30 julho 2010

1/3 ESTREIA - Salt

Quem é Salt?

Segundo especulações, a pergunta, slogan da divulgação do lançamento, procede ao longo da obra, que tem como protagonista a beiçuda Angelina Jolie, substituta de Tom Cruise, que era pra ser o verdadeiro Salt, mas saiu do projeto para estrelar Encontro Explosivo, com Cameron Diaz. Mudança radical, mas eficaz, já que para interpretar uma serelepe agente que apronta inúmeras peripécias para fugir dos antagonistas, a versatilidade artística e as caras e bocas de Jolie superam a enrijecida expressão de Cruise.

Evelyn Salt, acusada de ser uma espiã russa infiltrada na CIA, tem a missão de evitar a prisão, proteger sua família e provar sua inocência. Para tanto, dá uma de Jason Bourne, muda de visual incontáveis vezes, mata sem piedade e não para um minuto sequer ao longo das cenas de perseguição (que são maioria no filme). Sei que é meio clichê a Angelina atuar em projetos de ação, principalmente depois de provar ser ótima em dramas, como em A Troca, mas acho que vale a pena acompanhar mais essa aventura à la Sra. Smith (mas só em DVD. Prefiro gastar meu dinheiro com coisa melhor).

SALT
LANÇAMENTO: 2010 (EUA)
DIREÇÃO: PHILIP NOYCE
GÊNERO: SUSPENSE/ AÇÃO
VONTADE: 8,0


Também chegam aos cinemas brasileiros hoje:

PONYO – UMA AMIZADE QUE VEIO DO MAR (Gake no ue no Ponyo) Japão, 2008. Direção: Hayao Miyazaki. Gênero: Aventura. Vozes no original: Yuria Nara, Hiroki Doi, Jôji Tokoro.
VONTADE: 0

UM NOVO CAMINHO (Le dernier pour la route) França, 2009. Direção: Philippe Godeau. Gênero: Drama. Elenco: François Cluzet, Mélanie Thierry, Michel Vuillermoz.
VONTADE: 1,0

SONHOS ROUBADOS. Brasil, 2010. Direção: Sandra Werneck. Gênero: Drama. Elenco: Zezeh Barbosa, Nelson Xavier, Marieta Severo, Nanda Costa, Ângelo Antônio, Guilherme Dutra, Kika Farias, Amanda Diniz.
VONTADE: 0


Sexta-feira que vem mais novidades da telona. Bom fim de semana a todos e obrigado aos novos seguidores do 13 pela visita. Sejam bem vindos!



29 julho 2010

TOP 1951 - A Malvada

Hollywood considera como representantes de sua fase de ouro os grandes musicais, as megaproduções e as bilheterias arrasadoras que apareceram logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Um filme muito comentado pelas inovações técnicas experimentadas em sua produção, além do roteiro impecável e cativante, é o ganhador do Oscar de Melhor Filme em 1951: A Malvada, uma história de ascensão e queda no mundo das celebridades americanas.

Conhecido nos Estados Unidos como All About Eve, o longa acompanha a ascendência profissional de Eve Harrington (Anne Baxter) as custas de sua suposta motivadora: a atriz de sucesso Margo Channing (interpretada magistralmente por Bette Davis). Com a ajuda da esposa do produtor de Margo, a bondosa Karen Richards (Celest Holm), Eve consegue entrar no camarim de seu ídolo, contar-lhe sua triste história de vida e se infiltrar em sua casa como nova assistente e aprendiz.

Aos poucos, Eve vai se tornando arredia, e prova que é capaz de coisas inacreditáveis para tomar o lugar da badalada Margo Channing e se tornar uma grande estrela de Hollywood. O início do filme acontece na premiação da Sociedade Sarah Siddons, conquista desejada por todos os profissionais de teatro da Broadway na época. A vencedora, como é declarado desde o início, é a Srta. Harrington, pela atuação brilhante num espetáculo de Lloyd Richards, antigo produtor de Margo. Primeira inovação da película: o início é o fim. Só depois de sabermos que Eve é a vencedora desse prêmio de teatro é que voltamos um ano no tempo dramático e sabemos que ela era uma maltrapilha que gastava todo o dinheiro que tinha só para ver (todos os dias) o espetáculo de Margo.


A história da garota mal vestida e pedante já começa mal contada daí, mas a beleza e a delicadeza com que Eve trata todo mundo impede que vejam além de seus olhos. A própria Margo admite que não sabe o porquê, mas sabe que sente a necessidade de ajudar a pobre garota. O que ela nem desconfia é que para que sua astuta fã cresça na vida, ela própria vai ter que cair. O longa é repleto de toques de inveja, dissimulação, glamour e solidão, todos provocados por insinuações e situações criadas pela protagonista.


Inovação 2: Assim que Eve se levanta para receber o prêmio (no começo do filme), a imagem se congela e somos transportados para a ruela que circunda o teatro em que Margo faz sua turnê (um ano antes). A mesma imagem só se descongela duas horas e meia depois, quando já conhecemos “tudo sobre Eve” e conseguimos entender o porquê de todos ao redor (Margo, Karen, Lloyd e Bill Sampson, diretor da peça e marido de Margo) estarem com a cara de tacho que estão. Nunca um roteiro tinha sido ousado ao ponto de fragmentar-se desta maneira.

Quanto à interpretação do filme, as lindas e talentosas atrizes a dominam, fazendo com que a história fique mais atraente e misteriosa. O destaque vai para Bette Davis, com sua inquietação com a idade e a forma com que, paulatinamente, passa a desconfiar que Eve não é tão inocente como imaginava. Sabe aquele personagem fofo, meigo, que passa uma serenidade e confiança a todos que encontra, mas da mesma forma engana cruelmente, brincando com a desgraça alheia? Esta é Eve, que não conquistou o posto de Melhor Atriz daquele ano, mas convenceu muita gente de seu talento como enganadora.

A terceira inovação do longa se refere a era da cultura pop, que, apesar de só vir a se tornar febre nos anos 60 e 70, já engatinhava, como podemos perceber nos diálogos entre os protagonistas. A linha encabeçada por Andy Warhol futuramente se reflete em A Malvada por meio de referências a grandes astros do show business americano, teatros glamourosos de Nova York, grandes indústrias de sucesso e até à aparição de Marilyn Monroe em alguns trechos como candidata a atriz em uma das peças de Bill Sampson. A
aura desta produção, portanto, pode ser considerada metalinguística, no tocante em que desmascara a realidade das coxias, os mistérios escondidos pelas cortinas vermelhas. É a primeira vez que este tema é tratado com tal potência, inclusive com a premissa, implícita, da fragilidade que é a vida do entretenimento produz.


Porém, para vencer o Oscar e levar a estatueta para casa, A Malvada teve de concorrer com: As Minas do Rei Salomão
(King Solomon's Mines), Nascida Ontem (Born Yesterday), O Pai da Noiva (Father of the Bride) e o cultuadíssimo Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard), de Billy Wilder.

OBS: Assim como Titanic, A Malvada obteve o maior número de indicações ao Oscar da história: foram 14, com apenas quatro vitórias.

A MALVADA (ALL ABOUT EVE)
LANÇAMENTO: 1950 (EUA)
DIREÇÃO: JOSEPH L. MANKIEWICZ
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 9,0


28 julho 2010

TOP 1950 - A Grande Ilusão

Chegamos a metade do século XX. Antigas convenções tendem a ser substituídas por novos ideiais, crenças oriundas da vontade de que a modernidade venha, e que leve com ela pra longe modelos antiquados. No campo político, a democracia e o Estado livre são as meninas dos olhos dos visionários, aqueles que projetam para o futuro um país límpido, transparente, politicamente correto, literalmente.

