31 agosto 2010

TOP 1961 - Se Meu Apartamento Falasse

Se o apartamento de C.C. Baxter (protagonista vivido por Jack Lemmon) falasse, acho que ele preferiria ficar quieto diante da infinidade de situações (constrangedoras) vividas em seu interior. É que Baxter, funcionário de uma seguradora em Nova York, empresta sua morada, por ambição profissional, para que seus chefes se encontrem com as amantes (geralmente funcionárias da empresa). Sua submissão é tamanha que, em qualquer horário da noite ou do dia, ele sai de casa e fica zanzando pela rua até que os "inquilinos" se satisfaçam. Enquanto sua imagem de bom moço vai ganhando proporção dentro da empresa e sua promoção fica cada vez mais evidente, ele conhece a Srta. Fran Kubelic (Shirley MacLaine), ascensorista da empresa, que, por coinscidência, é uma das amantes do Sr. Sheldrake (Fred MacMurray), diretor chefe do departamento de Baxter, ou seja, sua catapulta para o sucesso. Detalhe: ele também é um dos frequentadores do famoso apartamento!!

Por meio de um roteiro simples, o diretor Billy Wilder consegue explorar o senso crítico do espectador, que não só assiste uma comédia romântica sobre um paspalho que faz de tudo para se promover profissionalmente e acaba se apaixonando, mas também um retrato do American Way of Life, pulsante na época.
O moço solitário, sem família, que contrói falsos papéis sociais para se auto valorizar conscientemente (é visto como o garanhão do prédio [por levar até mais de uma garota por noite a seu apartamento] e como o executivo bem sucedido na empresa [uma vez que é um mero puxa-saco interesseiro]) é o modelo de americano deslumbrado com as possibilidades de uma vida capitalista num país democrático e desenvolvido como os Estados Unidos.

A história se desenvolve graciosamente, na medida certa para que acompanhemos a ascensão profissional e a fossa pessoal do protagonista, que brilha numa interpretação comovente (em alguns momentos no filme, parece ser até mais importante que a verdadeira estrela da película: o apartamento). Rótulos a parte, o drama/comédia/romance que desbancou quatro concorrentes (Filhos e Amantes [Sons and Lovers], Entre Deus e o Pecado [Elmer Gantry], Álamo [The Alamo] e Peregrinos da Esperança [The Sundowners]) é uma obra prima da história do cinema, que não pode deixar de ser degustada. Atenção para dois momentos:

1) A introdução, que mostra um panorama da selva de pedras que era Nova York (já na década de 60), enquanto o narrador (o próprio Baxter) contabiliza alguns dados estatísticos (já começa daí a inspiração crítica do filme sobre a excessiva solidão diante da imensidão urbana);

2) Baxter preparando um jantar para ele e Fran, no qual o macarrão é escorrido numa raquete de tênis (cena hilariante). Aliás, como já vinha mostrando em suas outras produções, Wilder consegue tirar graça até de pedra. Seu texto é aguçado, afiado e deliciosamente cômico.


Um dos únicos pontos negativos é o desfecho da história, que se mostra previsível demais, mesmo sendo criativo. Acho que o problema é a minha implicância com finais felizes...tenho que melhorar isso...

Observação: Se Meu Apartamento Falasse é o último filme vencedor do Oscar a ter sido rodado em preto e branco (com exceção de A Lista de Schindler, da década de noventa, que não é colorido por opção). Ah, e a tela de "The End" continua sendo usada (a única obra até agora que não usou esta técnica foi O Maior Espetáculo da Terra [apesar dele já ser colorido]).

SE MEU APARTAMENTO FALASSE (THE APARTMENT)
LANÇAMENTO: 1960 (EUA)
DIREÇÃO: BILLY WILDER
GÊNERO: DRAMA/COMÉDIA/ROMANCE
NOTA: 9,3

29 agosto 2010

TOP 1960 - Ben-Hur

300 locações, 100 mil figurinos, mais de 8 mil figurantes, meses de filmagem e milhões em investimento. Grandioso em todos os sentidos, Ben-Hur surpreendeu na época em que foi lançado. O realismo com que as cenas são apresentadas é único até aquele momento na história do cinema. Grande também na duração, a trama se constrói em quase quatro horas, porém sem que a história fique cansativa ou massante. Como se trata de um épico (que não é exatamente o estilo de filme que mais gosto), ele não me surpreendeu a ponto de eu achar que se trata do melhor longa de todos os tempos, mas tenho que admitir que é um dos grandes clássicos da sétima arte e deve ser valorizado por isso.

Não só o público, mas também a critica o julgou como superior. Foram 11 estatuetas conquistadas no Oscar, marca recorde, só igualada 38 anos depois, por Titanic. O principal motivo? Talvez o fato de o genial diretor William Wyler ter ousado ao filmar um épico bíblico misturando realidade e ficção por meio de uma narrativa criativa e empolgante. Quem realmente gosta de cinema, não pode perder a oportunidade de conferir de perto essa obra-prima.

Entretanto, o filme caminha no contrafluxo das produções da época, que buscavam fugir do classicismo dos diretores das décadas de 30 e 40. O cinema moderno estava cada vez mais presente nas salas de cinema e, mesmo assim, Ben-Hur ainda conserva o protagonista herói, imaculado, que merece nossa torcida e afeição, enquanto que o time dos “amigos do Cidadão Kane” prezavam muito mais a inovação de narrativa, a inversão, o ineditismo, o protagonista mais humanizado, ou seja, vulnerável a sentimentos e ações condenáveis moralmente e a imprevisiblidade do roteiro (e, no filme de hoje, o roteiro é totalmente previsível).

O protagonista herói descrito acima é Judah Ben-Hur (Charlton Heston – Melhor Ator daquele ano), mercador judeu traído por seu antigo amigo Messala (Stephen Boyd), que foi influenciado pelo exército romano a se filiar e lutar pelo extermínio de todos os nativos da Judeia (e acaba sendo nomeado por César como oficial comandante da legião romana responsável por aquela região). Depois de ser enviado às galés (porões das embarcações de guerra), e ter irmã e mãe trancadas para sempre nos calabouços romanos, Ben-Hur jura vingança à Messala quando retornar. Depois de comer o pão que o diabo amassou nas mãos do inimigo, consegue escapar, mas descobre que sua família está no Vale dos Leprosos, à beira da morte.

A oportunidade da tão esperada vingança se dá com uma das cenas mais comentadas da história: a corrida de bigas. A sequência, que demorou mais de dois meses para ser gravada, instiga pela perfeição estética diante da precariedade tecnológica da década. O conflito Ben-Hur x Messala garante dezessete minutos de pura emoção e adrenalina ao espectador, além de mudar o rumo da história, pois é a partir do resultado do embate que Judah passa por um processo de mudança de consciência, sendo influenciado por um judeu que falava para as multidões e incentivava o amor e a compaixão ao próximo: Jesus Cristo.

Por meio de algumas aparições tímidas do Filho de Deus (sempre de costas, por impedimento da censura da Igreja Católica), a história de Judah vai se desenvolvendo paralelamente, como se entre as duas não houvesse nenhuma relação. É depois da metade da película que entendemos que a vida pública de Jesus, seus milagres, seu julgamento e sua crucificação influenciarão decisivamente na conduta moral de Ben-Hur. Alíás, o filme acaba na morte de Cristo, numa das cenas mais elogiadas da produção (realmente é bem emocionante, principalmente para quem, assim como eu, teve uma formação católica).

