01 dezembro 2010

TOP 1975 - O Poderoso Chefão: Parte II

Raramente uma seqüência cinematográfica consegue ser tão boa ou melhor que a primeira parte da história. Estamos cansados de nos iludir com filmes que acreditávamos manter a qualidade do antecessor, mas que não passavam de meros produtos mercadológicos, oriundos da necessidade de continuar lucrando com uma receita que fez sucesso um dia. Exceção à regra, O Poderoso Chefão: Parte II levou 6 estatuetas na premiação do Oscar em 1975, imortalizando-se como a primeira seqüência a levar o prêmio de Melhor Filme para casa.

Justamente premiado, o longa é impecavelmente bem feito, uma vez que mantém o ar sombrio e pessimista do primeiro e ainda presenteia os espectadores com duas histórias ao invés de uma: por meio de duas narrativas paralelas, Francis Ford Coppola (o diretor) mostra o nascimento da verve trapaceira que impulsionou Vito Corleone (desta vez interpretado por Robert De Niro) a construir o império de poder “alternativo” que dominou grande parte dos Estados Unidos e o início da decadência de Michael Corleone (o novo Dom) após resolver eliminar todo e qualquer inimigo que se opusesse a seus planos.

A esquematização dramática do roteiro é praticamente semelhante a da primeira parte da trilogia: a produção começa com uma festa familiar, na qual a confraternização entre os parentes divide o espaço com as negociações obscuras entre o Dom Corleone e seus comparsas e/ou apadrinhados. Após um ataque inesperado à família (no segundo filme Michael e sua esposa Kay (Diane Keaton) são surpreendidos por um tiroteio em seu quarto) várias camadas de interesse mafioso aparecem, fazendo com que conflitos entre as famílias e, no caso do filme analisado, também o governo, sejam deflagrados. A partir daí, os Corleone se juntam para manterem a posição de destaque que Vito construiu ao longo das décadas.

A principal diferença do primeiro é que agora a família já está desestruturada, alguns não concordam com a nomeação de Michael como o sucessor de Vito e conflitos internos começam a interferir no futuro dos Corleone. Al Pacino consegue brilhantemente exprimir por meio de sua interpretação a angústia vivida por Michael ao perceber que está sendo um fracasso em relação ao trabalho do pai. A saída para resolver a questão é ser mais enérgico, mais rígido com seus inimigos, com aqueles que querem o ver morto, mas essa atitude pode trazer conseqüências mais sérias, umas vez que terá de enfrentar traições dos próprios membros da família. Ele terá de lutar contra dois tipos de inimigos: os poderosos que querem ver o império dos Corleone destruído e sua própria solidão, gerada pela apatia que provoca em seus convíveres.

Para reforçar a decadência pessoal de Michael, a história de sucesso de Vito (desde a morte de toda a sua família na Sicília até o nascimento de Michael e sua ascensão na máfia novaiorquina) é intercalada com as cenas em que Michael perde forças e se torna cada vez menos influente. A direção é genial na montagem dessas seqüências, equilibrando de maneira adequada os dois momentos históricos. Por falar em história, são incluídas na produção seqüências de eventos reais, como a chegada dos imigrantes italianos nos Estados Unidos no início do século XX e a Revolução Cubana.

Mas antes de comemorar a vitória, O Poderoso Chefão: Parte II teve que travar uma disputa ferrenha com o brilhante Chinatown, de Roman Polanski, que também obteve 10 indicações no Oscar (mas levou apenas o Roteiro Original). Além dos dois, ainda concorreram Inferno na Torre (The Towering Inferno), Lenny e A Conversação (The Conversation), outra produção de Coppola naquele mesmo ano.

O PODEROSO CHEFÃO: PARTE II (THE GODFATHER: PART II)
LANÇAMENTO: 1974 (EUA)
DIREÇÃO: FRANCIS FORD COPPOLA
GÊNERO: DRAMA/ POLICIAL
NOTA: 9

2 comentários:

Marcia Moreira disse...

Sem comentários. Filmão.

Tô Ligado disse...

Opaaa... Gui, to meio sem entrar na net, mas vamos cvs sobre o Hopi. PQ o tim num vai rolar???

Abracao!!