Um desses sonhadores é o personagem que inspirou o diretor Robert Rossen a rodar A Grande Ilusão, radiografia da realidade política por trás dos palanques americanos (e perfeitamente adequado para se referir a qualquer governo). O protagonista em questão é Jack Burden (John Ireland), repórter por conveniência que tem a missão de acompanhar a campanha política de Willie Stark (Broderick Crawford), um honesto “caipira” (nas palavras do próprio Stark) que, indignado com a situação degradante em que se encontra a população carente, busca desmascarar os acordos suspeitos, os golpes e as tramóias da cúpula executiva do governo.

Para tanto, efetiva sua candidatura para governador do estado de Louisiana, mas não possui uma oratória persuasiva, o que o faz perder a eleição. Com a determinação de sempre, conta com a ajuda de Burden e alguns “amigos” para continuar no encalço dos manda-chuva e convencer o povo quem era possuidor da verdadeira força revolucionária que o local precisava. Em sua segunda tentativa, desta vez com uma postura ainda mais populista, consegue o tão desejado patamar, e é aí que as mudanças começam a acontecer.


Iludido pela oportunidade de contribuir para a qualidade de vida alheia, o bom Willie se deixa levar pelo papo dos políticos mais safos que faziam parte de sua equipe e acaba se tornando um deles, para sua própria infelicidade. Segundo o chefe de governo, “para se fazer uma omelete, deve-se quebrar alguns ovos”. Todos os dircursos pré-vitória acabaram, fazendo com que tudo que era importante desse lugar a ambição, ao egoísmo, a soberba, a omissão, a chantagem, a competição. As características opressivas dignas de condenação passaram a servir de mecanismos para que seus feitos pudessem ser realizados. É o caçador sendo fisgado pela sua própria armadilha.


Ainda moralista, o longa começa a dar sinais do cinema moderno, que busca conscientizar os espectadores através de exemplos de histórias que deram certo, ou não. O roteiro se mostra bem mais criativo que antes, os diálogos mais afiados, num ritmo que se afasta do tom teatralizado, há uma variedade maior de locações, uma trilha sonora mais sutil e interpretações mais reais, mais próximas de quem assiste. Deve ter impactado as pessoas na sua estreia.

Desde o nome da obra original, All The King's Men, já se revela a irônica referência ao tradicionalismo político norte americano ainda agonizante, que se aproximava de uma monarquia, pela não concessão de direitos iguais a todos e resolução dos casos por subornos, pagamentos omitidos, compra de votos etc. Que fique bem claro que o filme não é maniqueísta, uma vez que não idolatra os modernistas, nem muito menos crucifica os conservadores. Além da mensagem clara, há uma delicadeza em construir a linha tênue que divide a honestidade da corrupção surpreendente.

Além do vencedor, concorreram a Melhor Filme: O Preço da Glória (
Battleground), Quem é o Infiel (A Letter to Three Wives), Tarde Demais (The Heiress) e Almas em Chamas (Twelve O'Clock High).

OBS: Tamanha a repercussão e a atualidade de seu roteiro, A Grande Ilusão foi refilmado em 2006, tendo Sean Penn, Kate Winslet, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins e Jude Law como principais atores. Não assisti, mas dizem que não chega nem aos pés do original.

A GRANDE ILUSÃO (ALL THE KING'S MEN)
LANÇAMENTO: 1949 (EUA)
DIREÇÃO: ROBERT ROSSEN
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 8,0


TOP 1949 - Hamlet

Para quem não conhecia nenhuma obra de Shakespeare a não ser Romeu e Julieta, até que gostei da adaptação cinematográfica de Hamlet que ganhou como Melhor Filme no Oscar 1949. A produção é o primeiro longa estrangeiro a levar para casa a principal estatueta concedida pela Academia, além de ter sido pioneiro também por premiar seu diretor como Melhor Ator, fato repetido novamente apenas em 1997, com Roberto Benigni, por a Vida é Bela.


O responsável pelo feito é Sir. Laurence Olivier, diretor, protagonista, produtor, enfim, mil e uma utilidades dentro do set de filmagem, revelando um filme totalmente autoral, com toques pessoais e uma admiração sem tamanho pelo autor da peça homônima que resultou no roteiro da obra: William Shakespeare. Ao longo de sua carreira, Olivier ainda produziu, dirigiu e atuou em mais três adaptações da obra do escritor inglês. Aliás, fala-se que o longa é a adaptação mais fiel de Hamlet feita até hoje, seja no cinema, no teatro ou na televisão.

Traços evidentemente shakespeareanos, como a vingança, o drama exageradamente teatralizado, a quantidade surpreendente de mortes ao longo da história, a inveja e a crueldade marcam presença na trama, que narra a saga de Hamlet, príncipe dinamarquês, que busca se vingar de seu tio, assassino de seu pai (o rei) apenas para ocupar o cargo no trono (ele se casa com a rainha logo após a morte do irmão).


Hamlet descobre a tramóia do tio por meio da aparição do espírito do falecido rei, que o revela o que aconteceu e faz com que o filho jure que se vingará pela morte do pai. É a partir daí que o príncipe começa a mostrar do que é capaz para cumprir sua promessa. As falas usadas têm o estilo tradicionalmente rebuscado, sem nenhuma inovação linguística, mesmo estando há 300 anos de diferença de quando foram escritas por Shakespeare (propositalmente). Mesmo assim, nota-se a ironia e as segundas intenções presentes durante os diálogos, todos muito bem costurados para que a trama ganhasse a consistência dramática que possui.

Consistência teatral, diga-se de passagem. O filme passa a impressão de estarmos acompanhando uma peça de teatro filmada, seja pela movimentação quase que nula das câmeras durante as cenas, ou pelas expressões carregadas dos atores. Tudo bem que a carga dramática diante da crueldade de tudo o que acontece na vida daquele castelo deve ser grande, mas não exagerada como mostrada por Olivier neste filme. Para mim, o protagonista é o único que consegue trasmitir uma sutileza digna de quem é realmente bom (o cara é muito foda!), fugindo dos gestos e expressões caricaturais que os outros personagens acumularam durante a obra.

Apesar de já estarmos em 1948, parece que o filme foi feito bem antes, pois a imagem é horrivel, sempre com muita neblina e defeitos técnicos perceptíveis. O ritmo do longa é arrastado, sonolento e ainda mais monótono pelo acompanhamento de uma orquestra incasavelmente repetitiva (apesar de ser muito competente). Uma boa experiência para quem não conhece a obra de Shakespeare e nem tem saco para ler, mas está longe de ser um dos melhores filmes vencedores do Oscar.

Naquele ano, ainda concorreram a Melhor Filme: A Cova da Serpente (The Snake Pit), Sapatinhos Vermelhos (The Red Shoes), O Tesouro de Sierra Madre (The Treasure of the Sierra Madre) e Belinda (Johnny Belinda).

HAMLET

LANÇAMENTO: 1948 (REINO UNIDO)
DIREÇÃO: LAURENCE OLIVIER
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 6,5

23 julho 2010

1/3 ESTREIA - O Bem Amado

As estreias desta semana me deixaram indeciso entre qual iria dar destaque aqui no blog. Depois de muita reflexão, decidi que entre o terror Predadores e a comédia O Bem Amado, seria o filme nacional o felizardo a ocupar o topo da postagem e o texto de descrição.