Além de Melhor Filme e Direção, o épico conquistou os prêmios de Ator, Ator Coadjuvante, Figurino, Montagem, Efeitos Visuais, Fotografia, Som, Direção de Arte e Trilha Sonora de Drama ou Comédia concorrendo com Uma Cruz à Beira do Abismo (The Nun's Story), Anatomia de um Crime (Anatomy of a Murder), O Diário de Anne Frank (The Diary os Anne Frank) e Almas em Leilão (Room at the Top).

BEN-HUR
LANÇAMENTO: EUA (1959)
DIREÇÃO: WILLIAM WYLER
GÊNERO: AVENTURA/ DRAMA
NOTA: 8,8

27 agosto 2010

1/3 ESTREIA - 5x Favela - Agora Por Nós Mesmos

Com sete prêmios no III Festival de Cinema de Paulínia (julho/10), inclusive o de Melhor Filme, chega às telonas dos cinemas brasileiros neste sexta feira a antologia 5x Favela - Agora Por Nós Mesmos, produzida por Cacá Diegues. A obra reúne cinco histórias contadas, interpretadas e dirigidas por moradores de comunidades carentes do Rio de Janeiro (todos aspirantes a cineastas). A preocupação de Cacá era que as histórias resultassem num longa humano, em oposição a rotina de violência e criminalidade retratada pela maioria dos filmes de favela.

O ousado projeto fez história no interior de São Paulo ao levar os prêmios e promete revolucionar o cinema nacional com uma narrativa inovadora e documental. Antes mesmo da estreia, a obra já era bem vista pelos principais críticos de cinema do Brasil, como Rubens Ewald Filho, que afirmou ser o melhor filme do ano até agora.

5X FAVELA - AGORA POR NÓS MESMOS
LANÇAMENTO: 2010 (BRASIL)
DIREÇÃO: CACAU AMARAL, CADU BARCELOS, LUCIANA BEZERRA, MANAIRA CARNEIRO, RODRIGO FELHA, WAGNER NOVAIS, LUCIANO VIDIGAL.
GÊNERO: DRAMA
VONTADE: 10,0

Além deste que promete ser um sucesso nacional (pelo menos de crítica), estreiam hoje:

KARATÊ KID. EUA (2010). Direção: Harald Zwart. Gênero: Ação/ Drama. Elenco: Jackie Chan, Jaden Smith.
VONTADE: 7,0

PAR PERFEITO (Killers) EUA, 2010. Direção: Robert Luketic. Gênero: Ação/ Comédia. Elenco: Katherine Heigl, Ashton Kutcher, Tom Selleck.
VONTADE: 8,5 (adoro a Katherine!!!)

BELLINI E O DEMÔNIO. Brasil (2008). Direção: Marcelo Galvão. Gênero: Policial. Elenco: Fábio Assunção, Nill Marcondes, luíza Curvo.
VONTADE: 6,0

Semana que vem tem mais. Até lá! Bom fim de semana a todos!

26 agosto 2010

TOP 1959 - Gigi

Já nos suspiros finais, a época de ouro dos musicais hollywoodianos perdia força em detrimento dos longas modernos, psicológicos, críticos, com uma pegada ácida e ao mesmo tempo sutis. Com a tecnologia a seu favor, esse novo modelo de se fazer cinema abocanhou o público que antes se contentava apenas em assistir o espetáculo visual e a medianidade dos roteiros dos musicais. Mas antes que a “febre” passasse de vez, alguns últimos resquícios deste universo mágico ainda assolaram os telões ao redor do mundo.

No Oscar 1959, foi um musical clássico chamado Gigi que levou não só a estatueta de Melhor Filme, mas outras oito, entre elas Direção, Figurino, Fotografia e Canção Original. A protagonista, que dá nome ao filme e é interpretada por Leslie Caron, é uma pobre adolescente parisiense que é forçada pela avó e tia-avó a aprender como se portar diante da burguesia, já que é cotada para ser a futura esposa de Gaston Lachaille (Louis Jourdan), grande empresário do ramo do açúcar na França e antigo amigo da família. Totalmente espevitada e fora de quaisquer padrões requintados, é por meio de sua inocência e animação juvenil que Gigi acaba fazendo com que Gaston se apaixone por ela, mesmo contra seus próprios princípios (ele ainda a considera como um bebê).

Quem narra a história é o tio de Gaston, Honore Lachaille (Maurice Chevalier), que funciona como personagem (que ajuda o sobrinho a parar de se martirizar pela chatice da vida e procurar um amor) e narrador (no estilo tradicional – olhando para a câmera). A trama se passa no início do século XX, na chamada Belle Époque francesa, representada brilhantemente pelos figurinos, impecáveis e convincentes.

Leslie Caron havia saído do maravilhoso Sinfonia de Paris, de 1951 (último musical de Vincente Minnelli, que também é o diretor de Gigi), em que interpretava uma vendedora de perfumes que dominava o palco como ninguém (juntamente com Gene Kelly). No novo projeto, porém, frustramo-nos com a imobilidade da atriz (e de todos os outros personagens). Todos os números musicais são apenas cantados, sem nenhum tipo de dança (o que faz muita diferença – negativa – num musical). Apesar das composições serem criativas, bem filmadas e alegres, faltou a composição com o movimento corporal para que o filme se tornasse um clássico e não fosse esquecido pelo tempo.

O roteiro, como disse no começo, é vazio (como na maioria dos musicais, salvo exceções) e, além de tudo, previsibilíssimo e chato. Com a autonomia totalmente censurada pelas guardiãs, resta a Gigi aguardar seu destino pré-determinado e torcer para que o coração de Gaston fale mais alto e ele não ligue para sua postura falsamente burguesa (unicamente ensaiada para driblar a polidez de suas parentas solteironas) e acredite que ela é ainda aquela garotinha encantadora que ele conheceu. Sabe aquele filme que não é bom, mas não é ruim? Que não será lembrado por muito tempo? Ou seja, dispensável? Gigi!

No mesmo ano, ainda concorreram ao posto de Melhor Filme: A Mulher do Século (Auntie Mame), Vidas Separadas (Separate Tables), Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof) e Acorrentados (The Defiant Ones).

OBS: Queria deixar claro que não tenho pretensões de apontar como universal meu ponto de vista. Entro no mérito de escrever que um filme deveria ou não levar o Oscar (mesmo que a história já tenha concordado ou discordado de mim) porque acredito piamente na liberdade de expressão e adoro discutir com quem tem opiniões diversas. É um pouco de pirraça também..#prontofalei!!

GIGI
LANÇAMENTO: 1958 (EUA)
DIREÇÃO: VINCENTE MINNELLI
GÊNERO: MUSICAL
NOTA: 6,5

21 agosto 2010

TOP 1958 - A Ponte do Rio Kwai

Sam Spiegel, o produtor de clássicos absolutos do cinema como Sindicato de Ladrões, Lawrence da Arábia e Doutor Jivago, foi o responsável por dar a “A Ponte do Rio Kwai”, em 1958, status de grande obra junto à crítica americana. Em alguns casos, como este, o papel do produtor se sobressaía ao do diretor nos estúdios estadunidenses, uma vez que era ele quem arcava com as implicações financeiras da produção e, portanto, achava que podia meter o bedelho onde quisesse, desde o roteiro até o elenco. Só se salvavam aqueles diretores prestigiados que podiam responder pelo dinheiro e pela idéia ao mesmo tempo.

