13 junho 2010

TOP 1937 - Ziegfeld, O Criador de Estrelas

Sete anos após a estreia de Melodia da Broadway, vencedor do Oscar de 1930, e primeiro musical produzido em Hollywood, é a vez de um feito bem mais ousado: um musical biográfico milionário, com mais de três horas de duração, centenas de figurantes e que retratava a vida da lenda do bussiness novaiorquino, morto dois anos antes da obra, Florenz Ziegfeld. Refiro-me ao ganhador da estatueta de melhor filme no Oscar de 1937: Ziegfeld, O Criador de Estrelas.

A obra perpassa os altos e baixos da carreira do empreendedor beberrão, mulherengo e nada organizado que alterou a estrutura dos shows musicais da Broadway. Foi através de sua despreocupação com o planejamento financeiro e seus investimentos milionários (muitas vezes por meio de dinheiro emprestado) que os EUA se descobriram celeiro de talentos natos e muitas vezes não aproveitados, valendo-se deles para produzir espetáculos grandiosos e luxuosos.

Uma das principais características de Ziegfeld, ou simplesmente Flo, era não possuir o medo de errar, o que fez com que ele levantasse seu império em meio a críticas e preconceitos. O filme o mostra desde sua juventude, quando sustentava sua miséria no circo, até sua morte, período em que estava igualmente quebrado (resolveu investir na Bolsa em 1929...azar!), revelando a capacidade do empresário em enxergar nas mínimas coisas coreografias grandiosas, cenários luxuosos, números teatrais ousados, enfim, ele queria sempre o melhor, mesmo que, para isso, fosse a falência novamente.

O longa peca ao se alongar demais. Há um número musical que durou 25 minutos! (fiz questão de contar) e, além disso, todos os casamentos e separações com suas “garotas” (follies) são mostrados, o que não dá uma continuidade fluente ao roteiro, que parece que, assim como a carreira atribulada de Flo, não tem fim, cansando o espectador.


As atuações são medianas, com destaque para Luise Rainer, que interpreta Anna Held, uma cantora francesa por quem Flo se apaixona ao contratar para ser sua mais nova artista e se casa pela primeira na vida. Apesar de todas as interpretações serem muito teatralizadas, estamos diante de um musical que se passa nos bastidores e palcos dos teatros por meio de artistas como personagens, então, acho que esse detalhe ameniza uma possível superficialidade interpretativa.


Visualmente, é o mais bem acabado entre os vencedores da Academia até o momento. Mesmo sem cores, conseguimos visualizar a grandeza estética idealizada pelo diretor (e constatada nos palcos por Flo, evidentemente). Documento de uma época, serve para manter viva a lembrança do criador de estrelas dos antepassados de nossos musicais de hoje, fazendo história como a primeira cinebiografia a ganhar como melhor filme. Apesar do virtuosismo estético do diretor Robert Z. Leonard, Frank Capra já começava nesta época a abocanhar estatuetas praticamente todos os anos, o que fez com seu longa, O Galante Mr. Deeds, derotasse Ziegfeld neste quesito.

Ziegfeld, o Criador de Estrelas concorreu em 1937 com mais nove longas, sendo eles: A História de Louis Pasteur (The Story of Louis Pasteur), A Queda da Bastilha (A Tale of Two Cities), Adversidade (Anthony Adverse), Casado com Minha Noiva (Libeled Lady), Fogo de Outono (Dodsworth), O Galante Mr. Deeds (Mr. Deeds Goes to Town), Romeu e Julieta (Romeo and Juliet), São Francisco - A Cidade do Pecado (San Francisco) e Três Pequenas do Barulho (Three Smart Girls).

ZIEGFELD, O CRIADOR DE ESTRELAS (THE GREAT ZIEGFELD)
LANÇAMENTO: 1936 (EUA)
DIREÇÃO: ROBERT Z. LEONARD
GÊNERO: MUSICAL/ BIOGRAFIA
NOTA: 8,0

2 comentários:

Tô Ligado disse...

Opaaa, dei uma sumida devido alguns compromisso, mas já estou de volta!!!
Boa semana!!

Brunno

Brentegani disse...

que bacana, primeiro filme biográfico, (apesar do musical) parece ser bacana hein Gui!