Após adaptações no teatro e na televisão, chega às telonas a saga do prefeito Odorico Paraguassu para a construção de um cemitério público na cidade de Sucupira. Interpretado pelo excelente Marco Nanini, o líder político tem um desafio pela frente: fazer com que defuntos apareçam para que o cemitério tenha finalmente algum morador e possa ser inaugurado, porem ninguém morre na cidade. Além do protagonista, abrilhantam o filme: Matheus Nachtergaele, José Wilker, Zezé Polessa, Drica Moraes e Andréa Beltrão, entre outros.

Uma ótima pedida para quem curte cinema nacional de qualidade e boas comédias. Confesso que estou em déficit com os filmes brasileiros. Até agora ainda não vi Lula, O Filho do Brasil, Chico Xavier e nem Quincas Berro D’água. Como diria Boris Casoy, isso é uma vergonha!

O BEM AMADO
LANÇAMENTO: 2010 (BRASIL)
DIREÇÃO: GUEL ARRAES
GÊNERO: COMÉDIA
VONTADE:
10,0

Também estreiam hoje no circuito cinematográfico nacional:

PREDADORES (Predators) EUA, 2010. Direção: Nimród Antal. Gênero: Terror. Elenco: Topher Grace, Danny Trejo, Adrien Brody, Alice Braga, Derek Mears, Walton Goggins, Oleg Taktarov, Louis Ozawa Changchien, Laurence Fishburne.
VONTADE:
10,0

VENCER (Vincere) Itália, 2009. Direção: Marco Bellocchio. Gênero: Drama. Elenco: Giovanna Mezzogiorno, Filippo Timi, Michela Cescon, Corrado Invernizzi, Fausto Russo Alesi, Pier Giorgio Bellocchio, Paolo Pierobon.
VONTADE:
5,0

SEMPRE BELA (Belle Toujours) Portugal/França, 2006. Direção: Manoel de Oliveira. Gênero: Drama. Elenco: Michel Piccoli, Bulle Ogier, Ricardo Trepa.
VONTADE:
0

É isso aí...desculpem o sumiço nos blogs amigos, mas daqui a pouco tudo volta ao normal...obrigado pela visita de todos! Até semana que vem!

TOP 1948 - A Luz é Para Todos

Antes de dirigir obras consagradas pelo público e pela crítica, como Sindicato de Ladrões, Uma Rua Chamada Pecado e Vidas Amargas, Elia Kazan se aproveitou dos efeitos arrasadores da Segunda Guerra para lançar um de seus filmes mais polêmicos: A Luz é Para Todos, uma das primeiras experiências cinematográficas que tratou (sem hipocrisia) da questão do preconceito contra os judeus num estado que tinha como premissa a liberdade individual e a garantia de um futuro igualitário para todos os cidadãos (em suposto cumprimento a Declaração de Independência dos Estados Unidos).

Gregory Peck interpreta Philip Schuyler Green, um jornalista viúvo que conquista a oportunidade de escrever sua primeira história para a revista The New Yorker, e por isso se muda com sua mãe (Anne Ravere) e seu filho (interpretado por Dean Stockwell) da Califórnia para Nova York a fim do novo emprego. Quem sugere o tema do artigo é Kathy Lacey (Dorothy McGuire), sobrinha de John Minify, diretor editorial da revista e futura namorada de Green. Seguindo o conselho da amada, o jornalista aceita escrever sobre o anti-semitismo, fanatismo pregado por Hitler anos antes e, de uma certa forma, encarado como erro após o fim da Segunda Guerra, principalmente pelo estado liberal norte americano.


Para dar mais credibilidade ao seu texto e tentar se distanciar de inúmeros artigos anteriores que apenas abordavam superficialmente o problema, Green resolve se passar por judeu e viver na pele o que os excluídos sociais viviam. Ele sente como é não poder se hospedar em certo hotel, ter o filho espancado sob acusações de judeu porco, ou ainda sofrer pré julgamentos que colocam em cheque sua capacidade profissional ou a confiança que ele passa aos outros.


Para contrapor a relação de amor entre ele e Kathy, ela se mostra mais um espécime daqueles que se dizem contra o anti-semitismo, mas que não fazem nada além de ficarem indignadas com declarações pejorativas e discriminatórias. Ela é o retrato da porção de americanos que espalham o falso moralismo, mas que, camufladamente, velam o ódio que sentem pelo diferente. O filme tem seu prestígio por conseguir ser atual, já que a realidade do preconceito continua atualmente em todo mundo, sendo ele racial, étnico ou sexual.

Peck consegue trazer para a telona a determinação do jornalista, a precaução do pai e o amor do namorado de uma forma exemplar. Pode se dizer que ele é o alter ego de Kazan, que sofreu julgamentos após o lançamento de Gentleman's Agreement, nome original da obra, mais um elemento para completar o potencial irônico de seu longa. Preste atenção ao discurso de Kathy, que tenta explicar para Green que não é anti-semita, mas acaba se enrolando mais e demonstrando como o “acordo entre os cavalheiros” funciona.


Além de A Luz é Para Todos, concorreram à estatueta de Melhor Filme em 1948: Grandes Esperanças (Great Expectation), Rancor (Crossfire), Um Anjo Caiu do Céu (The Bishop's Wife) e De Ilusão Também se Vive (Miracle on 34th Street)

A LUZ É PARA TODOS (GENTLEMAN'S AGREEMENT)
LANÇAMENTO: 1947 (EUA)
DIREÇÃO: ELIA KAZAN
GÊNERO: DRAMA/ ROMANCE
NOTA:
8,6

22 julho 2010

TOP 1947 - Os Melhores Anos de Nossas Vidas

Depois de três horas de exibição, após ter acabado de assistir Os Melhores Anos de Nossas Vidas, ainda fiquei um tempo sem fazer nada, apenas pensando, refletindo no que o filme se propõe a instigar no espectador. Ironicamente, a trama conta o sentimento de despertencimento vivido pelos três protagonistas ao voltarem do front da Segunda Guerra para sua cidade natal. Obviamente, aqueles anos (1940 a 1945) estão longe de ser os melhores da vida de qualquer um que se envolveu na contenda mundial.

Al Stephenson (Fredric March), Fred Derry (Dana Andrews) e Homer Parrish (Harold Russell), respectivamente militares do Exército, Aeronáutica e Marinha (propositalmente), têm de enfrentar a crueldade social que o confronto bélico desencadeou em quem acompanhou de longe a disputa e os conflitos internos que impedem que tudo que viveram seja apagado da memória e a antiga vida volte ao normal. Explico o motivo de ter sido proposital a escolha das patentes: enquanto Derry e Homer têm mais problemas para resolver antes de se adaptarem completamente a nova vida, Al volta a trabalhar e ganhar dinheiro rapidamente e conquista a confiança da família sem muita dificuldade (uma simbologia ao fato de ele ter lutado em terra firme, enquanto seus companheiros cruzavam os céus e os mares, ou seja, não possuíam muita estabilidade).

