26 agosto 2010

TOP 1959 - Gigi

Já nos suspiros finais, a época de ouro dos musicais hollywoodianos perdia força em detrimento dos longas modernos, psicológicos, críticos, com uma pegada ácida e ao mesmo tempo sutis. Com a tecnologia a seu favor, esse novo modelo de se fazer cinema abocanhou o público que antes se contentava apenas em assistir o espetáculo visual e a medianidade dos roteiros dos musicais. Mas antes que a “febre” passasse de vez, alguns últimos resquícios deste universo mágico ainda assolaram os telões ao redor do mundo.

No Oscar 1959, foi um musical clássico chamado Gigi que levou não só a estatueta de Melhor Filme, mas outras oito, entre elas Direção, Figurino, Fotografia e Canção Original. A protagonista, que dá nome ao filme e é interpretada por Leslie Caron, é uma pobre adolescente parisiense que é forçada pela avó e tia-avó a aprender como se portar diante da burguesia, já que é cotada para ser a futura esposa de Gaston Lachaille (Louis Jourdan), grande empresário do ramo do açúcar na França e antigo amigo da família. Totalmente espevitada e fora de quaisquer padrões requintados, é por meio de sua inocência e animação juvenil que Gigi acaba fazendo com que Gaston se apaixone por ela, mesmo contra seus próprios princípios (ele ainda a considera como um bebê).

Quem narra a história é o tio de Gaston, Honore Lachaille (Maurice Chevalier), que funciona como personagem (que ajuda o sobrinho a parar de se martirizar pela chatice da vida e procurar um amor) e narrador (no estilo tradicional – olhando para a câmera). A trama se passa no início do século XX, na chamada Belle Époque francesa, representada brilhantemente pelos figurinos, impecáveis e convincentes.

Leslie Caron havia saído do maravilhoso Sinfonia de Paris, de 1951 (último musical de Vincente Minnelli, que também é o diretor de Gigi), em que interpretava uma vendedora de perfumes que dominava o palco como ninguém (juntamente com Gene Kelly). No novo projeto, porém, frustramo-nos com a imobilidade da atriz (e de todos os outros personagens). Todos os números musicais são apenas cantados, sem nenhum tipo de dança (o que faz muita diferença – negativa – num musical). Apesar das composições serem criativas, bem filmadas e alegres, faltou a composição com o movimento corporal para que o filme se tornasse um clássico e não fosse esquecido pelo tempo.

O roteiro, como disse no começo, é vazio (como na maioria dos musicais, salvo exceções) e, além de tudo, previsibilíssimo e chato. Com a autonomia totalmente censurada pelas guardiãs, resta a Gigi aguardar seu destino pré-determinado e torcer para que o coração de Gaston fale mais alto e ele não ligue para sua postura falsamente burguesa (unicamente ensaiada para driblar a polidez de suas parentas solteironas) e acredite que ela é ainda aquela garotinha encantadora que ele conheceu. Sabe aquele filme que não é bom, mas não é ruim? Que não será lembrado por muito tempo? Ou seja, dispensável? Gigi!

No mesmo ano, ainda concorreram ao posto de Melhor Filme: A Mulher do Século (Auntie Mame), Vidas Separadas (Separate Tables), Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof) e Acorrentados (The Defiant Ones).

OBS: Queria deixar claro que não tenho pretensões de apontar como universal meu ponto de vista. Entro no mérito de escrever que um filme deveria ou não levar o Oscar (mesmo que a história já tenha concordado ou discordado de mim) porque acredito piamente na liberdade de expressão e adoro discutir com quem tem opiniões diversas. É um pouco de pirraça também..#prontofalei!!

GIGI
LANÇAMENTO: 1958 (EUA)
DIREÇÃO: VINCENTE MINNELLI
GÊNERO: MUSICAL
NOTA: 6,5

5 comentários:

Rodrigo Mendes disse...

Parabéns Gui pela postagem!!

Minnelli tinha gingado com musical e especialmente com o seu GIGI. UM clássico supinpa!

Abs!
Rodrigo

Marcia Moreira disse...

Confesso, não gostei de Gigi. O papel da garoto não deveria ser da Leslie, mas de uma garota mais nova; a atriz deveria brilhar em musicais dançantes, não parados como este. Maurice Chevalier foi o personagem do filme.

Claudinha ੴ disse...

Oi Gui!
Este eu vi com meu pai. Não é dos meus preferidos, e concordo com sua nota. Beijo!

Tô Ligado disse...

recomendo que vc coloque moderaçao em seus comentários, pois exsitem pessoas que não sabem ler a opiniao alheia e comecam as nos atacar.

Bom fds Gui!

Elton Telles disse...

Ainda não vi "Gigi" e confesso: morro de preguiça hahaha! Mas num dia chuvoso e tal, eu tento. Isso se não cair no sono antes rs.


abraço, Gui!