Sendo assim, o diretor David Lean foi contratado para contar em imagens as idéias de Spiegel, influenciado pelos textos-reportagens do francês Pierre Boulle, que conta a saga da construção de uma ponte sob um rio em Cingapura. A obra é comandada por um destacamento do exército japonês, que mantém preso na ilha um grupo de militares ingleses, obrigando-os a trabalharem sob as mínimas condições humanas. A construção, que realmente aconteceu em 1943 – durante a Guerra, é importante para a expansão da posse espacial do Japão em terras indianas, além de facilitar o transporte de material bélico.

O embate que permeia toda a trama fica por conta do conflito de poder entre o coronel inglês Nicholson (Alec Guinnes) e o comandante japonês Saito (Sessue Hayakawa). Enquanto o militar oriental quer a todo custo terminar a ponte, independente se explorará ou não os direitos dos trabalhadores, Nicholson baseia seu comportamento no código de ética de Genebra, que afirma que oficiais não podem executar trabalhos braçais. Após muitas retaliações e punições, Saito admite que talvez a ajuda dos ingleses realmente seja necessária e se rende as exigências do rival.

Ao mesmo tempo em que os ingleses decidem se esforçar para provar para os japoneses que podem finalizar a tempo a ponte, o major Shears (William Holdem), único militar que havia conseguido fugir do cativeiro japonês, decide voltar para a floresta e vingar os maus tratos cometidos contra seu coronel (sem saber que ele já havia sido libertado), destruindo a ponte. Esse universo de dúvida, orgulho e competição consegue prender o espectador à história e surpreendê-lo num final espetacular e digno de aplausos.

As filmagens foram todas realizadas na Ásia, com atores nativos, instrumentos de cenas locais e um gasto exorbitante para que tudo se tornasse o mais real possível. As interpretações são coesas e corretas (isso pode soar como crítica, mas talvez prefira entender como incompreensão – ou apatia ao gênero de filme de guerra – com algumas exceções, é claro). Destaco a primeira parte do filme (a menos cansativa), na qual o coronel Nicholson é preso e constantemente torturado por Saito para que permita que seus oficiais trabalhem na construção da ponte. A pressão psicológica e a sensação de claustrofobia experimentada pelos ingleses na ilha transpassa a tela e chega até o espectador, que vive os dramas dos personagens.

Por ser longo demais (assim como Dr. Jivago e Lawrence da Arábia), o roteiro de A Ponte do Rio Kwai cansa ao “enrolar” muito para chegar à seu ápice (a explosão da ponte), entediando quem está envolvido com a história. Apesar de ser bem conhecido e elogiado (levou sete estatuetas), o longa não merecia ter ganhado de Doze Homens e Uma Sentença (12 Angry Men), obra prima do cinema clássico, nem de Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution), do mestre Billy Wilder. Tirando as duas injustiças, ainda concorreram a Melhor Filme naquele ano: A Caldeira do Diabo (Peuton Place) e Sayonara, com Marlon Brando.

A PONTE DO RIO KWAI (THE BRIDGE ON THE RIVER KWAI)
LANÇAMENTO: 1957 (EUA)
DIREÇÃO: DAVID LEAN
GÊNERO: DRAMA/ GUERRA
NOTA: 7,5

20 agosto 2010

1/3 ESTREIA - A Epidemia

Depois do fracassado Sahara (2005), que usou em vão os talentosos Matthew McConaughey e Penélope Cruz numa tediosa aventura pelo deserto, o diretor Breck Eisner parece ter acertado a mão ao beber na preciosa fonte de George Romero e produzir The Crazies, uma tentativa contemporânea de representar nas telonas os tradicionais zumbis criados nos anos 70 por Romero. Nada de mortos-vivos amantes, meigos, que sapateiam, tem visão laser e o diabo a quatro. É por meio de uma visão conservadora e nostálgica que Eisner busca amedontrar a nova geração, ao mesmo tempo em que reverencia os comedores de carne humana.

A história não poderia ser diferente: uma cidade interiorana dos Estados Unidos é assolada por um vírus que contamina os moradores, deixando-os raivosos, violentos e vivos...após a sua morte!! Um grupo de sobreviventes (o xerife da cidade, sua esposa grávida e alguns amigos) têm de fugir loucamente dos esfomeados mortos-vivos, que se multiplicam aos montes pelas ruas que costumavam ser pacatas. Não fico animado assim com uma estreia de terror desde Arraste-me para o Inferno, no ano passado. Tomara que, assim como a obra de Sam Raimi, A Epidemia satisfaça minhas expectativas.

A EPIDEMIA (THE CRAZIES)
LANÇAMENTO: 2009 (EUA)
DIREÇÃO: BRECK EISNER
GÊNERO: TERROR
VONTADE: 10,0

Outros quatro lançamentos chegam às telonas brasileiras hoje. São eles:

O ÚLTIMO MESTRE DO AR (The Last Airbender) EUA, 2010. Direção: M. Night Shyamalan. Gênero: Ação/ Aventura. Elenco: Noah Ringer, Jackson Rathbone, Dev Patel, Nicola Peltz.
VONTADE: 8,0

COCO CHANEL & IGOR STRAVINSKY. França, 2009. Direção: Jan Kounen. Gênero: Drama. Elenco: Anna Mouglais, Mads Mikkelsen.
VONTADE: 3,0

UM DOCE OLHAR (Bal ou Honey) Turquia, 2010. Direção: Semih Kaplanoglu. Gênero: Drama. Elenco: Erdal Besikçioglu, Tülin Özen, Alev Uçarer.
VONTADE: 8,0

CABEÇA A PRÊMIO. Brasil, 2009. Direção: Marco Ricca. Gênero: Drama. Elenco: Alice Braga, Fúlvio Stefanini, Otávio Muller.
VONTADE: 1,0

O 1/3 ESTREIA volta na semana que vem com mais novidades. Até lá. Bom fim de semana a todos.


17 agosto 2010

TOP 1957 - A Volta ao Mundo em 80 Dias

A coisa tá preta! Por mais uma vez o longa considerado o melhor do ano não merecia ter levado a estatueta. A razão disso em 1957 se deu por dois motivos (na minha opinião): o filme vencedor (A Volta ao Mundo em 80 Dias) é ruim, além de estar concorrendo com monstros como O Rei e Eu (The King and I), Os Dez Mandamentos (The Ten Commandments), Assim Caminha a Humanidade (Giant) e Sublime Tentação (Friendly Persuasion). Mas eu tenho uma teoria pra isso: a cor! Naquela década, uma empresa chamada Technicolor era a menina dos olhos de todos os produtores cinematográficos, que gastavam o que tinham e não tinham para que a cor, o diferencial máximo da evolução tecnológica (podemos compará-la com a febre que o 3D provoca nas salas de cinema atualmente) pudesse fazer parte de suas produções.