À la Willian Wyler, que mais tarde dirigiria o gigantesco Ben-Hur, as grandes tomadas em cenas aéreas e travellings dignos de aplausos configuram o excelente trabalho de fotografia que compõe a obra, que ganhou a disputa de melhor filme com um dos longas mais aclamados no mundo: A Felicidade não se Compra, de Frank Capra. Como ainda não o assisti, não posso opinar se houve injustiça, porém dá pra intuir que era mais conveniente para a Academia premiar um filme que retratava a volta para casa de militares combatentes na guerra logo após o fim da disputa do que dar a estatueta a um longa natalino.

O primeiro protagonista, Al Stephenson, deixou a esposa (interpretada como ninguém por Myrna Loy), com quem é casado há vinte anos, e dois filhos pré-adolescentes em Boone, cidade cenário da obra. Ao voltar, depara-se com um rapaz e uma moça quase que irreconhecíveis e que não sabem nada da vida do pai, a não ser que passou muito tempo longe deles. Além de ter que reconquistar a confiança e amor dos familiares, tem de enfrentar os bancários do grupo financeiro de empréstimos em que volta a trabalhar, que se recusam a aprovar linhas de crédito a ex-militares, temendo calotes por falta de garantias. A interpretação firme, coesa e convincente de March fez com que recebesse o título de Melhor Ator naquele ano.


Já Homer, interpretado pelo Melhor Ator Coadjuvante Harold Russell, tem um desafio ainda maior: fazer com que todos o tratem de maneira justa, sendo que ele tem ganchos no lugar das mãos, que perdeu em batalha. A estranheza causada pelas próteses adaptadas, que chega até o espectador, funciona como peso desmotivador ao personagem, que se isola, tem medo de pedir a noiva em casamento e afasta todos de perto. Detalhe: o ator (estreante) realmente não possuía as mãos.

Por último, é a vez do capitão Derry, que sofre com o crescimento do desemprego após o fim da guerra. Sua esposa, com quem não conviveu muito antes de viajar, é uma capitalista desvairada, que o larga assim que se dá conta que não terá futuro – financeiro, ao seu lado. É ai que se apaixona por Peggy Stephenson (Tereza Wright), filha de Al, romance que direciona o desfecho da história. O entrelaçamento das três histórias de vida é o que dá charme ao longa, o que configura o efeito quantitativo de uma experiência negativa como uma guerra mundial. É um filme pacifista, que se utiliza de exemplos que poderiam perfeitamente ser reais para dar credibilidade a mensagem de que seria legal juntarmos nossas forças para evitarmos uma Terceira Guerra Mundial.

Concorreram à Melhor Filme no décimo nono Oscar: Henrique V (Chronicle History of King Henry the Fift with His Battell Fought at Agincourt in Fran), A Felicidade Não se Compra (It's a Wonderful Life), Virtude Selvagem (The Yearling) e O Fio da Navalha (The Razor's Edge).

OS MELHORES ANOS DE NOSSAS VIDAS (THE BEST YEARS OF OUR LIVES)
LANÇAMENTO: 1946 (EUA)
DIREÇÃO: WILLIAM WYLER
GÊNERO: DRAMA DE GUERRA
NOTA: 8,8

20 julho 2010

TOP 1946 - Farrapo Humano

O cinema começava a mostrar seu poder influenciador na sociedade num momento em que toda a população estava fragilizada com a Segunda Grande Guerra. Filmes de incentivo, de alegria, de manifestações pela vida saíam aos montes dos estúdios americanos, evidência incontestável de que o cinema, assim como qualquer outra espécie de arte, é contextual. Acontece que, diferentemente de tudo o que se esperava no Oscar 1946, um filme pessimista, crítico e até perturbador foi o vencedor do prêmio de Best Picture daquele ano.

Trata-se de Farrapo Humano, uma das obras primas de Billy Wyder, que durante toda sua filmografia tratou questões delicadas em suas obras. Dessa vez, o alcoolismo entrou na pauta de seu interesse, e ele o fez divinamente. De longe, é o melhor filme que retrata o assunto de maneira tão profunda, conscientizadora e sutil na história da sétima arte. Mesmo Farrapo Humano não tendo seu valor reconhecido de maneira justa, é um clássico indispensável para quem quer se inteirar sobre o cinema americano pós-guerra.

A história conta a degradante saga do escritor fracassado Don Birman em busca de uma dose de bebida durante um final de semana em que ficou sozinho na cidade enquanto o irmão vai para o campo. Após perder o emprego, todo o dinheiro que lhe restava e o crédito das pessoas que lhe rodeam, parece que uma certa obstinação em finalmente começar o livro que lhe salvará o deficit financeiro surge, porém logo é destruída pela crise de abstinência alcoólica que o assola.

Quem interpreta o protagonista doente é Ray Milland, numa das melhores atuações de sua vida cinematográfica, feito que lhe rendeu o posto de Melhor Ator daquele ano. Ele é a alma do filme, que certamente não seria o mesmo sem seu realismo, sua presença em cena e sua capacidade fascinante de convencimento. Após passar pelas situações mais aterradoras que o excesso de bebida pode causar, o ator realmente chega a uma situação em que ser chamado de farrapo é talvez um elogio.

O fim de semana perdido (nome original em inglês do longa) era para ser um divisor de águas na carreira de Birman, já que ele havia reservado os dois dias para iniciar seu futuro sucesso literário. Para tanto, seu irmão, Nick Birman (Phillip Terry) e sua namorada, Helen St. James (Jane Wyman) preparam tudo para que a recuperaçao se dê com sucesso. Além de acabar com o crédito de Don nos bares da redondeza, combinam que irão passar o fim de semana na tranquilidade da casa de campo da família.

Mas Don tem uma profunda recaída e fica sozinho na cidade. Apesar de por inúmeras vezes sentar em frente a máquina de escrever, toda e qualquer inspiração é bloqueada e a partir daí passa a penhorar seus bens, implorar por qualquer bebida, acaba sendo internado, passa a ter alucinações, enfim, vive na pele todas as consequências do vício.

Ótimo roteiro, bela atuação, boas tomadas aéreas da cidade, eficiente trabalho de arte visual nas alucinações do alcoólatra. Um preciosismo do cinema antigo que deve ser conferido de qualquer modo. No mesmo ano, ainda concorreram: Quando Fala o Coração (Spellbound), OS Sinos de Santa Maria (The Bells of St. Mary's), Marujos do Amor (Anchors Aweigh) e Alma em Suplício (Mildred Pierce).

OBS: Detalhe – Segundo boatos, as indústrias de bebidas alcoólicas estadunidenses ofereceram cinco milhões de dólares para que a Paramount não realizasse o filme.

FARRAPO HUMANO (THE LOST WEEKEND)
LANÇAMENTO: 1945 (EUA)
DIREÇÃO: BILLY WYDER
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 8,2

19 julho 2010

TOP 1945 - O Bom Pastor

Misto de drama, comédia e musical, O Bom Pastor ganhou não apenas a estatueta de Melhor Filme no Oscar de 1945 como também o coração de muita gente. É que o filme é daqueles que dá gosto de assistir por possuir vários fatores que atraem a atenção do público e fazem com que sempre fique aquele gostinho de quero mais. Num estilo à la Frank Capra (que eu adoro), o diretor Leo McCarey trabalha com um assunto polêmico até hoje de uma maneira super tranquila.

A trama conta a história do Pe. Chuck O'Malley, interpretado por Bing Crosby, um dos mais populares cantores dos EUA nas décadas de 30 e 40, que chega a falida pároquia de St. Dominique para dar um novo fôlego ao trabalho realizado há 45 anos pelo Pe. Fitzgibbon (papel que fez com que, pela única vez na história da Academia, um ator [Barry Fitzgerald] concorresse nas categorias Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante ao mesmo tempo).

