27 fevereiro 2011

1/3 ESTREIA - Bruna Surfistinha

Desde o ano passado, especula-se sobre a livre adaptação cinematográfica do livro O Doce Veneno do Escorpião, obra máxima de Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna Surfistinha. O longa finalmente saiu, tendo seu elenco encabeçado por Deborah Secco, que vive na pele as delícias e desprazeres de ser uma prostituta-celebridade. A verdadeira Bruna parece ter gostado do resultado (como apontou em entrevista para a Gabi no último domingo), não vendo em alguma outra atriz que não Secco a melhor escolha para encarná-la nas telonas.

No final de semana em que estreia uma cinebiografia do franjudo Justin Bieber, é fácil achar motivação para pagar o ingresso de qualquer outro longa que esteja em cartaz. Não que esteja desanimado com Bruna Surfistinha, mas é fato que filmes de diretores estreantes (nesse caso Marcus Baldini) e ainda por cima nacionais sejam subvalorizados pelo grande público. Eu estou apostando minhas fichas.

BRUNA SURFISTINHA
LANÇAMENTO: 2011 (BRASIL)
DIREÇÃO: MARCUS BALDINI
GÊNERO: DRAMA
VONTADE: 10,0

Essa cine-semana ainda possui outros dois lançamentos. São eles:

DESCONHECIDO (Unknown) EUA/Reino Unido, 2010. Direção: Jaume Collet-Serra. Gênero: Suspense. Elenco: Liam Neeson, January Jones, Diane Kruger, Bruno Ganz, Frank Langella.
VONTADE: 9,5

JUSTIN BIEBER – NEVER SAY NEVER (Never Say Never) EUA, 2010. Direção: Jon Chu. Gênero: Musical.
VONTADE: 0

A postagem está atrasada por alguns problemas que tive na sexta. Semana que vem tudo volta ao normal. Até lá.

19 fevereiro 2011

TOP 2000 - Beleza Americana

Muito se fala na inconsistência das relações interpessoais de nossa época. A contemporaneidade trouxe o afrouxamento e a superficialidade do que se fala, do que se escuta e do que se troca. Nesse âmbito, as manifestações culturais surgem para corroborar essa tese, disseminando a mesma sensação de impotência e de passividade a que somos acometidos todos os dias. O cinema não fica de fora desse filão e sempre aparece com uma ou outra produção que usa da desgraça alheia para nos atentar para a o deslumbramento excessivo e uma potencial geração de sub-humanos. No caso de Beleza Americana, do diretor Sam Mendes, a sociedade moderna americana é o alvo de críticas afiadas que nos fazem refletir sobre o verdadeiro sentido da vida.

Somos apresentados à conturbada família de Lester Burham (Kevin Spacey), um publicitário entediado com o emprego e com a vida que leva. Casado com a infiel Carolyn (Annette Bening) e pai de Jane (Tora Birch), o protagonista inicia o filme com uma narração em off pós-mortem que revela seu assassinato dentro de um ano, mas com a confissão de que já se sente morto naquele momento. Aos poucos, soluções para dar um up em sua depressiva existência vão surgindo, como o uso de drogas, o pedido de demissão somado a um suborno milionário no patrão e malhação excessiva para impressionar a amiga gostosa da filha.

Diferentemente de um roteiro usual (que se propõe a ter um início, um meio e um fim, mesmo que não linearmente), o longa busca apresentar problemas para que nós, espectadores, façamos nossas ponderações de acordo com a comparação das situações apresentadas com nossas próprias experiências. Assim como “Crash – No Limite”, “Magnólia” e “Babel”, Beleza Americana mescla esquisitices para construir um retrato de uma realidade perturbada por algum tipo de mal.

A ironia de Mendes é perceptível desde o título do filme (American Beauty, uma espécie de rosa comum nos Estados Unidos, que funciona como contraponto do caos pelo qual passam os personagens) até as situações exageradas criadas pelo roteiro, capazes de chocar a primeira vista, mas não mais do que radiografias da realidade atual de um mundo capitalista e virtualizado. Todos os personagens e ações são estereotipados (e, por isso mesmo, exagerados) mas, como já revelei (e nunca é demais elogiar o que é bom) apenas demonstram, de forma orgânica e visceral, o cruel mundo em que vivemos e do que as pessoas são capazes para serem felizes, ou esconderem que não são.