Antes usada apenas em E o Vento Levou, Sinfonia de Paris e O Maior Espetáculo da Terra, é a partir de A Volta ao Mundo em 80 Dias que a diversidade cromática chega para ficar entre os vencedores do Oscar, que aprenderam depois de um tempo a não serem produzidos apenas para que a cor fosse usada por eles (como foi o caso de Avatar com o 3D). A diferença é que o último filme de James Cameron não levou a estatueta mor (com justiça), enquanto seu "irmão de inovação" antigo encheu tanto os olhos dos eleitores que não teve jeito. Após essa fase de deslumbramento, a tendência natural foi que as produções foram fundindo a excelência interpretativa e de roteiro (de antigamente) e as potencialidades da fotografia colorida.

A história, como todos já sabem, é a do ricaço inglês Phileas Fogg (David Niven) que, para cumprir uma aposta e inflar ainda mais seu ego junto a seus colegas do clube de leitura onde passava as noites, decide dar a volta ao mundo (Inglattera - Ásia - EUA - Inglaterra) em apenas 80 dias, por meio dos veículos de transporte disponíveis na época (lembrando que a trama se passa no final do século XIX, quando a obra original de Julio Verne, que inspirou o roteiro do filme, foi escrita). Para a aventura, o sistemático lord conta com a companhia e ajuda de um criado françês, o hilário (à la A Praça é Nossa) Passepartout (vivido por Cantinflas, um requisitado comediante mexicano).

E assim, durante duas horas e cinquenta minutos, somos apresentados a diferentes culturas através das lentes ferinas de Michael Anderson, num show policromático indiscutivelmente inovador no cinema. É a primeira vez que uma produção carrega uma densa quantidade de imagens panorâmicas e aéreas como foi com A Volta... Além desta inovação, é por meio de um apresentador no início do filme que somos inseridos na história. Este personagem, apesar de não ter sido explorado após o término da narração central (a aventura de Phileas), dá um quê de documentário à produção, o que motiva o espectador a continuar assistindo (pena que essa sensação logo é substituída por um roteiro vazio e meramente imagético). É também nesse inusitado início que uma discussão sobre os caminhos das descobertas científicas é apresentada, tendo como recurso contextualizador imagens de outra adaptação cinematográfica de um livro de Julio Verne: trechos da obra Viagem a Lua (1903), de George Meliés, o primeiro longa- metragem da história do cinema.

Excetuando essas novidades, o filme não se apega ao aprofundamento de nenhuma cultura, ou à valorização dos diálogos, ou muito menos à alguma forma de enriquecimento do roteiro para que o receptor não se canse de apenas admirar longuíssimas tomadas de paisagens e o revezamento constante e insuportavelmente infinito de meios de transporte, de confusões inacabadas e de lugares visitados.

OBS: Um ponto positivo é que tudo foi gravado nos países originais, tendo que a equipe de produção ter se instalado na Espanha, na Índia, no Japão, nos Estados Unidos, enfim, em inúmeras locações ao redor do mundo. A diferença é que devem ter demorado bem mais que oitenta dias para fazer tudo isso.

OBS²: Em 2004, foi a vez de Jackie Chan dar vida ao criado Passepartout, num longa homônimo que dizem estar áquem do original de 1956 (então deve ser muito ruim mesmo!!)

A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS (AROUND THE WORLD IN EIGHTY DAYS)
LANÇAMENTO: 1956 (EUA)
DIREÇÃO: MICHAEL ANDERSON/ KEVIN MCCLORY/ SIDNEY SMITH
GÊNERO: AVENTURA
NOTA: 6,0

16 agosto 2010

TOP 1956 - Marty

Quando iniciei o projeto TOP 1/3, há mais de quatro meses, alguns amigos cinéfilos me advertiram que, mesmo se tratando de uma lista de filmes consagrados por meio da estatueta mor da Academia do Oscar, provavelmente teria que dedicar meu tempo a algumas obras mal produzidas. Ao longo do processo, constatei a previsão ao encontrar pelo caminho filmes que nem sequer deveriam estar entre os indicados, mas não há nada o que se possa fazer além de reclamar enquanto mero espectador (até o momento em que eu for sócio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e eleitor do Oscar rsrsrs).

Um dos casos de decepção foi com o vencedor do Oscar de Melhor Filme na premiação de 1956, Marty. O longa conta a trajetória do rechonchudo açougueiro ítalo-americano Marty Piletti (Ernest Borgnine) em busca de uma noiva. Devido ao fato de ser gordo e feio, não consegue se casar e já está com 34 anos (sacrilégio na época!). Toda a micro sociedade que rodeia o comércio da família Piletti julga o protagonista e o vê com olhos de protesto, já que é o único filho que ainda não saiu da barra da saia da mãe (que mora com ele e é interpretada por Esther Minciotti).

O solteirão acaba conhecendo a professora Clara Snyder (Betsy Blair) num sábado a noite em que é obrigado pela mãe a ir para um clube de dança da cidade. Ela também é desprovida de atributos físicos (ou seja, é feia), é desengonçada e também rejeitada por todos por ter 29 anos e não ter pretendentes para o altar. O roteiro se constitui basicamente por essa história, sem grandes mudanças ou complicações, o que fez com que Marty se tornasse o vencedor de Oscar de menor duração da história das premiações. Não que a quantidade de minutos ou a simplicidade do roteiro justifique meu desconforto com a obra, mas a forma com que o diretor Delbert Mann amarrou as informações na montagem final da produção está muito aquém dos vencedores dos outros anos.

A pressão social colocada na questão da necessidade do casamento e da constituição de família é totalmente desconexa por se tratar de um outro contexto histórico, o que distancia os conflitos dos personagens da nossa realidade. Este é aquele tipo de filme que pode ter feito sucesso na época de seu lançamento, mas perdeu completamente a atualidade com o passar do tempo. Além de que as interpretações são forçadas e não condizem com a linha de interpretação do cinema moderno que começava a despontar naquela década (pós-Cidadão Kane, Casablanca e E o Vento Levou).

Como não tenho muito o que comentar sobre o filme, apenas lamentar dele ter levado o posto de Best Picture, acabo por aqui minha postagem de hoje. Junto com ele, concorreram os longas: Férias de Amor (Picnic), Suplício de Uma Saudade (Love is a Many Splendored Thing) e A Rosa Tatuada (The Rose Tattoo).

MARTY
LANÇAMENTO: 1955 (EUA)
DIREÇÃO: DELBERT MANN
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 6,0

13 agosto 2010

1/3 ESTREIA - Os Mercenários

Não foi bem o meu caso, mas muita gente cresceu se influenciando pela coragem e pela determinação de personagens cinematográficos como Rocky Balboa, Robocop, John McClane, de Duro de Matar, Rambo, Conan, o Bárbaro, o andróide de O Exterminador do Futuro etc. Imaginem se todos eles resolvessem se reunir num único filme, numa espécie de comemoração da carreira brilhante que cada um teve, um último olhar nostálgico sobre o passado? Foi o que aconteceu quando o agora diretor Sylvester Stallone convidou alguns amigos para rodar seu mais novo e ousado projeto: Os Mercenários, que estreia hoje nos cinemas brasileiros.

O longa conta com a ilustre presença de pesos pesados como Jet Lee, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger, Terry Crews, Mickey Rourke, entre outros, além de Gisele Itié, nossa Bela, a Feia. As gravações foram feitas quase todas aqui no Brasil (no Rio de Janeiro) e contam a história de mercenários que têm a missão de derrubar o governo de um ditador sul americano, assassinando-o. Não gosto muito de filmes de ação, mas desta vez estamos lidando com um marco do cinema contemporâneo, uma homenagem a juventude daqueles que, nos anos oitenta, deliraram com o nascimento deste gênero tão venerado no mundo. OBS: Só faltou Jackie Chan e Jean-Claude Van Damme para completar o pacote!

