06 março 2011

TOP 2003 - Chicago

Se me dão o direito de divagar e até ser um pouco petulante, acho que a Academia não pode conceder premiações para simplesmente alimentar sua política de compensações. Caso não tenha sido entendido, refiro-me às estatuetas lançadas nas mãos daqueles que não mereciam estar ali naquela ocasião, mas sim no ano anterior e, por motivo ou outro, foram injustiçados, tendo que aguardar mais doze meses para botar a mão no que, de direito, perderam. Essa prática, no entanto, é prejudicial para as obras que deixam de ser prestigiadas para dar lugar aos injustiçados, uma vez que, mesmo merecedoras, são relegadas ao limbo cinematográfico do esquecimento.

Na prática, pudemos acompanhar recentemente essa canalhice quando Colin Firth não levou o título de melhor ator do ano pelo trabalho soberbo que desenvolveu em Direito de Amar (2010), abocanhando, na última semana, a estatueta pela atuação não mais que decente no superestimado O Discurso do Rei. Outro caso ocorreu no biênio 2002/2003, quando Moulin Rouge – Amor em Vermelho perdeu para Uma Mente Brilhante no ano par, arrastando para 2003 a oportunidade de um musical – um dos gêneros mais esquecidos do cinema – renascer para o gosto do público e crítica. A vitória de Chicago como melhor filme corrobora a idéia de que produções medianas têm espaço no topo do pódio, mas só às custas de injustiças que vitimizaram filmes competentes.

Os eleitores reservaram para Chicago o excesso de 13 indicações, que renderam 6 estatuetas para a obra, incluindo Filme, Atriz Coadjuvante para Catherine Zeta-Jones, Figurino, Montagem, Som e Direção de Arte. Motivo provável? No ano anterior, o filme responsável por reviver o gênero musical, Moulin Rouge, levou apenas dois prêmios técnicos, deixando com um ranço de remorso os membros da Academia que, mesmo lidando com fortes concorrentes ao prêmio máximo na premiação de 2003, entregaram nas mãos de Chicago a estatueta-mor.

O Pianista (The Pianist), As Horas (The Hours), Gangues de Nova Iorque (Gangs of New York) e O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of The Rings: The Two Towers). Esses foram os adversários que não conseguiram bater o musicaleco passado nos anos 20 que conta a história de Roxie Hart (Renée Zellweger) e sua busca desenfreada por fama após assassinar o próprio amante. Na cadeia conhece a vedete Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones), que também busca absolvição por homicídio duplo (matou a irmã e o marido após descoberta de traição).

Juntas, e ainda acompanhadas pelo advogado charlatão Billy Flynn (Richard Gere), oportunista nato, as duas imaginam inúmeras (e até excessivas) situações que são musicadas e se transformam em números dançantes à la cabaré. Os sonhos frequentes povoam o imaginário das outras detentas, que entram na dança junto das protagonistas. E isso é Chicago: simplesmente uma reprodução do que víamos antes, nos anos 40 e 50, época de ouro dos musicais. Sem o minimo de preocupação em atualizar temas, estilos e ideias, é meramente assistível.

CHICAGO
LANÇAMENTO: 2002 (EUA)
DIREÇÃO: ROB MARSHALL
GÊNERO: MUSICAL
NOTA: 6,0

3 comentários:

Tô Ligado disse...

Nunca assisti Chicago. Sempre o peguei na prateleira mas o deixava de lado. Pretendo fazer isso sem falta ate o meio do ano.

Abraços

Alan Raspante disse...

Adoro musicais e até tenho o DVD de "Chicago". Mas é fato que o filme não merecia as estatuetas principais. Afinal, tinhamos 'As Horas' um filme espetacular na disputa!

Coisas da Academia.
[]s

Anônimo disse...

sou extremamente a favor da vitória de 'chicago'. muito bem desenvolvido, com um roteiro inteligente e atuações fantásticas...

http://filme-do-dia.blogspot.com/