Trilha sonora, atuação dos protagonistas e a cena da cama de rosas na qual a amiga de Jane aparece nos delírios de Lester são apenas alguns dos destaques deste vencedor de cinco das oito estatuetas do Oscar nas quais concorreu em 2000. Além dele, entraram na lista de Best Of The Year os longas O Informante (The Insider), Regras da Vida (The Cider House Rules), À Espera de Um Milagre (The Green Miles) e o arrepiante O Sextto Sentido (The Sixth Sense).

BELEZA AMERICANA (AMERICAN BEAUTY)
LANÇAMENTO: 1999 (EUA)
DIREÇÃO: SAM MENDES
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 9,0

18 fevereiro 2011

1/3 ESTREIA - 127 Horas

Faltam nove dias para a premiação dos melhores do ano passado pela Academia do Oscar e eu até agora assisti apenas seis dos dez indicados à estatueta de Melhor Filme (pretendo compensar esse detalhe neste final de semana). Hoje estreia nos cinemas do país o último dos oscarizáveis: 127 Horas, mais nova produção de Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário?, Transpotting, Extermínio), que já causou polêmica nos Estados Unidos e agora pretende assustar os brasileiros com as cenas chocantes do alpinista Aron Ralston, protagonista vivido por James Franco (que é apresentador da cerimônia deste ano, além de estar concorrendo ao título de Melhor Ator), que tem de amputar o próprio braço após ficar preso numa fenda do Grand Canyon, em Utah.

O roteiro é basicamente esse: sem comunicação alguma com o mundo externo (uma vez que ele não avisou ninguém que tinha ido se aventurar nas montanhas rochosas), Ralston tem de racionar o pouco de água e vida que tem para sobreviver durante os cinco dias que permanece preso à rocha de mais de meia tonelada. Ávido de vontade de viver, encontra na amputação do braço amassado a única forma de sair daquele inferno claustrofóbico. De posse de um canivete vagabundo, arranca lentamente seu membro após quebrar os próprios ossos. A cena, segundo comentários que li, causou desmaios e ataques de choro nas salas dos EUA. Antes de ficarem bravos comigo, adianto que os detalhes que revelei não são considerados spoiler, uma vez que a história do filme aconteceu de verdade com o Aron Ralston real, em 2003.

127 HORAS (127 HOURS)
LANÇAMENTO: 2010 (EUA)
DIREÇÃO: DANNY BOYLE
GÊNERO: DRAMA
VONTADE: 10,0

Eta semaninha fraca para o cinema. Além do super esperado 127 Horas, não há mais nenhum destaque, apenas três estréias medianas. Confira abaixo:

BESOURO VERDE (The Green Hornet) EUA, 2010. Direção: Michel Gondry. Gênero: Ação. Elenco: Seth Rogen, Jay Chou, Christoph Waltz, Cameron Diaz.
VONTADE: 7,0

INCÊNDIOS (Incendies) Canadá, 2010. Direção: Denis Villeneuve. Gênero: Drama. Elenco: Lubna Azabal, Maxim Gaudette, Mélissa Dérsormeaux-Poulin.
VONTADE: 3,0

POESIA (Poetry) Coréia do Sul, 2011. Direção: Chang-dong Lee. Gênero: Drama. Elenco: Jeong-hie Yun (Mija), Ahn Nae Sang, Da-wit Lee.
VONTADE: 0

Até semana que vem com mais um 1/3 ESTREIA!

17 fevereiro 2011

TOP 1999 - Shakespeare Apaixonado

No longínquo ano de 1999 muitos críticos cinematográficos e cinéfilos ficaram putos da vida com a Academia ao verem Shakespeare Apaixonado ser laureado por trezes indicações e sete estatuetas, inclusive a de Melhor Filme, enquanto seus concorrentes, em sua maioria superiores em qualidade, caírem no esquecimento. Fizeram parte da seleta lista dos principais indicados, além do vencedor, os longas Além da Linha Vermelha (The Thin Red Line), Elizabeth, o italiano A Vida é Bela (La Vita è Bella) e O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan), que pelo menos deu a Spielberg o Oscar de Melhor Diretor.