OS MERCENÁRIOS (THE EXPENDABLES)
LANÇAMENTO: 2010 (EUA)
DIREÇÃO: SYLVESTER STALLONE
GÊNERO: AÇÃO
VONTADE: 8,5

Mas não é só este filme que estreia hoje no Brasil. Os outros são:

O APRENDIZ DE FEITICEIRO (The Sorcerer's Apprentice) EUA, 2010. Direção: Jon Turteltaub. Gênero: Ação. Elenco: Nicolas Cage, Jay Baruchel , Alfred Molina, Monica Bellucci.
VONTADE: 7,0

DESTINOS LIGADOS (Mother and Child) EUA/ Espanha, 2010. Direção: Rodrigo Garcia . Gênero: Drama. Elenco: Naomi Watts, Annette Bening, Samuel L. Jackson.
VONTADE: 6,5

AQUARELA - AS CORES DE UMA PAIXÃO (Watercolors) EUA, 2008. Direção: David Oliveras. Gênero: Drama. Elenco: Tyle Olson, Kyle Clare, Karen Black.
VONTADE: 2,0


Obrigado pelos comentários de sempre e continuem visitando o 1/3. Semana que vem volto com mais um 1/3 ESTREIA. Até lá. Bom fim de semana para todos.

10 agosto 2010

RANKING - Melhores Filmes de Suspense

Inauguro hoje mais um projeto do 1/3: o RANKING, que busca uma vez por mês (todo dia 10) criar listas, com os 10 melhores ou piores de cada segmento. Pode ser sobre cinema, música, televisão, enfim, o que me der na telha. Para começar, decidi rankear os melhores filmes de suspense da minha vida. Sei que vai faltar muita coisa boa, mas conto com a colaboração de vocês para me indicarem o que devo assistir ou criarem suas próprias listas.

Além dos dez melhores, selecionei três filmes que entram como bônus lá embaixo, no final da postagem...são aqueles que não estão entre os melhores, mas não podem ser esquecidos. Espero que gostem e deem suas opiniões.

10º Lugar: POR UM FIO (Phone Booth, 2002)
Direção: Joel Schumacher

Colin Farrell vive Stu Shepard, um publicitário mal sucedido que encontra na mentira e na infidelidade uma maneira de sustentar sua existência. Enquanto está numa cabine telefônica ligando para sua amante (vivida por Katie Holmes), o protagonista é surpreendido por uma ligação de um serial killer estrategicamente posicionado que passa a pressioná-lo e a questioná-lo sobre sua conduta.

Por que assistir? O longa todo se passa dentro da cabine e, mesmo assim, não perde seu ritmo alucinante e sua tensão do início ao fim.

9º Lugar: O SEXTO SENTIDO (The Sixth Sense, 1999). Direção: M. Night Shyamalan

Cole Sear (Haley Joel Osment), um garoto com dificuldade de relacionamentos, é tratado pelo Dr. Malcolm Crowe (Bruce Willis), psicólogo infantil, que tem a missão pela frente de, além de tratar a suposta doença do menino, descobrir o segredo que ele guarda.

Por que assistir? Estreia de Shyamalan e de Haley Joel no cinema, o filme mantém escondida até a última cena a razão pela qual o roteiro existe. Genial!

8º Lugar: JANELA SECRETA (Secret Window, 2004). Direção: David Koepp

Em mais uma brilhante atuação de Johnny Depp, ele encarna o escritor Mort Rainey, que busca no campo a tranquilidade que necessita para trabalhar após a descoberta de traição de sua esposa. O que ele não esperava era a aparição de John Shooter, que o acusa ininterruptamente de plágio.

Por que assistir? Gosto de filmes que não são o que parecem. E se tratando de uma adaptação cinematográfica de um livro do Stephen King, podemos esperar qualquer coisa..não posso adiantar muito, mas vale a pena assistir, e se surpreender!


7º Lugar: O AMIGO OCULTO (Hide and Seek, 2005). Direção: John Polson.

Após enviuvar, David Callaway (Robert De Niro) resolve se mudar com sua filha, Emily (Dakota Fanning) para a casa de campo da família. Aos poucos, Charlie, o amigo imaginário da menina, começa a provocar coisas estranhas na casa. O que era pra ser uma amizade saudável, torna-se em perigo para toda a família Callaway.

Por que assistir? Para descobrir o potencial de Dakota Fanning no começo da carreira e ainda passar um pouquinho de medo junto do personagem de De Niro, que se mostra mais do que um pai protetor.

6º Lugar: A ORFÃ (Orphan, 2009)
Direção: Jaume Collet-Serra.

Esther (Isabelle Fuhrman) é adotada por um casal arrasado por um aborto espontâneo (vivido por Vera Farmiga e Peter Sarsgaard) e vira a irmã de Danny e da surda muda Maxine. Encantados pela polidez e cordialidade da garota russa, não imaginam o terror que terão de enfrentar ao seu lado.

Por que assistir? Adoro maldade infantil. Além de ser unusual, assusta mais do que se fosse um adulto cruel. Por meio de uma atuação brilhante, acompanhamos a assustadora transformação de Esther.

5º Lugar: INVASORES (The Invasion, 2007)
Direção: Oliver Hirschbiegel.

A psiquiatra Carol Bennell (Nicole Kidman) tem a missão de permanecer acordada em busca do filho, imune a um ataque alienígena que muta as pessoas durante o sono. Os infectados, que crescem e ficam imperceptíveis a cada minuto, não tem a capacidade de se expressarem, tornando-se completamente insensíveis. É uma verdadeira corrida contra o tempo!

Por que assistir? Além de possuir um roteiro espetacular, a obra traz uma Nicole Kidman brilhante no que faz. Reparem nos momentos em que a protagonista tem de fingir estar infectada.

4º Lugar: O ILUMINADO (The Shining, 1980)
Direção: Stanley Kubrick.

O isolamento excessivo de um hotel em meio as montanhas congeladas faz com que Jack Torrance (Jack Nicholson) se torne agressivo e bote em perigo a vida de sua esposa e filho que o acompanham no serviço de vigia daquele inverno no Colorado.

Por que assistir? Para acompanhar uma das melhores atuações de Nicholson e viver o medo que apenas uma obra de Stephen King pode oferecer.

3º Lugar: OS PÁSSAROS (The Birds, 1963)
Direção: Alfred Hitchcock.

A pacata cidade californiana de Bodega Bay é misteriosamente atacada por um bando de pássaros assassinos. Sem explicação plausível, a razão para os ataques é questionada até hoje pelos amantes da obra de Hitchcock. Um exercício de suspense como nunca visto anteriormente. Imperdível!

Por que assistir? Os efeitos especiais são grotescos se comparados aos de hoje, mas brilhantes e inovadores para a época. Além disso, mais uma vez Hitchcock se mostra habilidoso com enquadramentos, planos de câmera e com o intrigante roteiro.

2º Lugar: REBECCA, A MULHER INESQUECÍVEL (Rebecca, 1940). Direção: Alfred Hitchcock.

A 2ª Sra. De Winter (personagem sem nome vivida por Joan Fontaine) passa a sofrer a influência da sombra de Rebecca, a antiga esposa do Sr. De Winter (Laurence Olivier), morta há um ano. As comparações constantes fazem com que a verdadeira versão sobre a história da morte da protagonista venha a tona.

