19 julho 2010

TOP 1945 - O Bom Pastor

Misto de drama, comédia e musical, O Bom Pastor ganhou não apenas a estatueta de Melhor Filme no Oscar de 1945 como também o coração de muita gente. É que o filme é daqueles que dá gosto de assistir por possuir vários fatores que atraem a atenção do público e fazem com que sempre fique aquele gostinho de quero mais. Num estilo à la Frank Capra (que eu adoro), o diretor Leo McCarey trabalha com um assunto polêmico até hoje de uma maneira super tranquila.

A trama conta a história do Pe. Chuck O'Malley, interpretado por Bing Crosby, um dos mais populares cantores dos EUA nas décadas de 30 e 40, que chega a falida pároquia de St. Dominique para dar um novo fôlego ao trabalho realizado há 45 anos pelo Pe. Fitzgibbon (papel que fez com que, pela única vez na história da Academia, um ator [Barry Fitzgerald] concorresse nas categorias Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante ao mesmo tempo).

O que o antigo pároco, e todo o povo da cidade não suspeitavam, era que o novo assistente era um sacerdote muito “moderno”, com uma postura e uma mentalidade progressista e de combate ao conservadorismo da Igreja Católica. Para ele, há a necessidade de se ter momentos de descontração, seja cantando ou jogando golfe, que fujam da insistência de Fitzgibbon para que tudo em sua vida seja relacionado ao sacerdócio (faz 30 anos que ele não vê sua mãe pois acredita que perderá tempo viajando quando poderia estar tentando reerguer a paróquia). Suas ações são muito criticadas, porém ao longo da história, vão se tornando símbolo de eficiência cristã.

O'Malley consegue reunir uma gangue de rua num coro de canto gregoriano, fez com que uma moça solteira que fugiu de casa (caso perdido na época) encontrasse o homem ideal e constiuísse uma família, arrumou dinheiro para a construção da nova igreja (depois de um incêndio) através da gravação de uma de suas músicas, enfim, foi conquistando a confiança de toda a população, mesmo sendo totalmente diferente da maioria dos outros padres que por ali passaram.

Atenção as cenas musicais, pois elas são surpreendentes. Crosby canta e atua muito bem, com uma interpretação cativante e convincente. Acho que mesmo os religiosos mais conservadores da época que assistiram o filme passaram a se questionar sobre possíveis mudanças dentro do clero.

O longa é moralista, faz com que todos acabem concordando com o final da história e mesmo aqueles que foram cabeça-duras o filme todo amoleçam diante do desenrolar das cenas. O mérito do filme está em ser tipicamente cheio de juízo de valor, mesmo tratando de um tema estritamente polêmico como é a conduta dos padres. Só por esse feito, o diretor já merece os parabéns.

Naquele ano, concorreram à Melhor Filme: À Meia Luz (Gaslight), Pacto de Sangue (Double Indemnity), Desde que Partisse (Since You Went Away) e Wilson.

O BOM PASTOR (GOING MY WAY)
LANÇAMENTO: 1944 (EUA)
DIREÇÃO: LEO MCCAREY
GÊNERO: DRAMA/ MUSICAL
NOTA: 8,0

2 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Eu gosto da premissa deste, mas sem dúvida Pacto de sangue e até o inesquecível À Meia Luz, são infinitamente superiores.

abraço!

Brentegani disse...

Nossa Gui, faz tempo que não assisto um musical hein...
E vamos correr pra aumentar o prazo do Top 1/3. rs
Bjs