O período entre-guerras mundiais foi marcado por uma bela produção que, entre tantas outras, busca conscientizar os espectadores, por meio da trama, sobre as desvantagens de se guerrear. Considerado o maior filme pacifista de todos os tempos, Sem Novidades no Front conta a história de sete jovens patriotas alemães que se alistam no exército apenas para defenderem seu país, sem nenhuma motivação vocacional. Na expectativa de encontrarem status e uma rotina sossegada, partem rumo a uma das experiências mais cruéis de suas vidas.
É da pior maneira que descobrem o lobo que existe no interior da pele de cordeiro que havia sido construída em seus subconscientes ao longo do período escolar. O professor Kantorek (Arnold Lucy) é o responsável por motivá-los a incorporarem o batalhão bélico através de um discurso marqueteiro, que remetia constantemente às vantagens que a guerra traria, sem fazer referência aos perigos.

Uma das cenas mais marcantes é a sequência realizada no início e no fim da obra, na qual um discurso altamente publicitário do professor "obriga" seus estudantes a se alistarem. Paul Bäumer (Lew Ayres), o único sobrevivente da primeira "leva" de carne fresca para o front, desobedece o professor e incentiva os estudantes a fazerem projetos pessoais, concretizarem seus sonhos e não se alistarem (isso já no final do filme, quando volta do campo de batalha).
O personagem de Ayres pode ser considerado o alter ego do diretor Lewis Milestone, que, mesmo sendo americano e produzindo filmes "para americano ver", deixa de lado o ego inflado de seus compatriotas e incorpora a devastação psicológica imbuída nas mentes dos perdedores da Primeira Guerra, soando como um grito de alerta para a paz (lembrando que, oito anos após a produção do longa, eclodiu a Segunda Guerra, ou seja, a mensagem não reverberou da maneira desejada).
Novidade na época, o filme conta com a utilização de flash backs dos alunos, que lembram de suas vidas "civis", temendo o que a guerra pode proporcionar-lhes, e também o brilhante uso de um travelling rápido no encontro entre dois batalhões inimigos na trincheira de guerra. A cena mostra com perfeição os tiros atingindo os soldados, as bombas explodindo etc. Até em filmes atuais não vi uma angulação tão interessante como a usada.
Qualidades à parte, tecnicamente (com exceção da cena da trincheira) o filme é ainda muito fraco, com desencontros entre ações e sons (como bombas e tiros), precariedades na construção dos cenários externos, como as trincheiras e pontos de apoio dos soldados, além de não possuir interpretações excepcionais. Os cortes entre as cenas são bem mais sutis que os filmes anteriores, mas ainda são usados em excesso. A compactação de cenas através de ligações mais amenas ainda não aparece.

No segundo Oscar do ano de 1930, realizado dia 5 de novembro, concorreram com Sem Novidades no Front: a comédia A Divorciada, Alvorada do Amor, a cinebiografia Disraeli e o drama O Presídio.
SEM NOVIDADES NO FRONT - ALL QUIET ON THE WESTERN FRONT
LANÇAMENTO: 1930 (EUA)
DIREÇÃO: LEWIS MILESTONE
GÊNERO: DRAMA/GUERRA
NOTA: 7,5
Um comentário:
Realmente era a época dos filmes de guerra né?!
Mas tá muito legal seu texto viu, como sempre, muito bem escrito!
Congratulations!
Postar um comentário