Por que assistir? Hithcock, em sua 1ª produção norte americana, faz com que tenhamos medo de alguém que não aparece uma vez sequer no filme...e se torne inesquecível.

1º Lugar: OS OUTROS (The Others, 2001)
Direção: Alejandro Amenábar.

Grace (Nicole Kidman) vive num casarão isolado pela neblina na ilha de Jersey com seus dois filhos. As crianças possuem uma rara doença, que os impede de se expor a luz solar. Por isso, vivem na escuridão total, cumprindo rígidas regras de conduta. Após a chegada de alguns empregados, estranhos acontecimentos irão revelar a verdade escondida no breu.

Por que assistir? Porque é aquele filme que te dá calafrios do começo ao fim, com um final de arrepiar (sem perder o ponto no roteiro, que é super bem amarrado)


BÔNUS

PLANO DE VOO (Flightplan, 2005)
Direção: Robert Schwentke.

Kyle Pratt (Jodie Foster) tem que provar a si mesma e aos tripulantes de um avião que não está enlouquecendo. Na viagem de Berlim à Nova York na qual leva o corpo do marido falecido, sua filha, Júlia, some repentinamente, sem vestígios. Apesar de tentarem convencê-la que a menina não embarcou, o coração de mãe da protagonista fala mais alto e tudo será pouco para que encontre a garota.

Por que assistir? Por que o filme consegue nos prender do começo ao fim, mesmo se passando apenas dentro de um avião.

SINAIS (Signs, 2002)
Direção: M. Night Shyamalan.

Graham Hess (Mel Gibson), antigo pastor do condado de Bucks, na Pensilvânia, mora com o irmão e dois filhos. Desde que sua esposa foi morta num atropelamento, passou a desacreditar em Deus e a não encontrar motivações para continuar vivendo. Repentinamente, a plantação da família passa a ser destruída por meio de estranhos e inexplicáveis sinais.

Por que assistir? Pois retrata a polêmica alienígena de maneira realista e assustadora, num momento em que aparições ocorriam no mundo todo.

SEVEN, OS SETE CRIMES CAPITAIS (Seven, 1995)
Direção: David Fincher


Dois policiais, um jovem e impetuoso (Brad Pitt) e outro maduro e prestes a se aposentar (Morgan Freeman), são encarregados de uma periogosa investigação: encontrar um serial killer que mata as pessoas seguindo a ordem dos sete pecados capitais. Para tanto, entram numa corrida contra o relógio e contra qualquer preconceito.

Por que assistir? A dupla Freeman e Pitt se mostra entrosada a ponto de conseguirem nos convencer de sua relação complicada no início, mas que (quase) se transforma numa amizade ao longo do quebra-cabeças que resolverão juntos.

No mês que vem volto com mais uma lista. Se quiserem sugerir um tema, fiquem a vontade. Enquanto isso, continuem acompanhando o TOP 1/3 e o 1/3 ESTREIA. Já já estreio outro projeto da lista, que pode ser vista na coluna da direita do blog, lá embaixo.

Abraços e beijos.

09 agosto 2010

TOP 1955 - Sindicato de Ladrões

O vencedor do Oscar 1955 é um filme sobre as obscuridades da máfia sindical na zona portuária americana, é um longa que explora os conflitos existenciais de um ex-boxeador que se vê dividido entre o amor ou a delação de seus “amigos” bandidos ou se trata de uma história de amor casual? Sindicato de Ladrões, um dos melhores trabalhos do diretor Elia Kazan, mistura as três vertentes narrativas (crítica social, crise psicológica e romance) num roteiro impecável por meio de um time interpretativo de peso.

Marlon Brando, ainda na sua época de galã, interpreta Terry Malloy, ex-boxeador e irmão caçula de Charles Malloy (Rod Steiger), braço direito de Johnny “Amigo” (Lee J. Cobb), magnata da indústria portuária, que comanda o fraudulento sindicato dos estivadores. Terry, assim como todos os trabalhadores e moradores da região, tem o direito de ficar quieto diante das irregularidades da associação, ou é castigado duramente pelos mesmos que deveriam estar zelando pela qualidade de vida laboral de cada um dos trabalhadores.

Acusado pelo pessoal da esquerda como estereótipo de um suposto mau caratismo de todos os sindicalistas (caráter político comumente utilizado por Kazan), o filme transcende a seriedade e agrada a todos com a tensão criada pelo diretor durante toda sua extensão. Depois de participar sem querer do assassinato de um delator do sindicato (armado pela gangue de Johnny), Terry percebe que não pode mais fazer parte daquele mundo corrupto e sanguinário, mas já é tarde demais para se afastar.

O protagonista conhece a irmã da vítima, Edie Doyle (Eva Marie Saint – em sua estreia no cinema, o que lhe rendeu o posto de melhor atriz coadjuvante), que está investigando a morte do irmão, e acaba se apaixonando pela garota. Além do encalço da polícia e das crises de consciência, encontra-se em Edie a razão mais forte para que Terry, como uma das únicas testemunhas oculares do que ocorre por trás do cais, desarme a máfia (merecidamente, Marlon Brando ganhou a estatueta de Melhor Ator em 1955)

A trilha sonora é um espetáculo a parte. Desde o primeiro minuto do filme, um universo de mistério, suspense e apreensão toma conta da obra, gerando no espectador medo do que vem pela frente. Mesmo optando apenas por locações externas, no próprio cais e nas docas, a fotografia (em preto e branco) é linda, o que constrasta com a crueldade do roteiro.

O ponto negativo é o exagero dramático do fim do longa. Bem ao estilo hollywoodiano de ser, o desfecho da história é presunçosamente inviável diante das possibilidades. Sem ser estraga-prazer, o fim caberia mais para uma novela da Rede Globo do que para um filme. Porém, esse detalhe não tira o posto de clássico absoluto do cinema e obra imperdível para todos os cinéfilos.

Destaque para a participação de Karl Marden, que interpreta o padre Berry, conciliador e ativista político da região. É por meio de seu incentivo que os trabalhadores prejudicados começam a se organizar e a lutar contra o sindicato. Prestem atenção também na relação pombo x gavião, alusão a submissão entre a turma de Johnny e os trabalhadores..genial!

Naquele ano, além do vencedor, concorreram a Melhor Filme: Mister Roberts, A Nave da Revolta (The Caine Mutiny), Sete Noivas para Sete Irmãos (Seven Brides for Seven Brothers), Amar é Sofrer (The Country Girl) e A Fonte dos Desejos (Three Coins in the Fountain).

SINDICATO DE LADRÕES (ON THE WATERFRONT)
LANÇAMENTO: 1954 (EUA)
DIREÇÃO: ELIA KAZAN
GÊNERO: DRAMA/ POLICIAL
NOTA: 9,6

06 agosto 2010

1/3 ESTREIA - A Origem

DiCaprio estreia seu mais novo e complexo personagem ao lado do diretor Christopher Nolan nesta sexta-feira. Após interpretar o confuso e teimoso Teddy Daniels em Ilha do Medo, conflitos da mente voltam a assolar o ator, desta vez por meio do protagonista de A Origem, o ladrão de ideias Dom Cobb. Seu ofício ultrapassa as capacidades humanas conhecidas, pois é do subconsciente de seus "clientes" (ou vítimas) que valiosos segredos são retirados e utilizados a favor da espionagem industrial. Já como fugitivo internacional, Cobb tem sua chance de redenção em seu último e decisivo trabalho: ao invés de roubar, tem a missão de implantar uma ideia.

