23 novembro 2010

TOP 1971 - Patoon - Rebelde ou Herói?

Não é novidade para quem acompanha o 1/3 que eu não gosto de filmes de guerra, principalmente aqueles que se destinam a retratar a operacionalização do conflito, como estratégias de ataques, embate entre linhas de poder, corrupção de influências etc. Para mim, o melhor filme de guerra é aquele que dedica tempo a tentar transferir para o espectador os conflitos internos de quem vive a realidade de um campo de batalha, por meio da análise psicológica dos personagens. Que me perdoem os admiradores, mas Patoon – Rebelde ou Herói é muito chato.

O desenrolar dos fatos se dá num ritmo lento e monótono (preenchendo 2 horas e 56 minutos de gravação!!) e as locações não são as mais charmosas. Não posso negar que a fotografia seja deslumbrante, mostrando parte do norte da África e da Itália, mas a mania de alguns diretores de estenderem as cenas de ação bélica só para deixar o filme mais real não cola e só impede o bom aproveitamento de quem assiste.

Quem dá nome a cinebiografia é o general norte-americano George Patoon (George C. Scott), um dos aliados mais temidos entre os nazistas na Segunda Guerra Mundial (por causa de suas campanhas heróicas) e um dos comandantes mais desajeitados no que dizia respeito à comunicação interpessoal entre a sua tropa. Era totalmente insensível quando buscava a vitória e tinha declarada obsessão pela guerra e amor ao campo de batalha. Seus subordinados eram constantemente desrespeitados por ele, principalmente quando faziam corpo mole ou alegavam estar sofrendo dos nervos devido a pressão da guerra.

A severa personalidade de Patoon faz com que ele esbofeteie um soldado publicamente por ele ter alegado não estar agüentando mais a guerra, atitude esta que promove sua exoneração do cargo de comandante do Terceiro Exército Americano e o afastamento da região. Da brilhante ascendência à decadência, o protagonista, em soberba atuação de George C. Scott, mantém sua obstinação pela glória e a personalidade conturbada, provando que se relaciona bem melhor com a solidão do front de batalha do que com as outras pessoas (premissa explicitada pelo roteiro no momento em que, fracassado, Patoon passeia solitário com seu cachorro de estimação, talvez a única campainha que não discuta suas ordens nem desagrade seu egocentrismo).

Esqueci de comentar antes, mas quem assina o roteiro de Patoon é ninguém mais ninguém menos que Francis Ford Coppola!! O aclamado diretor já mostrava seu talento nesta produção, que levou no total 8 prêmios da Academia. Além dele, disputaram a estatueta de Melhor Filme em 1971 os longas: Love Story: Uma História de Amor (Love Story), Cada Um Vive Como Quer (Five Easy Pieces), Aeroporto (Airport) e M.A.S.H.

OBS: Não deixe de prestar atenção na primeira cena do filme, que antecede os créditos e mostra Patoon discursando para uma suposta tropa (que não aparece. Ele dirige as palavras para o espectador). No fundo, uma gigantesca bandeira dos Estados Unidos ilustra seu imponente e ufanista discurso, que glorifica os americanos, subestima outros povos, ao mesmo tempo em que revela sua eficiência bélica e seu comprometimento com a causa da guerra, declarando, desde os primeiros minutos, sua bipolaridade.

PATOON – REBELDE OU HERÓI? (PATOON)
LANÇAMENTO: 1970 (EUA)
DIREÇÃO: FRANKLIN J. SCHAFFNER
GÊNERO: DRAMA/ BIOGRAFIA
NOTA: 7,5

2 comentários:

Tô Ligado disse...

É tipico do cinema americano tratar o resto do mundo como meros imbeciloides.

PS> tava sumido hein dr. Chego em SP dia 5, se comprar se tim me avise

Elton Telles disse...

Ah, este eu ainda não vi, mas acompanhei várias pessoas falando que não foi um Oscar merecido. Poxa, "MASH" estava na disputa, então acho que eu vou achar o mesmo, viu =)


abs!