseguir com os negócios, além de quererem se vingar da violência contra o pai.

A história é aparentemente simples, mas a maneira com que Francis Ford Coppola, o diretor, consegue conduzir a trama é inteiramente deliciosa, beirando a perfeição em algumas cenas. A relação familiar é ponto de refúgio para a violência durante toda a produção (cenas de casamento, batizado e relações familiares são entremeadas de tiroteios, assassinatos, emboscadas etc). A dualidade entre frieza e amor é ponto alto na história, fazendo com que nos compadeçamos e odiemos ao mesmo tempo os protagonistas.

Todo o poder de O Poderoso Chefão é conquistado, também, graças às interpretações maravilhosas de Marlon Brando (que conquistou seu segundo Oscar de Melhor Ator [o primeiro tinha sido em Sindicato de Ladrões]) e de Al Pacino (que praticamente inicia sua carreira com esse papel). A trilha sonora é inesquecível, sendo lembrada por todos os adoradores do cinema até hoje. Além disso, os diálogos são inteligentíssimos, com algumas falas memoráveis, e o filme é repleto de seqüências cênicas antológicas.

Sem me estender muito, já que se não me policiasse ficaria elogiando a produção durante horas, finalizo com uma curiosidade: O Poderoso Chefão foi o único vencedor do prêmio de Melhor Filme, na história do Oscar, que obteve menos estatuetas que qualquer outro candidato ao mesmo posto. Em 1973, Cabaret conquistou 8 estatuetas, enquanto que o Poderoso Chefão conseguiu apenas 3. Além dele e de Cabaret, concorreram a Best Picture os longas Lágrimas de Esperança (Sounder), Os Emigrantes (Utvandrarna) e Amargo Pesadelo (Deliverance).

O PODEROSO CHEFÃO (THE GODFATHER)
LANÇAMENTO: 1972 (EUA)
DIREÇÃO: FRANCIS FORD COPPOLA
GÊNERO: DRAMA/ POLICIAL
NOTA: 9,5

2 comentários:

Hugo disse...

Um clássico sensacional e que ainda teve uma sequência considerada por muitos críticos melhor ainda.

Da lista dos concorrentes ao Oscar daquele ano, "Amargo Pesadelo" é um ótimo drama, mas inferior ao "Poderoso Chefão".

Até mais

モバゲー disse...

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