Se for levar em conta todas as especulações, o filme promete ser inovador e digno do posto de um dos melhores produzidos desde o início do ano (lembrando que também é com Leonardo outro longa capaz de merecer esse posto, o perturbador Ilha do Medo).

A ORIGEM (INCEPTION)

LANÇAMENTO: EUA/ INGLATERRA (2010)
DIREÇÃO: CHRISTOPHER NOLAN
GÊNERO: AÇÃO/ SUSPENSE
VONTADE:
10,0

Além deste, estreiam hoje nos cinemas nacionais:

MEU MALVADO FAVORITO (Despicable Me) EUA, 2010. Diretora: Emily Atef. Vozes Originais: Steve Carell, Will Arnett, Julie Andrews.
VONTADE: 9,5

400 CONTRA 1
. Brasil, 2010. Direção: Caco Souza. Elenco: Daniel de Oliveira, Daniela Escobar.
VONTADE: 9,0

O ESTRANHO EM MIM (Das fremde in mir) Alemanha, 2008. Diretora: Emily Atef. Elenco: Susanne Wolff, Johann von Buelow, Maren Kroymann, Hans Diehl, Judith Engel, Dörte Lyssewski.
VONTADE: 6,0

QUANDO ME APAIXONO (Then She Found Me) EUA, 2007. Direção: Helen Hunt. Elenco: Helen Hunt, Bette Midler, Colin Firth.
VONTADE: 8,0

É isso aí pessoal!! Boa sessão para todos, um ótimo fim de semana e até a próxima sexta com mais novidades!


05 agosto 2010

TOP 1954 - A Um Passo da Eternidade

Recontados em 2001 de uma outra forma por Michael Bay, os dias que antecederam o ataque japonês à base havaiana de Pearl Harbor durante a Segunda Guerra ganharam sua maior visibilidade mundial no ano de 1953, quando o diretor Fred Zinnemann encabeçou a produção do clássico A Um Passo da Eternidade, longa que se comparou a E o Vento Levou pela quantidade de indicações e prêmios no Oscar (foram 13 indicações e 8 estatuetas).

A trama se divide entre os conflitos de três militares do Exército: 1 – O teimoso soldado Robert E. Lee Prewitt (Montgomery Clift), ex-boxeador, é transferido para o Havaí porque seu capitão tem a esperança de que ele ajude a equipe que está desfalcada. Porém, ele se nega a lutar, pois sofreu um trauma no passado que o afeta até hoje. A negação faz com que o capitão e os outros soldados o maltratem, quase o escravizem, abusando do poder que têm (o que funciona no filme como uma velada crítica ao funcionamento do exército americano). Quando enfim consegue um fim de semana de folga, conhece a prostituta Alma Burke (ou Lorene), interpretada por Donna Reed, por quem se apaixona e encontra forças para enfrentar seus algozes, sem nunca perder suas convicções (num belo trabalho de Clift!).

2 – O sargento Milton Warden (Burt Lancaster) protagoniza uma conflituosa história de amor com Karen Holmes (Deborah Kerr), esposa de seu capitão (e famosa por trair o marido, que não a satisfaz há tempos). A indecisão entre assumir publicamente o romance e perder seu cargo ou se transformar em oficial para poder se mudar para a Califórnia e viver feliz com a amada concedeu a Lancaster a indicação à estatueta de Melhor Ator naquele ano (mas quem levou foi William Holder, por Inferno nº 17), além de dar a oportunidade ao ator de participar de uma das cenas de amor mais marcantes do cinema (o beijo na areia da praia, enquanto as ondas molham o casal).
Curiosidade: Montgomery Clift também concorreu à Melhor Ator naquele ano.

3 – Por fim, podemos acompanhar o eixo de ligação entre as histórias, representado pelo soldado Ângelo Maggio (Frank Sinatra), italiano de temperamento esquentado, que encontra em seu caminho o sádico sargento James "Fatso" Judson (Ernest Bognine), responsável pela prisão do quartel. Quando Maggio é preso por insubordinção, tem de enfrentar seu inimigo, mas é o lado mais fraco da corda, para sua infelicidade.

Em todos os casos, o debate sobre a dualidade entre o amor pelo exército e questões pessoais é levantado e, no desfecho, observamos uma coerência entre o pensamento dos três protagonistas, independente das escolhas de cada um e das consequências geradas por essa predileção. As atuações são coesas, convincentes, porém não excepcionais (sem exceção). O destaque vai para o vencedor Burt Lancaster (merecidamente), que se mostrou pleno conhecedor da arte dramática, em um difícil papel.

Depois das inovações de Sinfonia de Paris (cores) e O Maior Espetáculo da Terra (ausência do The End), A Um Passo da Eternidade volta a ser preto e branco e a ser finalizado com a frase rotineira. O trabalho de fotografia é eficiente, através do qual podemos observar o belo litoral havaiano e nos surpreender pelas bem feitas imagens de bombardeio. Além disso, a sonoplastia ganha um brilho especial (porém tímido) com a presença de Frank Sinatra, que nos brinda com algumas canções em cenas de descontração dos soldados.

Quase totalmente desconexas de tudo que o filme mostrou do começo até as últimas cenas, as imagens do ataque aéreo japonês à base litorânea (que deveriam ser destaque no longa) ficam ofuscadas pelo desenrolar dos conflitos pessoais dos soldados, o que pode ser perfeitamente estratégia do diretor de não cair no clichê de produzir mais um filme sangrento de guerra, ou ineficiência do roteiro, que peca ao não linkar com eficácia as duas vertentes abordadas: a vida militar ea civil.

No Oscar 1954, concorreram a Melhor Filme juntamente com o vencedor: Júlio Cesar (Julius Caesar), Os Brutos Também Amam (Shane) e o maravilhoso A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday), de William Wyler.

A UM PASSO DA ETERNIDADE (FROM HERE TO ETERNITY)
LANÇAMENTO: 1953 (EUA)
DIREÇÃO: FRED ZINNEMANN
GÊNERO: DRAMA/ GUERRA/ ROMANCE
NOTA:
8,6

03 agosto 2010

TOP 1953 - O Maior Espetáculo da Terra

Considerado o pior longa entre os vencedores de Melhor Filme da história do Oscar, O Maior Espetáculo da Terra retrata a vida dos artistas de um grandioso circo americano que está prestes a falir. Seu gerente, o durão Brad Braden (Charlton Heston) tem a missão de, além de administrar os problemas das centenas de moradores que dividem a lona, se dividir entre o amor de Holly (Betty Hutton), a principal trapezista do circo, e as obrigações de seu ofício de líder.

Para salvar sua vida e a de seus amigos, Braden tem a ideia de contratar o grande Sebastian (Cornol Wilde), às no trapézio, que atrairia mais público e dinheiro. Para isso, tem que tirar Holly do picadeiro central, contradizendo a promessa feita a amada de que o posto seria definitivamente dela. O que ele não esperava era que, mesmo aceitando sua imposição, Holly não perderia tempo e se arriscaria mais e mais para chamar toda a atenção possível. É por meio desta competição entre ela e Sebastian que o filme encontra seu ápice nos trechos em que os dois trapezistas desafiam seus próprios limites a fim de um prestígio maior.

