29 novembro 2010

TOP 1974 - Golpe de Mestre

Parece que o modelo instituído pelo cinema moderno veio pra ficar nas produções americanas a partir do final da década de sessenta. No filme vencedor do Oscar de 1974, Golpe de Mestre, mais uma vez somos apresentados a protagonistas nada corretos (moralmente falando) e que, se postos a prova, provavelmente não seriam exemplos de conduta a ninguém. Eles são Johnny Hooker (Robert Redford) e Henry Gondorff (Paul Newman), dois trapaceiros que se juntam para se vingarem do criminoso Doyle Lonnegan (Robert Shaw), assassino de um antigo colega de Hooker, que o ajudou a roubar uma grande quantia em dinheiro de um dos capangas de Lonnegan.

Após a morte do amigo, Hooker vai atrás de Gondorff (por conhecer suas exímias habilidades como trapaceiro) para lhe pedir que o ajude a elaborar um plano para se vingar de Lonnegan. Depois de conseguirem certo êxito em pequenos golpes contra o bandido no Pôcker, é a vez da corrida de cavalos ser o mote para o plano que arquitetam. Será a maior e única chance dos dois conseguirem aplicar a tão sonhada vingança.

Redford e Newman estão espetaculares em seus papéis. Já acostumados a trabalharem juntos (dividiram o protagonismo do sucesso Butch Cassidy, em 1969), têm uma ótima sintonia, perceptível aos olhos dos espectadores. Os dois encarnam típicos pilantras, com o ar misterioso, o sarcasmo e a ironia suficientes para encantar todos que assistem essa obra-prima do cinema. A relação que os personagens traçam entre seus atos ilícitos e o carisma que possuem é algo misteriosamente magnífico.

A edição do longa é outro ponto a ser destacado: a montagem é toda feita em forma de paginação (capítulos contam a história. Cada capítulo contém uma página de título que aparece - acompanhada de um desenho - e desaparece por meio do efeito de página). Além disso, a transição entre cenas é feita das mais variadas maneiras, desde um simples fade-out até um afunilamento que destaca determinado objeto ou uma inversão de eixo, uma linha que corta toda a tela e se estende seqüencialmente para a esquerda ou direita etc. São muitos efeitos que, juntos, conferem um universo de fábula para a produção, tornando-a mais leve e gostosa de ser vista.

A trilha sonora é deslumbrante. Por meio de solos de piano, a história é contada sem que haja tensão, mesmo nos momentos mais sérios da trama. A intenção do diretor George Roy Hill, segundo a própria divulgação do filme, era produzir uma comédia, o que foi brilhantemente conseguido, graças a maestria da equipe de pré e pós produção, que fez com que nós, meros receptores do produto final, fiquemos abismados com o resultado conseguido mais de 40 anos depois.

Para finalizar, não poderia deixar de mencionar o final surpresa que O Golpe de Mestre reserva. Para quem ainda não assistiu o filme, o choque causado por um acontecimento inesperado parece destruir todos os planos enveredados até então, o que deixa personagens e espectadores totalmente confusos. Um dos finais mais bem elaborados que eu já vi. Adorei!

Naquele ano ainda concorreram a Melhor Filme: Gritos e Sussurros (Viskningar och rop - Ingmar Bergman), Um Toque de Classe (A Touch of Class), Loucuras de Verão (American Graffiti - George Lucas, antes de começar a produzir Star Wars) e O Exorcista (The Exorcist, único terror a concorrer ao prêmio-mor do Oscar até hoje).

GOLPE DE MESTRE (THE STING)
LANÇAMENTO: 1973 (EUA)
DIREÇÃO: GEORGE ROY HILL
GÊNERO: COMÉDIA/ DRAMA
NOTA: 9,3

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