O que o antigo pároco, e todo o povo da cidade não suspeitavam, era que o novo assistente era um sacerdote muito “moderno”, com uma postura e uma mentalidade progressista e de combate ao conservadorismo da Igreja Católica. Para ele, há a necessidade de se ter momentos de descontração, seja cantando ou jogando golfe, que fujam da insistência de Fitzgibbon para que tudo em sua vida seja relacionado ao sacerdócio (faz 30 anos que ele não vê sua mãe pois acredita que perderá tempo viajando quando poderia estar tentando reerguer a paróquia). Suas ações são muito criticadas, porém ao longo da história, vão se tornando símbolo de eficiência cristã.

O'Malley consegue reunir uma gangue de rua num coro de canto gregoriano, fez com que uma moça solteira que fugiu de casa (caso perdido na época) encontrasse o homem ideal e constiuísse uma família, arrumou dinheiro para a construção da nova igreja (depois de um incêndio) através da gravação de uma de suas músicas, enfim, foi conquistando a confiança de toda a população, mesmo sendo totalmente diferente da maioria dos outros padres que por ali passaram.

Atenção as cenas musicais, pois elas são surpreendentes. Crosby canta e atua muito bem, com uma interpretação cativante e convincente. Acho que mesmo os religiosos mais conservadores da época que assistiram o filme passaram a se questionar sobre possíveis mudanças dentro do clero.

O longa é moralista, faz com que todos acabem concordando com o final da história e mesmo aqueles que foram cabeça-duras o filme todo amoleçam diante do desenrolar das cenas. O mérito do filme está em ser tipicamente cheio de juízo de valor, mesmo tratando de um tema estritamente polêmico como é a conduta dos padres. Só por esse feito, o diretor já merece os parabéns.

Naquele ano, concorreram à Melhor Filme: À Meia Luz (Gaslight), Pacto de Sangue (Double Indemnity), Desde que Partisse (Since You Went Away) e Wilson.

O BOM PASTOR (GOING MY WAY)
LANÇAMENTO: 1944 (EUA)
DIREÇÃO: LEO MCCAREY
GÊNERO: DRAMA/ MUSICAL
NOTA: 8,0

18 julho 2010

TOP 1944 - Casablanca


Depois de assistir Casablanca, fiquei com medo. Sério! Fiquei com medo de escrever aqui no 1/3 que não gostei muito do filme diante de uma imensidão de opiniões contrárias. Pelos fóruns de cinema da Internet, descobri que todos gostam dele. Cheguei até a duvidar da minha capacidade de analisar cinema. Afinal, pergunto a vocês: qual é a grande qualidade desse suposto longa imbátivel?

Considerado o segundo melhor filme da história (superado apenas por Cidadão Kane), Casablanca é um filme “pequeno”, diante das superproduções hollywoodianas que começavam a despontar, não possui cenas externas, ainda é preto e branco e tem um roteiro que, para mim, não é super inovador como apontam os críticos. Apesar de admitir que a forma como foi dirigido e editado permanece até hoje como referência para o cinema contemporâneo, acredito que Casablanca é superestimado em demasia.

Humphrey Bogart (em sua primeira participação no TOP 1/3) é Rick Blane, dono do Café Rick’s, localizado na cidade de Casablanca, no Marrocos francês. A localidade funciona como rota de fuga para os que querem se livrar do nazismo e tentar uma nova vida na América. O mercado negro local funciona como disponibilizador de passes, documentos que dão acesso à Lisboa, para que então os viajantes possam trilhar sossegados para a salvação americana. Mas para Rick é diferente. Sua ambição é continuar com seu negócio em Casablanca, ganhar dinheiro e esquecer Ilsa Lund (Ingrid Bergman), antigo amor parisiense que simplesmente o deixou, sem nenhuma justificativa.

Para sua surpresa, um dos mais ferrenhos combatentes do nazismo, Victor Lazlo (Paul Henreid), refugiado de quase toda a Europa, surge em Casablanca, a fim de arranjar uma carta de liberdade para fugir para o Novo Mundo com sua esposa, uma linda e adorável loira chamada Ilsa Lund. O primeiro encontro dos dois após a separação em Paris se transforma em uma linda cena, na qual a sutileza e o mistério (já que o espectador não sabe o porquê de tamanho constrangimento entre eles) permeiam as falas.

Já que Lazlo não consegue comprar seu passaporte para a liberdade no mercado clandestino da cidade e Rick é detentor de um passe para Lisboa, ele e Ilsa passam a insistir para que o ex-amante dela venda o papel para os dois. O impasse de todo o filme é: se Rick der ou vender o passe, ficará sem Ilsa, que irá embora com Lazlo. Se ele se recusar, Lazlo será morto e Ilsa ficará infeliz, já que ele percebe que ela ama o marido (e também o ama, fato comprovado numa declaração de amor da protagonista, quando ela o conta porque o deixou em Paris).

Para piorar, Rick tem que se desfazer do passe, uma vez que ele é o principal suspeito de estar com o documento (que era de um rebelde morto pela polícia). Por falar nisso, os diálogos entre Rick e os guardas (alemães ou franceses) é de uma inteligência irônica surpreendente, e como eu adoro ironia, foram os momentos mais memoráveis do filme para mim. Sem dar lição de moral no final (mania feia dos filmes antigos [e de alguns novos também]), o roteiro de Casablanca supera o egoísmo do homem apaixonado e a covardia do soldado com medo da morte e apresenta uma história comovente (mesmo achando que a atuação de Humphrey não foi lá aquelas coisas) de duas pessoas que se amaram no passado e que tentam encontrar formas de manter esse amor.

A trilha sonora é deslumbrante. “As Time Goes By”, canção composta especialmente para a ocasião, é a cara do longa, tem sua essência, representa a emoção das lembranças de uma história de amor e a melancolia de uma possível separação. É um amor impossível? Eu diria que não, nem mesmo nas circunstâncias externas em que os personagens se encontravam, porém, como bem disse Rick na última cena: “Nós sempre teremos Paris!”.

Outras falas, expressões e cenas do filme superaram a passagem dos anos e foram sendo transmitidas de geração em geração, até chegarem aos cinéfilos contemporâneos. São algumas delas: “Play it again, Sam”, pedido de Rick para que seu pianista tocasse As Time Goes By novamente; “Não costumo fazer planos a longo prazo”, que demonstra a falta de perspectiva de Rick diante de seu futuro; “Eu me lembro de todos os detalhes. Os alemães vestiam cinza e você, azul”, fala saudosista de Ilsa para Rick; “Tantos bares, em tantas cidades em todo o mundo, e ela tinha que entrar logo no meu”, lamento de Rick ao acabar de se encontrar com Ilsa; “Isso foi o barulho de um canhão ou o meu coração que deu um salto?”, num flashback dos momentos vividos em Paris; “Beije-me. Beije-me como se essa fosse a última vez”, na despedida dos amantes; e talvez a expressão mais copiada e usada diariamente pelas pessoas: “Isso é o começo de uma grande amizade”, a última fala do longa, dita por Rick ao policial que o ajudou.