Holly também se apaixona por Sebastian e os dois, juntamente com Braden, protagonizam um estúpido e interesseiro triângulo amoroso, criado talvez para diversificar o roteiro, mas sem êxito direto. Falando em roteiro, ele é praticamente todo preenchido com suntuosas, porém insuportavelmente grandes apresentações circenses, desde números de malabarismos a esquetes de desanimados palhaços, sem falar nos monótonos desfiles temáticos. Parece que tudo ao redor das apresentações foi inserido no filme apenas para "encher linguiça", pois os diálogos e as situações que são criadas são desconexas e inúteis.

A trilha sonora e o trabalho de figurino é eficiente, o controle dos animais (leões, tigres, elefantes etc) e das centenas de figurantes é disciplinado e as imagens são deslumbrantes. Porém, o conteúdo dramático deixa muito a desejar e realmente concordo que, até aquele ano, O Maior Espetáculo da Terra é o pior filme ganhador da estatueta de Best Picture, principalmente por ter concorrido com clássicos do cinema como Matar ou Morrer (High Noon) e Depois do Vendaval (The Quiet Man), além do musical Moulin Rouge.

O filme é extremamente longo (são quase três horas de produção) e repleto de cenas massantes e repetitivas. É óbvio que quem curte a arte circense vai gostar muito mais do filme do que eu, que não admiro esse tipo de trabalho. Porém é inegável admitir que a trama dirigida por Cecil B. Demille, expert em mega produções e admirador da imagem em detrimento do texto, é marcante para o rol de obras relacionadas ao assunto.

O Maior Espetáculo da Terra é o terceiro vencedor a ser filmado em cores naturais através do Technicolor e traz uma inovação no 25º ano de premiação do Oscar: não há a inserção do The End no final da história. Sem revelar muita coisa, concordo com a escolha, uma vez que o fim marca um novo começo para os personagens.

OBS: Reparem na cena do acidente férreo, primor de direção e atuação, a cena mais brilhante e bem feita da obra.

O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA (THE GREATEST SHOW ON EARTH)
LANÇAMENTO: 1952 (EUA)
DIREÇÃO: CECIL B. DEMILLE
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 5,0

02 agosto 2010

TOP 1952 - Sinfonia de Paris

Quem ouve Gene Kelly, associa rapidamente o nome ao filme Cantando na Chuva, obra prima do ator, dançarino, diretor e produtor. Porém, ele teve uma vasta carreira, que incluiu um marco na história dos musicais: Sinfonia de Paris, longa vencedor de seis estatuetas no Oscar 1952, entre elas a de Melhor Filme, Direção de Arte, Fotografia, Figurino, Trilha Sonora e Roteiro Original.

Ao questionar conhecidos sobre a credibilidade dos musicais, recebi algumas respostas negativas, nas quais estava incluso o argumento de que o fato de, no meio dos diálogos, músicas serem interpretadas, deixa a produção inverossímel, falseia a trama, tornando-a superficial e descontínua. Concordo que, se não houver uma relação próxima entre o número musical e a história, a obra parece não fazer sentido, sendo que seria possível desvencilhar as duas coisas, sem que houvesse interferência.

Em Sinfonia de Paris, excetuando a parte final do longa, todas as músicas se encaixam perfeitamente na trama e ganham brilho ao relacionar de maneira exemplar (e contagiante) os diálogos entre os personagens e a cantoria. Apesar de receber muitos elogios, considero o trecho final de dança (de 17 minutos) cansativo e desnecessário. Sem desmerecer o talento de Gene e de Leslie Caron, protagonistas do número, e ciente de que, após “Sinfonia...”, todos os musicais posteriores seguiram o exemplo de incluir um grande número musicado como forma de exploração do potencial artístico da obra, não vi motivos suficientes (e importantes) para tamanha dedicação neste filme.

Durante a gigantesca dança final, Jerry Mulligan (Gene Kelly), pintor americano que resolve tentar ganhar a vida na cidade luz vendendo seus quadros, imagina como seriam possíveis obras em variados pontos da cidade, todos protagonizados por Lise Bouvier (Leslie Caron), vendedora numa loja de cosméticos. É que a garota acabou de deixá-lo para se casar com Henri Hank Baurel (Georges Guetary), amigo de Mulligan, com quem já era noiva antes de conhecer o pintor. Realidades absurdas são criadas pela imaginação saltitante do protagonista, que trancende na tela os seus sonhos amorosos.

Antes de chegar a tal ponto, o protagonista tem que se dividir entre a idolatria de sua assessora, a ricaça Milo Roberts (Nina Foch) e a paixão nutrida pela comprometida Lise. Como a pobreza em que vivia impedia que excluísse de vez a ajuda de Milo, teve que conciliar até onde pode o triângulo amoroso, sem saber que o maior risco vinha de um quarto elemento: o noivo da amada. O roteiro é simples (e não é tão oririnal a ponto de ter ganhado um Oscar), mas é alavancado pelo carisma de Gene, que parece deslizar sobre qualquer superfície, cantando e dançando como se sua arte fosse a coisa mais fácil do mundo (obs: adoro sapateado, e ao assistir o filme, além de querer aprender a sapatear, fiquei com vontade de tocar piano). O ator consegue transmitir através do personagem uma honestidade ingênua e charmosa e uma conduta politicamente correta como ninguém. Quanto a Lise, apesar de ser exímia na pista, é desengonçada e sem graça demais. A equipe de casting poderia ter escolhido uma atriz com um sex appeal um pouco mais aflorado.

Depois de 12 anos, é o segundo filme do rol dos vencedores e ser filmado com a tecnologia Tecnicolor, usada apenas em E o Vento Levou até então (e com menos eficácia que em Sinfonia..). Outro destaque é a forma com que os personagens se apresentam no início do filme: em uma espécie de diálogo entre o narrador e o espectador, offs de todos os destaques vão se revezando, ou seja, cada um se apresenta diretamente, e todas as descrições são amarradas num texto claro e eficiente (aliás, é importante reparar que já há alguns anos [e também nos seguintes] o off dos narradores/personagens é utilizado com muita frequência no início das produções norte americanas.

Uma ótima pedida para quem quer se divertir. Apenas isso! Não há aprofundamento nas questões levantadas pelo texto e alguns pontos do roteiro ficam sem explicação quando o filme acaba. Compensações: Ótima fotografia (colorida) de Paris, números musicais carismáticos e contagiantes e inovações na forma como se fazem musicais a partir desta produção.

Na contenda da Academia daquele ano, ainda concorreram os filmes: Quo Vadis, Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire), de Elia Kazan, e Um Lugar ao Sol (A Place in the Sun). Os dois últimos são clássicos antológicos do cinema (inclusive eram mais preferidos pelo público do que o vencedor).

OBS: Gene Kelly não recebeu o prêmio de Melhor Ator naquele ano (quem levou foi Humphrey Bogart, por Uma Aventura na África), mas em compensação foi contemplado com um Oscar honorário (super merecido).

SINFONIA DE PARIS (AN AMERICAN IN PARIS)
LANÇAMENTO: 1951 (EUA)
DIREÇÃO: VINCENTE MINELLI
GÊNERO: MUSICAL
NOTA: 8,0