A ousada produção parodia o insight criativo de Shakespeare durante a produção do romance de Romeu e Julieta, usando da metalinguagem para insinuar que o próprio poeta viveu um amor proibido e, incentivado pela impossibilidade de amar, devido as erudições da sociedade britânica do século XVI, criou o maior e mais duradouro romance trágico do mundo até os dias atuais. Quem conhece um pouco mais a fundo a obra do mestre Shakespeare (o que não é o meu caso) pôde visualizar com mais facilidade a inúmera quantidade de referências reais que o diretor John Madden expõe em sua obra, a maioria com uma angulação fictícia, mas todas enriquecendo ainda mais o preciosismo técnico conquistado.

Um quesito totalmente decepcionante é a interpretação medíocre dos protagonistas: a insossa Gwyneth Paltrow (Lady Viola De Lesseps) e o apenas bonito Joseph Fiennes (William Shakespeare) dão vida a um romance que tanto no palco quando na vida dos personagens é artificial e superficial a ponto de revirar o mestre da literatura inglesa no túmulo (e mesmo assim Paltrow venceu na categoria Melhor Atriz, superando as insuperáveis Fernanda Montenegro e Meryl Streep). Destaque mesmo fica por conta dos deleitáveis Judi Dench (Rainha Elizabeth), Ben Affleck (Ned Alleyn), Colin Firth (Lord Wessex) e Geoffrey Rush (Philip Henslowe), sendo os últimos dois os grandes favoritos a Ator Principal e Coadjuvante, respectivamente, no Oscar 2011, que será entregue no próximo domingo, dia 27.

Fiel aos excertos da obra original de Shakespeare, os diálogos do longa são ricos, mas têm sua grandeza banalizada pelo roteiro fantosioso em demasia. É necessário popularizar e democratizar o acesso de todos ao trabalho de Shakespeare – fato, mas acho que brincar com a credibilidade histórica, tornando o artista fenomenal que foi Sir William em um garoto deslumbrado com o sexo oposto capaz de façanhas um tanto quanto imaturas para conquistar seu amor é simplificar a importância de um gênio. É curioso e até verossímel comparar a inspiração artisticamente magnífica para criar Romeu e Julieta com um romance na vida real (um dos trunfos do roteiro), mas não basta para retratar qualquer obra baseada em Shakespeare. A importância do autor para a literatura mundial pode ter sido um dos motivos pelos quais o filme venceu o Oscar em 1999, mesmo sem ter merecido, mas o tratamento poderia ter sido um pouco mais respeitoso.

A retratação da época representada no filme é fidelíssima à realidade, ainda mais quando conjugada ao figurino (vencedor de um estutueta) e à maquiagem (pensamos que realmente estamos na Inglaterra medieval). Quanto à trilha sonora (que também venceu na categoria), além de inebriados pelo amor extremamente meloso e visceral entre os mocinhos, somos presenteados por composições clássicas da mais perfeita sintonia com a história apresentada. Apesar de achar a adaptação moderna do amor atemporal do casal fatal criado por Shakespeare brega e em certa medida desrespeitosa, o trabalho foi bem feito e mereceu estar entre os melhores do ano (veja bem, estar entre eles, e não ser o melhor).

SHAKESPEARE APAIXONADO (SHAKESPEARE IN LOVE)
LANÇAMENTO: 1998 (EUA/ INGLATERRA)
DIREÇÃO: JOHN MADDEN
GÊNERO: ROMANCE
NOTA: 7,5

12 fevereiro 2011

TOP 1998 - Titanic

No Zoom, da TV Cultura, programa semanal de cinema (sexta para sábado, 0h45), existe um quadro chamado Filme Proibido, que consiste em ouvir, de figuras renomadas do universo cinematográfico nacional, qual é aquela produção que eles ficam embaraçados ao confessar que adoram e que sempre reveem (na surdina) quando têm oportunidade. Algumas semanas atrás, enquanto assistia ao programa, fiquei indignado ao ouvir de uma diretora que seu filme proibido era o Titanic. Assim como ela, eu acho sensacional a megaprodução noventista de James Cameron, mas não tenho a mínima parcela de vergonha em admitir tal gosto.