Parece que eu elogiei bastante o filme, mesmo com o desânimo do começo do texto, né? É, eu tenho que admitir que esse tal de Michael Curtiz (o diretor) conseguiu o que muitos tentaram: fez escola, ensinou a seus sucessores o que é cinema de qualidade e como é possível transformar uma boa história em uma produção inesquecível. Acho que o problema é que minha expectativa era muito grande. A culpa é minha. O filme é indispensável a quem curte cinema, ele não é ruim e não deve ser perdido sob nenhum pretexto.

Naquele ano, concorreram com Casablanca (sem nenhuma chance de vitória): Consciências Mortas (The Ox-Bow Incident), A Canção de Bernadette (The Song of Bernadette), Por Quem os Sinos Dobram (For Whom the Bell Tolls), O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait) e Nosso Barco, Nossa Alma (In Which We Serve).

CASABLANCA
LANÇAMENTO: 1943 (EUA)
DIREÇÃO: MICHAEL CURTIZ
GÊNERO: DRAMA/ ROMANCE
NOTA: 8,0

17 julho 2010

TOP 1943 - Rosa de Esperança

A 15ª premiação da Academia mais uma vez reduziu o número de indicados a Melhor Filme, fazendo com que apenas cinco produções concorressem. Além do vencedor, Rosa de Esperança (Mrs. Miniver), entraram no páreo os filmes Ídolo, Amante e Herói (The Pride of The Yankees), A Canção da Vitória (Yankee Doodle Dandy), Soberba (The Magnificent Ambersons) e Na Noite do Passado (Random Harvest).

O nome (nada fiel ao original em inglês) do vencedor gira ao redor da vida da britânica Kay Miniver, interpretada magistralmente por Green Garson, e sua família, que se vê abalada pelas consequências de uma guerra mundial que acabava de começar e prometia grandes estragos em todo o Reino Unido e no mundo. É o primeiro vencedor do Oscar a retratar a Segunda Guerra Mundial e a única produção da história da academia a ser declaradamente propagandística. Os Estados Unidos estavam indecisos se entrariam ou não na Guerra e, por isso, foi encomendado a Sir. William Wyler (o diretor) um longa otimista sobre a disputa bélica que incentivasse os americanos a se aliarem aos aliados, grupo no qual a Inglaterra estava inserida.

O resultado é um filme que a todo momento busca relembrar os espectadores que, independente das consequências que a guerra traga, é indispensável que não haja desistência e que os esforços sejam unidos para que o inimigo perca. Nada pacifista, o roteiro do longa manda o filho (Vin Miniver [Richard Ney]) e o marido (Clem Miniver [Walter Pidgeon]) da Sra. Miniver para a guerra e ainda faz com que a protagonista seja interceptada por um inimigo alemão armado enquanto estava sozinha em casa. Além de tudo isso, a casa dos Miniver é destruída e algumas mortes de pessoas queridas ocorrem ao longo da trama.

A rosa propriamente dita entra como o símbolo de esperança dentro do clima pesado que a guerra traz ao lugar. Batizada como Mrs. Miniver, a flor cultivada pelo sacristão da cidade, o Sr. Ballard (Henry Travers) entra na competição de rosa mais bonita do local. A flor funciona como uma espécie de fio condutor que encontra seu auge do positivismo no sermão do padre do vilarejo que encerra o longa. Nele, palavras de liberdade, patriotismo e esperança se juntam ao cenário da igreja destruída para conferir à produção sua função principal: a propaganda da guerra.

Apesar do roteiro bem montado, das boas interpretações (o que garantiu a Green Garson o prêmio de Melhor Atriz) e de uma eficiente trilha sonora, fico me perguntando se a Academia premiou o filme simplesmente por ele ter sido bom (o que era de se esperar) ou outros fatores pesaram na hora da decisão (se até a produção foi comprada, imaginem a premiação). Não deixem de reparar que, abaixo do The End, há uma mensagem que pede verbas para o fundo de investimento de guerra dos Estados Unidos.

ROSA DE ESPERANÇA (MRS. MINIVER)
LANÇAMENTO: 1942 (EUA)
DIREÇÃO: WILLIAM WYLER
GÊNERO: DRAMA/ GUERRA
NOTA: 6,5

16 julho 2010

1/3 ESTREIA - À Prova de Morte

A segunda metade do projeto GrindHouse, idealizado nos anos noventa pelos diretores de cinema Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, chega hoje às telonas brasileiras. O feito é uma homenagem aos longas de terror trash dos anos 70, nos quais o crescimento da cultura pop americana começava a interferir e formar um estilo único, do qual Tarantino se aproveita em todas as suas produções. Depois de Planeta Terror, metade de Rodriguez no projeto, foi a vez de, em 2007, Tarantino lançar sua parte.

Não me perguntem o porquê, mas só agora o Brasil resolveu estrear À Prova de Morte por aqui (talvez pelo megasucesso de Bastardos Inglórios, que foi feito depois do estreante e um dos mais cotados a Melhor Filme do ano passado). Cheia de simbolismos e influências (como de costume nos filmes de Tarantino), a trama conta a história do dublê misógino (aquele que odeia mulheres) Stuntman Mike (Kurt Russell), que turbina seu carro e sai pelas estradas americanas caçar vítimas, literalmente. Seu automóvel funciona como sua arma, seu poder, um complemento fálico que afirma sua masculinidade impenetrável. Através de referências ao culto aos carros e a exploração erótica feminina, o diretor apresenta uma ação/terror/aventura que cultua os filmes B, mas que de B não possui nada.

À PROVA DE MORTE (DEATH PROOF)
LANÇAMENTO: 2007 (EUA)
DIREÇÃO: QUENTIN TARANTINO
GÊNERO: AÇÃO/ SUSPENSE/ TERROR
VONTADE: 10,0

Hoje também estréiam:

ENCONTRO EXPLOSIVO (Knight & Day) EUA, 2010. Direção: James Mangold. Gênero: Ação/ Comédia. Elenco: Tom Cruise, Cameron Diaz.
VONTADE: 7,0

O GRÃO. Brasil, 2008. Direção: Petrus Cariry. Gênero: Drama. Elenco: Leuda Bandeira, Veronica Cavalcante, Nanego Lira.
VONTADE: 8,0

Pessoal, obrigado pelos comentários. É muito bom saber que alguém tem a paciência de ler as coisas que escrevo (nem sempre legais). Bom final de semana a todos.

15 julho 2010

TOP 1942 - Como Era Verde Meu Vale

A única frustração ao assistir o vencedor do Oscar de Melhor Filme de 1942, Como Era Verde Meu Vale, é não conseguir ver se o vale realmente era verde ou não, já que a produção é preta e branca. Fora isso, o filme favorito do diretor John Ford (segundo boatos) é de uma graciosidade tamanha que ultrapassa os limites temporais e consegue ser atual e emocionante até hoje. A trama acompanha a infeliz trajetória da família galesa Morgan, desde o auge do vilarejo que moram nas montanhas, até sua decadência, simbolizada magistralmente pela invasão do negrume da fumaça da mina de carvão geradora da economia local que invade as vidas dos moradores.

É o primeiro filme do TOP 1/3 que trabalha com narrador-personagem em off, com as falas que permeiam quase todas as cenas. O protagonista em questão é Huw Morgan, senhor de sessenta anos que inicia o filme lamentando a velocidade com que sua vida passou e se preparando para deixar o vale em que morou durante sua existência. Percebe-se um local judiado pelo tempo, as pessoas velhas, tristes, amarguradas e o que sobrou da mina de carvão expelindo uma espessa fumaça que invade o lugar a o coração das pessoas.

