23 novembro 2010

TOP 1970 - Perdidos na Noite

Perdidos na Noite, filme vencedor do Oscar em 1970, conta a trágica história da amizade entre Joe Buck (Jon Voight) e Enrico Salvatore Rizzo “Ratso” (Dustin Hoffman), duas figuras solitárias que tentam ganhar a vida de várias maneiras possíveis em Nova Iorque. Joe, um falso cowboy vindo do interior do Mississipi em busca de dinheiro fácil na cidade grande, encontra o coxo charlatão “Ratso”, carimbado falsário capaz de enganar até a própria mãe para levar vantagem. Juntos, descobrem que a sobrevivência em NY é mais custosa do que imaginavam.

Após sair de casa para trabalhar como michê em Nova Iorque, Buck, caracterizado como o típico cowboy galanteador, descobre que nem todas as mulheres caem aos seus pés, como imaginava que seria. O fracasso profissional faz com que encontre em Rizzo, suposto cafetão profissional, uma luz para juntar a grana esperada. Inesperadamente, Rizzo blefa, roubando o pouco dinheiro que o cowboy racionava para possíveis emergências. Depois de experimentarem o quão desgostosa é a realidade de um miserável, decidem juntar as forças para tentarem sobreviver juntos, até o dia em que conseguirão dinheiro necessário para se mudarem para a Califórnia: a terra das oportunidades. Nasce daí a amizade que conduz a pessimista trama até seu emocionante desfecho.

Marco na história de Hollywood e do cinema mundial, o filme é pioneiro ao retratar alguns temas tabus até os dias atuais, como a prostituição masculina e a homossexualidade. Além disso, para completar sua inserção na categoria “cinema moderno”, Perdidos na Noite trabalha com inversão de papéis, construindo dois protagonistas que poderiam, perfeitamente, ser vilões, uma vez que se mostram vulneráveis a qualquer tipo de comportamento (mesmo que amoral) a fim de realizarem seus objetivos. A nudez feminina (e um pouco da masculina) é outra novidade explicitada na produção, única imprópria para menores de idade (na época) a levar a estatueta de Melhor Filme até hoje.

Ponto alto da trama, a interpretação de Voight e Hoffman é de aplaudir em pé. Em cada cena mais convincentes, os dois mantêm uma sintonia e uma perfeição na construção de seus complexos personagens que passamos a nos compadecer da história dos dois e a torcer para um final menos trágico. A trilha sonora é outro destaque da produção: ambientada no centro de Nova Iorque, a fotografia é abrilhantada pela música country que compõe, de maneira eficiente, a caracterização da paradoxa solidão dos protagonistas em meio a milhões de pessoas. Por falar em fotografia, os efeitos visuais experimentais usados no longa, além de condizerem com o momento histórico-social do movimento hippie e liberação sexual nos Estados Unidos (a turma do artista Andy Warhol é homenageada no filme), são novidade entre os indicados da Academia que, como sempre, teve predileção pelo inédito e mais polêmico.

Midnight Cowboys, título original da produção, é uma expressão utilizada a partir dos anos 50 no centro e periferia de NY, referindo-se aos garotos de programa que atendiam na cidade. Além do vencedor, concorreram ao posto de Melhor Filme: Ana dos Mil Dias (Anne of the Thousand Days), Z, Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid) e Alô, Dolly! (Hello, Dolly!).

Obs: Para quem não sabe, Joe Voight é pai da nossa conhecida Angelina Jolie. Dizem às más línguas, porém, que os dois brigaram feio há alguns anos atrás e não se falam desde então.

PERDIDOS NA NOITE (MIDNIGHT COWBOYS)
LANÇAMENTO: 1969 (EUA)
DIREÇÃO: JOHN SCHLESINGER
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 9,0

2 comentários:

Rodrigo Mendes disse...

Perdidos na Noite é um clássico muito bom!

Tem ótimos momentos entre a dupla.

Abs.
Rodrigo

Tô Ligado disse...

Será que o talento veio de Familia????