Que o entretenimento supera o valor artístico da obra, é fato, mas quem não delirou ao assistir as inovações técnicas que Spielberg conseguiu em Jurassic Park, ou os impressionantes efeitos de Transformers, ou ainda quem não invejou os poderes físicos do Exterminador do Futuro? Todos nós temos necessidade de sermos puro entretenimento, de deixarmos ser levados, por meio da catarse, ao infinito mundo dos sucessos hollywoodianos. Sem vergonha alguma, admito que sou comercial. Para se ter uma idéia, sabem qual é o meu filme preferido (de todos os tempos)? Jumanji, não apenas por achar que o roteiro é um dos melhores já feitos e ser fã do Robin Willians, mas pelo filme, ao melhor estilo “Sessão da Tarde” de ser, me remeter à minha infância e as aspirações de um garoto que queria apenas crescer.

Dessa forma, acho de uma hipocrisia sem tamanho certos metidos a intelectuais que repudiam as produções voltadas ao exclusivo lazer, abdicando-as às custas de longas cult que apenas reforçam o preconceito de um grupo restrito e cada vez mais fechado em seu mundinho erudito. Adoro entender e enxergar a diferença qualitativa entre o que é bom e o que é ruim, assistir tudo o que me aparece pela frente e, só então, filtrar o que me agrada, que quase sempre não inclui apenas as produções artísticas. Gosto de me deixar levar...

E é essa mesma sensação que sinto a cada nova vez que me deparo com Titanic. Esteja o filme no início, no meio ou no fim, paro o que estiver fazendo para rever, com olhos de cinéfilo inveterado em van premier, essa que considero a maior e mais bem estruturada produção de todos os tempos. Esqueço tudo o que já vi e pareço estar nos idos do século XIX, na primeira exibição do cinematógrafo dos irmãos Lumière, tendo contato, pela primeira vez, com o cinema, esta arte que me faz rir, chorar, pensar, relaxar e viajar em aventuras alheias. Minha única decepção em relação a Titanic foi não ter tido a oportunidade de vê-lo numa sala de cinema, com o som e a imagem adequados para curtir inteiramente a aventura de Rose e Jack (mas, de qualquer, forma, o VSH exibido nas 21’ do meu televisor já fizeram um estrago na minha percepção cinematográfica).

Para quem ainda não conhece (o que acho impossível) a história do longa, ele é o retrato de um dos maiores acidentes marinhos da história: o naufrágio do transatlântico que prometia ser “inafundável”. Em 1912, em sua primeira e única viagem, um iceberg inesperado pegou a tripulação de surpresa ao cruzar o caminho do navio, que em poucas horas estava submerso, levando consigo milhares de vidas. Para roteirizar tal acontecimento sem torná-lo protagonista de um documentário, o diretor James Cameron, com base em nomes de passageiros reais, criou a história de amor entre Jack Dawson (Leonardo DiCaprio) e Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), de classes sociais distintas, que tiveram de lutar para sobreviver, ao mesmo tempo em que desafiaram o poder do dinheiro para ficarem juntos.

Muito criticado por ser recheado de clichês, o roteiro realmente não é um poço de criatividade, mas, conjugado a perfeição técnica (o que inclui figurino, maquiagem, efeitos especiais, som e fotografia), os estereótipos convencem e se tornam um mero detalhe em meio ao espetáculo visual para o qual somos transportados. A mídia mundial contribuiu para que Titanic, mesmo depois de ser lançado, se tornasse sinônimo de obra superestimada, fato que desencadeou a enxurrada de referências ao longa, seja com o lançamento de inúmeras versões de My Heart Will Go On, trilha oficial do filme (inclusive nas vozes de nossos amiguinhos Sandy e Junior), ou pela banalização precipitada da obra. Hoje conseguimos olhar para o filme com olhos menos afiados e entender que, além de um mero fruto da especulação midiática, Titanic é um dos maiores longas da história (literalmente, uma vez que possui 194 minutos) e serve de referência para qualquer aspirante à cineasta.

Titanic arrecadou quase 2 bilhões de dólares pelo mundo (uma das maiores da história do cinema) e conquistou 11 estatuetas de 14 indicações (alçando o primeiro lugar no ranking do Oscar, tendo se igualado ao badalado Ben-Hur, de 1959). Em 1998, ainda concorreram ao prêmio de Melhor Filme mais quatro produções (como de costume). São elas: Melhor é Impossível (As Good As It Gets), que deu a Jack Nicholson a estatueta de Melhor Ator e a Helen Hunt a de Melhor Atriz naquele ano; Los Angeles – Cidade Proibida (L.A. Confidential), Ou Tudo Ou Nada (The Full Monty) e Gênio Indomável (Good Will Hunting).