É a partir daí que passamos a acompanhar as lembranças de Huw cinqüenta anos antes. Interpretado pelo ator mirim Roddy McDowall, o protagonista descreve como era a vida calma e feliz de sua família e de seus vizinhos e como a concorrência econômica gerada pelo desequilíbrio da lei da oferta e procura passa a preocupar o mundo e afetar até as mais pacatas regiões. Com um toque político, a união sindical começa a despontar e é tratada na obra, uma vez que o pai e os irmãos de Huw se organizam para cobrar melhores condições trabalhistas do Sr. Evan, dono da mina de carvão.


As atuações são ótimas, com destaque para os pais da família, interpretados por Walter Pidgeon e Sara Allgood. O conservadorismo da sociedade rural é demonstrado pelo cotidiano regrado dos moradores e pela rígida educação imposta pelo patriarca Gwilyn Morgan aos seus sete filhos. Ao longo das duas horas de filme, várias histórias que envolvem os pais, os filhos, o pastor da cidade e os trabalhadores da mina são narradas cronologicamente, a fim de mostrar ao espectador a evolução (negativa) do local e das pessoas que nele habitam. A maior simbologia do filme é uma espécie de despigmentação nostálgica que embute valores às cores, sendo o verde do vale a felicidade e a lembrança de uma época próspera e o cinza da fumaça da mina a tristeza de uma família (que representa toda a sociedade) desiludida e sem esperanças de um futuro saudável.

O belo trabalho de fotografia (que exibe falsas montanhas galesas, uma vez que as locações são americanas) rendeu ao longa cinco Oscars (inclusive de Melhor Fotografia em Preto e Branco) e a vitória sobre Cidadão Kane, considerado por muitos o melhor filme de todos os tempos. O motivo? Talvez o fato de a obra máxima de Orson Welles ter seu valor reconhecido apenas futuramente ou o conservadorismo da Academia ter se sobressaído sobre todas as inovações cinematográficas apresentadas por Cidadão Kane.

Nesse ano, além dos dois longas supracitados, concorrereram à estatueta de Melhor Filme: A Porta de Ouro (Hold Back the Dawn), Flores do Pó (Blossoms in the Dust), Suspeita (Suspicion), Pérfida (The Little Foxes), Sargento York (Sargeant York), Relíquia Macabra (The Maltese Falcon), Que Espere o Céu (Here Comes Mr. Jordan) e Com o Pé no Céu (One Foot in Heaven).

COMO ERA VERDE MEU VALE (HOW GREEN WAS MY VALLEY)
LANÇAMENTO: 1941 (EUA)
DIREÇÃO: JOHN FORD
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 8,0

14 julho 2010

De Frente com Eles

Nossos ídolos nos ensinam lições que ficarão para sempre como mandamentos a serem cumpridos. São através de seus exemplos que firmamos nossa personalidade, que definimos nosso estilo, que orientamos nossas escolhas. Se perguntarem quem são meus ídolos, ficaria um certo tempo citando pessoas que me inspiram nas mais variadas áreas do conhecimento (seja na música, no cinema, na teledramaturgia, na oratória, na inteligência, na ética, na beleza, e assim por diante). Não há indivíduo perfeito, mas há pinceladas de perfeição nas ações daqueles que sigo.

Como bom aspirante à comunicólogo que sou, tenho atenção redobrada àqueles que se utilizam da palavra e da eloqüência verbal para tentarem convencer, para formar opiniões, para se exporem enquanto questionadores. Sem me esquecer de citar figuraças da arte da entrevista, como David Latterman, Leda Nagle, Roberto D’ávila e Heródoto Barbeiro, uso a postagem de hoje para comparar os dois mais competentes entrevistadores da televisão brasileira atualmente: Jô Soares e Marília Gabriela.

Jô já consolidou seu espaço na TV Globo com sua irreverência, espontaneidade e carisma típico do seu programa influenciador, o David Latterman Show, do GNT. Sua principal habilidade, vide opinião dos críticos de plantão, é a capacidade de ser mais importante que seu entrevistado, transformando seu programa em atração de entretenimento, em contraposição ao de seus colegas jornalistas. A origem na comédia faz com que, além de seu vasto conhecimento, Jô Soares possa descontrair com quem é que beba de sua caneca. Um convite para participar de suas “entrevistas” é gênero raro de luxo e é capaz de alavancar qualquer carreira fracassada.

Marília Gabriela, ou Gabi, encontra de frente em seu estúdio negro personalidades de todas as áreas e atuações, a fim de valorizar o conhecimento. Salvas as exceções, nem o entrevistado, nem a entrevistadora brilham mais que a informação, o motivo principal de fazer com aquela pessoa seja convidada a ser entrevistada. Com origem no jornalismo, Gabi tem um programa semanal no GNT e, desde o mês passado, passou a comandar o De Frente com Gabi no SBT, todos os domingos, à meia noite. Estou acompanhando todas as edições de seu programa na emissora do Baú e Gabi foi capaz de variar de assunto em todos os finais de semana, levando a Hebe, o Ronaldo Fenômeno, o Pe. Fábio de Melo, o governador Aécio Neves e a sexóloga Carmita Abdo.

A maior qualidade da entrevistadora é a sutileza em questionar o que de mais polêmico haja, sem que a vítima fique constrangida ou acuada. O enorme conhecimento adquirido ao longo de mais de três décadas de carreira garante segurança e domínio do assunto. O famoso bate bola foi insistentemente copiado por muita gente ao longo dos anos. Mesmo que hoje assista seu programa mais por ela do que pelo entrevistado, Gabi continua a ter uma postura imparcial, equilibrada e dando o maior – e devido espaço, a quem mais interessa para o telespectador: o entrevistado e o que ele tem a dizer.

Jô Soares, juntamente com o colega de Globo Faustão, está no rol dos interrompedores de entrevista, ou seja, aqueles que não deixam seu convidado falar, ou porque mudam o caminho da entrevista, ou porque acham que uma história pessoal (e muitas vezes desconexa do assunto principal) tem mais importância para quem assiste do que as do entrevistado. Além deste detalhe, é por meio do mordomo chileno Alex e do sexteto que Jô transforma o que era para ser um programa jornalístico de entrevista em show televisivo.

É evidente que faltam espaços para que a arte e a técnica da entrevista sejam valorizadas na televisão, e que os poucos que existem não estão acessíveis a grande população (pelo horário, que facilita a despreocupação com a audiência) e pela acumulação em canais fechados e/ou alternativos, longe de chamarem a atenção de quem se concentra preso nos primeiros números do controle remoto.

09 julho 2010

1/3 ESTREIA - Shrek Para Sempre

Esta semana o amistoso ogro Shrek e sua turma estreiam a última parte de sua aventura pelo mundo da animação. O esposo de Fiona, depois de arrumar problemas com o rei anão, com os pais da noiva e com todo o reino de Tão Tão Distante, tem de enfrentar as peripécias do duende Rumplestiltskin, com quem assina um pacto de quebra de protocolo, já que está entediado com a nova vida que anda levando (só dando autógrafos e sem nenhuma aventura). Preso numa realidade onde ogros são caçados e o duende enganador é o novo rei do vilarejo, só resta a Shrek reunir sua trupe e enfrentar mais essa aventura (desta vez a última) para provar do que é capaz.

Com o diferencial da tecnologia em três dimensões, as especulações de que o roteiro possa estar fragilizado pelo peso da tetralogia ganham um fôlego a mais para se manter firme junto à crítica, já que, pela repercussão internacional do longa, a história do ogro já agradou (e muito) o público.

