17 agosto 2010

TOP 1957 - A Volta ao Mundo em 80 Dias

A coisa tá preta! Por mais uma vez o longa considerado o melhor do ano não merecia ter levado a estatueta. A razão disso em 1957 se deu por dois motivos (na minha opinião): o filme vencedor (A Volta ao Mundo em 80 Dias) é ruim, além de estar concorrendo com monstros como O Rei e Eu (The King and I), Os Dez Mandamentos (The Ten Commandments), Assim Caminha a Humanidade (Giant) e Sublime Tentação (Friendly Persuasion). Mas eu tenho uma teoria pra isso: a cor! Naquela década, uma empresa chamada Technicolor era a menina dos olhos de todos os produtores cinematográficos, que gastavam o que tinham e não tinham para que a cor, o diferencial máximo da evolução tecnológica (podemos compará-la com a febre que o 3D provoca nas salas de cinema atualmente) pudesse fazer parte de suas produções.

Antes usada apenas em E o Vento Levou, Sinfonia de Paris e O Maior Espetáculo da Terra, é a partir de A Volta ao Mundo em 80 Dias que a diversidade cromática chega para ficar entre os vencedores do Oscar, que aprenderam depois de um tempo a não serem produzidos apenas para que a cor fosse usada por eles (como foi o caso de Avatar com o 3D). A diferença é que o último filme de James Cameron não levou a estatueta mor (com justiça), enquanto seu "irmão de inovação" antigo encheu tanto os olhos dos eleitores que não teve jeito. Após essa fase de deslumbramento, a tendência natural foi que as produções foram fundindo a excelência interpretativa e de roteiro (de antigamente) e as potencialidades da fotografia colorida.

A história, como todos já sabem, é a do ricaço inglês Phileas Fogg (David Niven) que, para cumprir uma aposta e inflar ainda mais seu ego junto a seus colegas do clube de leitura onde passava as noites, decide dar a volta ao mundo (Inglattera - Ásia - EUA - Inglaterra) em apenas 80 dias, por meio dos veículos de transporte disponíveis na época (lembrando que a trama se passa no final do século XIX, quando a obra original de Julio Verne, que inspirou o roteiro do filme, foi escrita). Para a aventura, o sistemático lord conta com a companhia e ajuda de um criado françês, o hilário (à la A Praça é Nossa) Passepartout (vivido por Cantinflas, um requisitado comediante mexicano).

E assim, durante duas horas e cinquenta minutos, somos apresentados a diferentes culturas através das lentes ferinas de Michael Anderson, num show policromático indiscutivelmente inovador no cinema. É a primeira vez que uma produção carrega uma densa quantidade de imagens panorâmicas e aéreas como foi com A Volta... Além desta inovação, é por meio de um apresentador no início do filme que somos inseridos na história. Este personagem, apesar de não ter sido explorado após o término da narração central (a aventura de Phileas), dá um quê de documentário à produção, o que motiva o espectador a continuar assistindo (pena que essa sensação logo é substituída por um roteiro vazio e meramente imagético). É também nesse inusitado início que uma discussão sobre os caminhos das descobertas científicas é apresentada, tendo como recurso contextualizador imagens de outra adaptação cinematográfica de um livro de Julio Verne: trechos da obra Viagem a Lua (1903), de George Meliés, o primeiro longa- metragem da história do cinema.

Excetuando essas novidades, o filme não se apega ao aprofundamento de nenhuma cultura, ou à valorização dos diálogos, ou muito menos à alguma forma de enriquecimento do roteiro para que o receptor não se canse de apenas admirar longuíssimas tomadas de paisagens e o revezamento constante e insuportavelmente infinito de meios de transporte, de confusões inacabadas e de lugares visitados.

OBS: Um ponto positivo é que tudo foi gravado nos países originais, tendo que a equipe de produção ter se instalado na Espanha, na Índia, no Japão, nos Estados Unidos, enfim, em inúmeras locações ao redor do mundo. A diferença é que devem ter demorado bem mais que oitenta dias para fazer tudo isso.

OBS²: Em 2004, foi a vez de Jackie Chan dar vida ao criado Passepartout, num longa homônimo que dizem estar áquem do original de 1956 (então deve ser muito ruim mesmo!!)

A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS (AROUND THE WORLD IN EIGHTY DAYS)
LANÇAMENTO: 1956 (EUA)
DIREÇÃO: MICHAEL ANDERSON/ KEVIN MCCLORY/ SIDNEY SMITH
GÊNERO: AVENTURA
NOTA: 6,0

2 comentários:

Marcia Moreira disse...

"Assim caminha a humanidade" é bem melhor.

Tô Ligado disse...

Ow... qualquer filme do jackie é ruim... Só Deus!!!

Ah, seus dias de filmes estão caindo. reflexo da facul????