TITANIC
LANÇAMENTO: 1997 (EUA)
DIREÇÃO: JAMES CAMERON
GÊNERO: DRAMA/ ROMANCE
NOTA: 9,9

11 fevereiro 2011

1/3 ESTREIA - Bravura Indômita

Podem reclamar que Joel e Ethan Coen estejam apenas refilmando o clássico faroeste Bravura Indômita, sucesso de 1969 com John Wayne, mas tudo que eles colocam a mão muda, toma uma forma complexa, densa, linda. O longa em questão é a nova empreitada dos irmãos diretores, que vem conquistando espaço garantido no Oscar nos últimos anos, basta lembrar dos indicados Queime Depois de Ler, Um Homem Sério e o vencedor de 2008 (também um western) Onde os Fracos Não Têm Vez. A direção crua, orgânica e realista da dupla garante momentos memoráveis para os fãs espectadores e para a história do cinema, que ganha qualidade (dobrada) com os filmes dos Coen.

Hoje estreia o remake homônimo do clássico da década de sessenta, desta vez encabeçado por Jeff Bridges e Matt Damon. O longa é um dos dez concorrentes ao Oscar 2011 e promete reinventar o gênero faroeste, perdido em meio ao cinema contemporâneo. O roteiro conta a história de Mattie Ross, uma garota de 14 anos, que contrata o federal Rooster Cogburn (Bridges) para se vingar do assassino de seu pai, mas faz questão de ir junto na perigosa missão. Entretanto, o que mais importa para mim na “filmografia Coen” nem são as histórias, e sim a forma como elas são contadas. Quem acompanha suas produções, sabem que os irmãos adoram finais inacabados. Será que dessa vez eles vão perdurar em sua característica mais marcante ou terão um momento de normalidade? Tomara que a resposta seja a primeira opção. De qualquer forma, só assistindo para ver.

BRAVURA INDÔMITA (TRUE GRIT)
LANÇAMENTO: 2010 (EUA)
DIREÇÃO: JOEL E ETHAN COEN
GÊNERO: FAROESTE
VONTADE: 10,0

Mas os lançamentos da semana não param por aí. Acompanhe abaixo as outras três estréias dessa sexta-feira:

O DISCURSO DO REI (The King's Speech) EUA, 2010. Direção: Tom Hooper. Gênero: Drama. Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter, Guy Pearce, Michael Gambon. (darei uma NOTA ao invés de VONTADE, porque já assisti esse longa).
NOTA: 9,0

BURLESQUE. EUA, 2010. Direção: Steve Antin. Gênero: Musical. Elenco: Christina Aguilera, Cher, Eric Dane, Stanley Tucci, Alan Cumming, Kristen Bell, Cam Gigandet.
VONTADE: 9,0

O RITUAL (The Rite) EUA, 2009. Direção: Vincenzo Natali. Gênero: Suspense. Elenco: Anthony Hopkins, Alice Braga, Colin O'Donoghue.
VONTADE: 10,0


É isso aí. Semana que vem volto com mais um 1/3 ESTREIA. Até lá.

10 fevereiro 2011

TOP 1997 - O Paciente Inglês

Lento: esse é o adjetivo perfeito para definir O Paciente Inglês, longa (literalmente) vencedor do prêmio de Melhor Filme no Oscar de 1997. A obra, co-produzida pelos Estados Unidos e Inglaterra, conta, através de flash-backs, a história de amor entre o conde László de Almásy (Ralph Fiennes) e Katharine Clifton (Kristin Scott Thomas), durante uma expedição pela África Subsaariana em plena Segunda Guerra Mundial. Almásy, em seu leito de morte após um acidente aéreo, recebe os cuidados de uma enfermeira canadense (Hana, vivida pela altiva Juliette Binoche), que além de tentar entender o que aconteceu com o desconhecido moribundo, procura expurgar o medo de perder todos que ama na Guerra por meio da solidão (ela abandona sua tropa para, sozinha, cuidar do paciente inglês – como o indigente é chamado – nas ruínas de um antigo mosteiro).

