19 maio 2010

TOP 1932 - Cimarron

Quando disse que seria difícil encontrar os filmes para levar o projeto adiante, admito que não me levei muito a sério, mas confesso que está sendo bem duro encontrá-los (principalmente os mais antigos). CIMARRON, quarto ganhador de Melhor Filme do Oscar, é raríssimo em todos os lugares, sendo quase impossível comprá-lo. O jeito foi baixá-lo da internet, mas havia um detalhe: só havia disponível legenda em espanhol, ou seja, além de conhecer um novo filme, treinei um idioma diferente rsrsrs...

A produção perpassa os quarenta anos de colonização americana na oeste ocupada pelos índios Cherokees (1890 - 1929). Sabe-se que muitos foram torturados e mortos neste período, devido ao incansável impulso produtivo que existe nos EUA. Yancey Cravat (Richard Dix), jornalista progressista e homem poderoso de Oklahoma, depois da abertura das terras em Osage para a colonização, deixa Wichita com sua família e vai tentar novas oportunidades de vida. Monta seu jornal no primitivo vilarejo, mas logo se cansa (ele tem a mania de não ficar mais de cinco anos em um só lugar), deixando esposa e dois filhos, em busca de novas aventuras em Cherokee Streep, possível reserva de petróleo (material muito pouco explorado na época).

Sabra Yancey (Irene Dunne) tem que administrar um jornal, cuidar da casa e dos filhos e se manter exemplar diante da sociedade machista e preconceituosa da época, enquanto os devaneios de seu marido eram saciados pela adrenalina de viver sem rumo. Os anos se passam e o vilarejo vira metrópole, graças ao "eficiência norte americana" (talvez uma das mensagens mais fortes do longa). Seja coincidência ou não, o filme foi produzido logo após o "crash" da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, que abalou as estruturas de todo o país, e exigiu a contínua reafirmação do poder dos americanos, o patriotismo exacerbado recorrente até os dias atuais nos EUA.

CIMARRON, que além do título do filme, é o nome do primogênito de Sabra e Yancey, ao mesmo tempo em que maltrata mais ainda os índios, com preconceitos que, na época, ainda não eram politicamente incorretos, transmite lições de cidadania e respeito ao próximo, como o julgamento de uma prostituta por injúria social, considerada inocente, ou o casamento entre Cimarron e uma índia legítima (tudo isso já na década de 20 do século passado, ou seja, no final da história. Desde 1890, Yancey tenta conscientizar seus conterrâneos, através de seus editoriais, que todos são iguais perante Deus, já que também á pastor)

Por meio de um homem poderoso, que representa a capacidade de desenvolvimento dos Estados Unidos, o diretor Wesley Ruggles conseguiu levar ao seu público o sentimento de superioridade que os EUA têm insistência em reafirmar, seja no cinema, na música, nas artes, na política, na economia ou em qualquer setor social.

Tecnicamente falando, Cimarron ousa ao encher o longa de externas (prática muito cara, tanto na época quando hoje) e levar ao set centenas de figurantes, que representam a população de Osage. As interpretações não merecem destaque algum, pois parece que todos ainda acham que estão atuando num filme mudo. O que era para ser um drama, se torna um faroeste cômico, gênero representativo das (quase) extintas chanchadas mudas. Os diretores parecem que tampouco se importam, pois contribuem com esse atraso interpretativo ao inserirem telas de legendas que demarcam as situações, ao invés de revelarem uma mudança do tempo e espaço dramáticos através de diálogos, prática bem mais eficiente e racional, uma vez que sua utilização pode denotar certa subestimação da inteligância do espectador.

Cimarron é o primeiro faroeste a ganhar o prêmio de melhor filme no Oscar (depois repetido apenas por Dança com Lobos e Os Imperdoáveis, já na década de 90). O filme realmente deve ter surpreendido na época, principalemente pelas sequências de corrida de cavalos pelo deserto, através de um travelling longo vindo do alto. Também pode ter surpreendido pela mensagem claramente patriota que o longa traz, exatamente num momento difícil pelo qual os Estado Unidos passavam. Mais uma prova de que cinema é altamente contextual, e não se deve julgar um filme de oitenta anos atrás com um olhar contemporâneo.

Mesmo não possuindo uma sincronia sonora excelente, nem interpretações exemplares, nem um gênero que me agrade (ninguém merece western, com seus estereótipos do vaqueiro que só bebe, atira e anda de cavalo sem motivo algum!!), o filme encanta pelo banho de história que proporciona e pelo roteiro super bem escrito (e adaptado).
Prova de que o longa chamou a atenção de público e crítica é o fato de ele ter sido refilmado em 1960, desta vez estrelado por Glenn Ford (o que não rendeu mais prestígio que a primeira edição). Baseado no romance homônimo de Edna ferber, Cimarron é divertido, dramático, revela os anseios de uma sociedade capitalista, líder de nascença, patriota, mas que precisou exterminar milhares de índios para se firmar como a potência que conhecemos hoje. De qualquer maneiro, recomendo.

OBS¹: Para o prêmio de melhor filme, concorreram Cimarron, Lágrimas de Amor, Skippy, Trader Horn e Última Hora.

OBS²: A tela de The End ainda permanece firme e forte

CIMARRON
LANÇAMENTO: 1931 (EUA)
DIREÇÃO: WESLEY RUGGLES
GÊNERO: WESTERN/ DRAMA
NOTA: 8,0

3 comentários:

Jhéé disse...

sério que a legenda era em espanhol? DIOS AMADO! por eso qe usted envió una mensajen en español para mí! hauihaiu

Tô Ligado disse...

teu espaõl deve ser muito bom... hehe.

Bom fim de semana!!!

Brentegani disse...

Por mais que sua nota tenha sido considerável, de vc ter recomendado e vc adorar espanhol (o q? não adora)rs, parece q vc não gostou tanto hein... rs
5bjs