Tenho um carinho especil pelo Shrek, já que minha primeira visita ao cinema (em 2002, quando tinha 12 anos) foi para assistir o lançamento em animação mais esperado pelo ano. Viajei com a escola para a cidade vizinha (que tinha cinema) e lembro que gastei um montão de dinheiro (dentro da minha visão do que era bastante) para vivenciar a sensação de se assistir um filme numa telona. Oito anos se passaram, me apaixonei pelo cinema, sei muito bem qual é a sensação de se estar numa sala escura e semana que vem levo meu irmão (que aos sete anos vai pela primeira vez a um cinema) para assistir a quarta parte da história do personagem responsável pela minha primeira vez (que eu não esqueço). Assim como diz o título, o Shrek para mim vai ficar para sempre.

SHREK PARA SEMPRE (SHREK FOREVER AFTER)
LANÇAMENTO: EUA (2010)

DIREÇÃO: MIKE MITCHELL
GÊNERO: ANIMAÇÃO/ COMÉDIA
VONTADE:
9,0

Além deste, estreia hoje no Brasil apenas mais um filme:

ALMAS À VENDA (Cold Souls) EUA, 2009. Direção: Sophie Barthes. Gênero: Comédia. Elenco: Paul Giamatti, Emily Watson, Paul Giamatti, David Strathairn.
VONTADE:
7,0

É isso...desculpem a demora na postagem do 1/3 ESTREIA essa semana. Na próxima sexta prometo ser mais pontual hehehe...Bom fim de semana a todos!


07 julho 2010

O Melhor do Brasil (sem Rodrigo Faro)

Como fazia tempo que não postava nada sobre música, e por isso corro o risco de fazer com que o 1/3 seja taxado como "blog de cinema", o que não é exclusivamente (mesmo com a grande maioria dos posts serem sobre tal assunto), hoje dedico estas mal traçadas linhas à descrição do show da Banda Blak Rio, acontecido no último sábado, no SESC Campinas. Dentre as variadas opções inclusas no meu leque boêmio das últimas semanas, selecionei tal evento porque não conhecia os músicos cariocas e agora não consigo me imaginar indo ao Rio sem vê-los novamente.

O espetáculo encerrou o V Forum Internacional de Ginástica Geral, reunindo mais de 300 gringos em frente ao palco. Argentinos, uruguaios, dinamarqueses, alemães, portugueses e franceses curtiram o que o Brasil tem de melhor a oferecer num show contagiante e inesquecível. Mesclando ritmos e gêneros tipicamente brasileiros, como o samba e o samba-rock, e batidas dançantes, como o funk e o black-music, o grupo de artistas mostrou um panorama de tudo que rola no país musicalmente falando. Para os estrangeiros presentes, uma oportunidade de aprofundamento do conhecimento que tinham sobre a música brasileira, e para nós, mais uma prova de que estamos no lugar certo.

Como ainda não conhecia a banda, fui pesquisar quem eram para ir para o show com alguma expectativa. Qual foi minha surpresa quando descobri que a Black Rio existe desde 1976, já gravou com vários artistas consagrados, tem algumas trilhas de novelas da Globo (como a de Locomotivas, 1978), fazem maior sucesso nos palcos britânicos e nos anos 90 foram nada mais nada menos que a banda do Tim Maia! Depois disso consegui entender o porque de eles terem tocado várias canções do eterno síndico.

O público estrangeiro não parava, tamanha era a animação e felicidade de estarem acompanhando o talento dos competentes músicos. Quando fui treinar meu espanhol com Paula Wittib, argentina que participou do fórum, descobri que os "hermanos" estavam adorando tudo, mas que não sabiam sambar direito. Para fazer uma média, "hablei" que todo brasileiro tem que saber sambar, assim como todo argentino deve saber dançar tango (mal sabe ela que eu sambo muito mal hehehehe). Ainda bem que ela não me pediu para fazer uma demonstração!!

A maior surpresa foi constatar que algumas canções brasileiras também estavam na boca dos gringos. Durante a execução de duas músicas (Azul da Cor do Mar [Tim Maia] e Chora [Beth Carvalho]) via as bocas estrangeiras tentando balbuciar o idioma desconhecido com autoridade para tanto. Foi legal saber que nossa cultura não é tão negativamente estereotipada como pensava.

Para quem quiser saber mais sobre a banda Black Rio, acesse www.bandablackrio.com e conheça seu excelente trabalho. Se tiver oportunidade, confira de perto a sonoridade do grupo. Para ilustrar a postagem, contei com a ajuda fotográfica da Juh, minha amiga. Conheça seu blog, o Bloquinho de Cultura.

OBS: O TOP 1/3 volta à ativa assim que resolver uns problemas de acesso à alguns filmes antigos.

02 julho 2010

1/3 ESTREIA - Eclipse

Essa semana resolvi fazer diferente. Não vou indicar o melhor filme e nem usar minhas próprias palavras. Dentre os três lançamentos, a terceira, e última (até que enfim) parte da enjoada saga Crepúsculo chega às telonas com o nome Eclipse. O fim da trilogia conta os conflitos psicológicos da mocinha, que tem que se dividir entre o amor do namorado vampiro e o carinho que sente pelo amigo lobisomem...affffhhh!!! Abaixo, como indicação às avessas, seguem algumas citações de um dos mais competentes críticos de cinema do Brasil, o idealiador do portal Cinema em Cena, Pablo Villaça:

"Stephanie Meyer (a diretora), que jamais abandona a superficialidade, continua com sua trama babaca e juvenil e insiste em chamar de saga uma narrativa durante a qual nada parece acontecer mesmo depois de três episódios"

"Kristen Stewart (a mocinha) permanece terrivelmente infeliz, sem a capacidade de esboçar um sorriso nem durante um orgasmo (não que Edward a ajude nisso). Sua falta de vitalidade faz com que José Serra soe como Carmem Miranda" (boa!!)

"Já Robert Pattinson (o galã) está ainda mais com cara de boneco de cera dopado. Mesmo com 109 anos de idade, parece ter passado toda sua existência (des) penteando os cabelos em vez de se dedicar à leitura, já que se expressa com a articulação de um pré-adolescente viciado em Malhação"

Agora nem adianta dizer que sou preconceituoso. Admito que não assisti nenhuma das três partes da saga, mas me baseio em opiniões de peso para não cometer o erro de debochar de uma produção que seja boa. Até o momento, estou convicto de que estou sendo justo.

A SAGA CREPÚSCULO: ECLIPSE (THE TWILIGHT SAGA: ECLIPSE)
LANÇAMENTO: EUA (2010)
DIREÇÃO: DAVID SLAYER
GÊNERO: ROMANCE/ FANTASIA
VONTADE: 0

Além deste pseudo-filme, estreiam hoje nos cinemas tupiniquins:

O PEQUENO NICOLAU (Le Petit Nicolas) França, 2009. Direção: Laurent Tirard. Gênero: Comédia. Elenco: Maxime Godart, Valérie Lemercier, Kad Merad.
VONTADE: 0

15 ANOS E MEIO (15 ans et demi) França, 2008. Direção: François Desagnat e Thomas Sorriaux. Gênero: Comédia. Elenco: Daniel Auteuil, Juliete Lamboley.
VONTADE: 0

Pessoal, semana que vem eu volto com mais novidades. Até lá!