02 março 2011

TOP 2001 - Gladiador

O grande vencedor do primeiro Oscar do milênio na categoria Melhor Filme deu para os espectadores a mesma sensação que os antigos romanos obtinham quando, extasiados pela diversão sanguinolenta, assistiam aos massacres injustos entre gladiadores e seus adversários, na maior parte das vezes mais fortes que eles. É a tal da dobradinha pão e circo, que mantinha as governanças opressoras com o consentimento popular mediante políticas públicas assistenciais e divertimento barato (mais ou menos o que o Lula tentou implantar nos últimos oito anos, respeitadas as devidas proporções).

Está óbvio que falo de Gladiador, uma das obras mais fracas da carreira do diretor Ridley Scott, que abocanhou cinco estatuetas na edição 2011 do Academy Awards, incluindo Melhor Filme, Ator e prêmios técnicos, como Figurino, Efeitos Visuais e Som. O épico tem lá suas qualidades, mas peca (e muito) na composição de um quadro de histórias de vida reais mescladas com a ficção. Pode até ter sido de propósito, mas acho que essa mistura interferiu um pouco na recepção e na fruição dos espectadores.

Outra injustiça cometida foi a premiação de Russell Crowe como melhor ator do ano, tendo ele concorrido com os superiores (naquela circunstância) Tom Hanks (por Náufrago), Javier Bardem (por Antes do Anoitecer) e Geoffrey Rush (por Contos Proibidos do Marquês de Sade). Crowe deveria ter ganhado a mesma estatueta apenas um ano depois, pela atuação em Uma Mente Brilhante, o que não aconteceu. Como o ex-general romano que é acusado de traição, condenado à morte, mas que escapa e inicia uma jornada de vingança contra seu algoz (o próprio imperador), Russell está operacional, numa atuação verticalizada, uniforme, sem dinamismo. Em se tratando da vitória da estatueta de Melhor Filme, até que os outros candidatos foram desbancados justamente, como você pode conferir a seguir. Foram eles: Traffic, Erin Brockovich – Uma Mulher de Verdade (Erin Brockovich), O Tigre e o Dragão (Wo Hu Cang Long) e Chocolate (Chocolat). Entre os indicados, vamos combinar que Gladiador é o que consegue ser mais completo.

Mesmo assim, oferece nada mais do que diversão e imagens bonitas para o espectador, que não tem nem vontade de torcer pelo sucesso do protagonista, como aconteceu com William Wallace em Coração Valente, por exemplo. Faltou a criação de uma identificação maior dos receptores com os personagens, que são representados de um modo frio, maniqueísta, isento de proximidade com quem os assiste. A atratividade das lutas no Coliseu sem dúvida funciona, principalmente quando me refiro à predileção de certas pessoas por entretenimento gratuito, sem profundidade artística.

Revelando um pouco do roteiro, Gladiador conta a história de um gladiador (ooohhhh!) que busca a vingança após sua condenação a morte e o assassinato de sua família. Antes do novo ofício, Maximus (Crowe) era um general importante do exército romano, braço direito e provável herdeiro do trono após a morte de Marcus Aurelius, fato de desagrada o herdeiro oficial do trono, Commodus (Joaquin Phoenix), que resolve adiantar o fim da vida do pai antes do anúncio de Maximus como novo imperador. Além disso, condena o rival à morte e enforca esposa e filho do protagonista. Sozinho no mundo, Maximus consegue fugir, mas não vê sentido em mais nada a não ser se vingar do assassino de sua família. Aos poucos se consagra como gladiador, sob o pseudônimo de espanhol, e gradativamente chega mais perto de Commodus.

GLADIADOR (GLADIATOR)
LANÇAMENTO: 2000 (EUA/ REINO UNIDO)
DIREÇÃO: RIDLEY SCOTT
GÊNERO: AÇÃO/ DRAMA
NOTA: 7,5

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