Com o passar do tempo, começamos a entender o drama de László, que foi apaixonado pela esposa de um correligionário inglês, seu parceiro na luta contra os adversários bélicos (vivido por Colin Firth). A história de amor proibido dos protagonistas é digna dos grandes épicos da era clássica do cinema (o filme me lembrou muito Casablanca, inclusive por também se passar no continente africano), porém seu roteiro, pelo fato de intercalar com muita freqüência o passado e o presente, perde-se e se torna cansativo, monotonia implementada pelo excesso de quadros monocrômicos. É muita areia, muito vento, muito deserto e pouca ação, pouco movimento.

Mesmo não tendo uma duração muito grande (em comparação com os épicos gigantes que são queridinhos da Academia), O Paciente Inglês circula e não diz nada, o que o torna excessivamente maçante. As interpretações, não sei se pelo fato de eu não ter gostado do conjunto da obra, também não me agradaram. Ralph Fiennes, Juliette Binoche e Colin Firth, como todo mundo sabe, são mestres na atuação, mas não me convenceram nesta superestimada produção, que obteve nove estatuetas no Oscar, sem merecimento, entretanto.

Além deste, concorreram ao prêmio de Melhor Filme mais quatro produções (como de costume): Segredos e Mentiras (Secrets & Lies), Fargo – Uma Comédia de Erros (Fargo), Shine – Brilhante (Shine) e Jerry Maguire – A Grande Virada (Jerry Maguire). Confesso que ainda não assisti nenhum dos candidatos além do vencedor, mas uma coisa é evidente: uma obra que se propõe homenagear os clássicos épicos das décadas passadas e não oferece diferencial algum em relação às produções predecessoras, sem que haja um gancho de atualidade que garanta, no mínimo, a identificação do público com o estilo fílmico em que o longa foi rodado, é fraca. Não deve haver confusão, no entanto, entre uma produção épica e uma produção antiga. O que entra em discussão são as características cinematográficas que uma época carrega, podendo um filme épico ser rodado em qualquer tempo, desde que seja atual (em estilo, e não no roteiro).

O PACIENTE INGLÊS (THE ENGLISH PATIENT)
LANÇAMENTO: 1996 (EUA)
DIREÇÃO: ANTHONY MINGHELLA
GÊNERO: DRAMA/ GUERRA
NOTA: 7,0

04 fevereiro 2011

1/3 ESTREIA - Cisne Negro

Cisne Negro será o quinto indicado ao Oscar 2011 que verei. Pretendo conferir as dez apostas até o dia 27 de fevereiro (data da premiação) para que eu tenha argumentos para defender meu preferido. Hoje estreiam nos cinemas brasileiros dois indicados: o longa supracitado, estrelado por Natalie Portman, e O Vencedor, drama de superação encabeçado por Mark Wahlberg e Christian Bale, que conta a história de um boxeador fracassado que luta, literalmente, para superar seus limites (ao melhor estilo Rocky Balboa).

Voltando a falar de Cisne Negro, o mais esperado da semana, ele se trata de um thriller psicológico passado nos bastidores do balé. Presa internamente entre o virginal cisne branco e o lascivo cisne negro, a bailarina Nina (Portman) tem de controlar suas aflições e descobrir até mesmo a realidade do que se passa diante de seus olhos. Lançado no ano passado nos Estados Unidos, a nova produção de Darren Aronofsky (Réquiem para um Sonho, Um Lutador) promete assustar os menos prevenidos e chocar os espectadores com a destruição do próprio conceito de arte. Natalie Portman é uma das favoritas ao posto de Melhor Atriz do ano.

CISNE NEGRO (BLACK SWAIN)
LANÇAMENTO: 2010 (EUA)
DIREÇÃO: DARREN ARONOFSKY
GÊNERO: SUSPENSE
VONTADE: 10,0

Além desse queridinho da Academia, são lançados hoje mais quatro longas que prometem. São eles:

O VENCEDOR (The Fighter) EUA, 2010. Direção: David O. Russell. Gênero: Drama. Elenco: Mark Wahlberg, Christian Bale, Amy Adams, Melissa Leo, Mickey O'Keefe, Jack McGee.
VONTADE: 10,0

SANTUÁRIO (Sanctum) EUA/ Austrália, 2010. Direção: Allister Grierson. Gênero: Suspense. Elenco: Richard Roxburgh, Rhys Wakefield, Ioan Gruffudd, Alice Parkinson, Dan Wylliee.
VONTADE: 10,0

SPLICE – A NOVA ESPÉCIE (Splice) EUA, 2009. Direção: Vincenzo Natali. Gênero: Ficção Científica. Elenco: Adrien Brody, Sarah Polley, David Hewlett, Delphine Chanéac, Brandon McGibbon.
VONTADE: 8,0

MALU DE BICICLETA. Brasil, 2009. Direção: Flávio Tambellini. Gênero: Comédia Romêntica. Elenco: Fernanda Freitas, Marcello Serrado.
VONTADE: 7,0

Boas sessões para todos e até semana que vem...

03 fevereiro 2011

TOP 1996 - Coração Valente

No premiação do Oscar de 1996, a Academia mostrou mais uma vez que gosta de épicos dirigidos e protagonizados pela mesma pessoa, ou seja, de cinema autoral. Foi o que aconteceu com Robert Redford em Entre Dois Amores (1986) e Kevin Costner em Dança com Lobos (1991). Nenhum deles, no entanto, é bom o suficiente para superar a qualidade de Coração Valente, megaprodução estrelada e dirigida por Mel Gibson, provando que o machão de filmes como Máquina Mortífera e Mad Max também é sensível o bastante para encabeçar uma obra-prima que é eficaz quando se arrisca pelo romance, ação, aventura e drama de guerra, seu gênero primeiro. É difícil encontrar entre seus congêneres um exemplo tão evidente de caso bem sucedido de um longa grande (são 180 minutos de duração) que consegue agradar público e crítica com uma história envolvente e fluida.

Baseado numa história real, o filme acompanha a trajetória de William Wallace (vivido pelo próprio Gibson, que se caracterizou por meio de um cabelão desgrenhado e tranças mal trançadas), escocês que perdeu a família quando criança, tendo sido criado por um tio em Londres. Uma das maiores lições aprendidas por Wallace foi o do uso da inteligência acima da força física, o que o fez querer voltar para sua terra e livrá-la das mãos dos ingleses
(colonizadores da Escócia no século XIII) pacificamente.

A situação muda, entretanto, quando sua amada Murron MacClannough (Catherine McCormack) é violentamente assassinada pelo exército inglês (por causa da agressão de William a um general que tentava estuprar Murron): um guerreiro sanguinário dá lugar ao polido e erudito Wallace de antes, sem no entanto deixar de lado sua racionalidade e raciocínio estratégico, características que o transformaram na figura mística e heróica lembrada até hoje na Escócia (que se torna livre em 1707 graças ao nascimento de um sentimento de patriotismo no século XIII, herança de Wallace).

É exatamente desse perfil heróico que Gibson se aproveita para conceituar a existência de seu protagonista num roteiro cheio de altos e baixos, trechos inesperados e envolventes e cenas memoráveis que, além de totalizarem um completo documento histórico do Reino Unido, completam-se no melhor épico que já vi na minha vida. A trilha sonora se junta à fotografia deslumbrante dos campos escoceses, apresentando-nos locações inebriantes e cenários absolutamente fieís à época representada.

As cenas de guerra, tipicamente medievais, mostram batalhas extremamente sincronizadas e organizadas, mesmo envolvendo milhares de figurantes. Não que não haja erros na película, que para os mais atentos peca em alguns momentos na continuidade, mas relevo ao me dar conta da grandiosidade artística da obra, que é, ao mesmo tempo, um marco cultural e um sucesso comercial dos anos noventa.

Para concorrer ao prêmio de Melhor Filme juntamente com o vencedor (que concorreu a dez prêmios, levando as estatuetas de Filme, Diretor, Som, Fotografia e Maquiagem) entraram na disputa mais quatro produções: Babe – O Porquinho Atrapalhado (Babe), o Angleeano Razão e Sensibilidade (Sense and Sensibility), o italiano O Carteiro e o Poeta (Il Postino) e Apollo 13 – Do Desastre ao Triunfo.

CORAÇÃO VALENTE (BRAVEHEART)
LANÇAMENTO: 1995 (EUA)
DIREÇÃO: MEL GIBSON
GÊNERO: GUERRA/ DRAMA/ AÇÃO
NOTA: 9,5

01 fevereiro 2011

TOP 1995 - Forrest Gump - O Contador de Histórias

De uns tempos para cá, descobri que sou mais sensorial do que imaginava. De toda experiência, carrego um sentimento único, por vezes familiar ou estranho, por vezes triste ou feliz, mas sempre uma sensação nova, inédita. E com o cinema a manifestação destes sentimentos se torna mais nítida, mais espontânea, mais sincera. É como se, como espectador, eu quisesse me tornar um personagem, ou evitar um personagem, ou substituir determinado personagem, enfim, eu me incluo no roteiro a fim de preencher meus próprios erros, meus fracassos pessoais ou para simplesmente me alegrar por não ter a vida que aquela figura da ficção tem.

Depois de ver Forrest Gump – O Contador de Histórias, a intensidade de minhas percepções foi extrema, no que diz respeito à qualidade deste, que foi o vencedor do prêmio de Melhor Filme no Oscar de 1995. Tom Hanks ganha sua segunda estatueta de Melhor Ator consecutiva (havia ganhado em 1994 pela atuação em Filadélfia) por protagonizar um afetado garoto de QI abaixo do normal, que sofre por não ter a capacidade de realizar tarefas simples para a maioria dos garotos de sua idade.

O personagem tem como cenário fixo um banco de praça, do qual conta as histórias de sua vida peculiar aos transeuntes, que se revezam entre diversos perfis sociais e psicológicos, representando, assim, a diversidade de análises sobre o comportamento de Forrest, que é constantemente julgado pela sociedade ao longo de sua trajetória de vida. Desde os colegas de escola até os médicos nos quais sua mãe, vivida por Sally Field, o leva, todos o julgam pela inabilidade de desenvolvimento de relacionamentos ditos normais.

Mas o pequeno protagonista se mostra menos frágil do que parece ao se tornar um jogador de futebol americano pelo simples fato de ser um exímio corredor (e portanto levar sempre o time ao touchdown), servir ao exército e ir para a Guerra do Vietnã, montar uma empresa de pesca de camarões sem querer (ao pagar a promessa feito a um amigo do batalhão de guerra), tornar-se campeão mundial de pingue-pongue, chocar todo o pais ao correr durante três anos seguidos pelos EUA devido a uma desilusão amorosa e interferir positivamente no caso Watergates, escândalo presidencial que abalou a América na década de setenta.

A genialidade do roteiro, no entanto, está em tornar responsável pela narrativa a própria consciência de Forrest. É pela cabeça dele, por meio de sua visão de mundo divertida e criativa, que entendemos que uma história de vida tão impressionante e improvável como a do protagonista é possível, tornando-se delicada e até verossímil aos olhos dos espectadores. Críticos mais ferrenhos pesam a negatividade ao lamentar que o longa seja muito americano, extremamente nacionalista ao encher a película de referências patrióticas. Discordo quando vejo a gigantesca qualidade conseguida pelo diretor Robert Zemeckis e sua equipe.

A trilha sonora, a interpretação, a fotografia (que mostra os quatro cantos dos Estados Unidos de maneira sublime) e especialmente os efeitos especiais são deslumbrantes. Prepare-se para, se você ainda não conferiu o filme, ficar impressionado com a perfeição do machucado de um tenente (amigo de Forrest), que teve de ter suas duas pernas amputadas, como se o ator realmente fosse aleijado, ou o encontro de Forrest com John Lennon e com diversos ex-presidentes dos States (efeitos de montagem que parecem ser VT's reais). É a tecnologia ajudando a melhorar filmes de drama (quase uma novidade no cinema até aquele momento).

Naquele ano (1995) ainda concorreram ao prêmio de Melhor Filme dois clássicos absolutos dos anos noventa (Pulp Fiction: Tempos de Violência (Pulp Fiction) e Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption)), além de Quatro Casamentos e um Funeral (Four Weddings and a Funeral) e Quiz Show – A Verdade dos Bastidores (Quiz Show).

FORREST GUMP – O CONTADOR DE HISTÓRIAS (FORREST GUMP)
LANÇAMENTO: 1994 (EUA)
DIREÇÃO: ROBERT ZEMECKIS
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 9,7