Sendo assim, Pu-Yi conseguiu manter seu poder devido ao conservadorismo dos milhares de súditos que torciam pelo retorno do Império até que em 1924 foi expulso do palácio pela república chinesa, conseguindo apoio da embaixada do Japão, que mais tarde invadiria e tomaria a parte nordeste do país, conhecida como Manchúria. Tal relação foi considerada uma traição pelo Kuomintang, governo republicano/ditatorial comandado por Chiang Kai-Shek desde 1928, que capturou Pu-Yi, mantendo-o por mais de dez anos num campo de reeducação social para criminosos de guerra. No final dos anos 50, por orientação do então presidente Mao-Tse Tung, Pu-Yi é libertado e passa a ter uma vida normal e tranquila como jardineiro em Pequim.
Para explicar toda a trajetória do protagonista, o filme de Bertolucci conta com 2 horas e quarenta e cinco minutos de duração, um tempo mais que maçante para uma produção lenta e sem ação como essa. Sem desmerecer o trabalho (que deve ter sido duro) de toda a equipe, prefiro assistir filmes orientais produzidos por profissionais orientais. A singeleza e o cuidado com que mestres como Kurosawa contam histórias simples, tornando-as complexas e impressionantes aos olhos do espectador, é de se fazer pensar se uma produção megalomaníaca como O Último Imperador não poderia ser mais sucinta e focar mais o lado psicológico de Pu-Yi ao invés de perder longos minutos com fatos históricos. É evidente que o filme é um esclarecedor documento histórico, que inclusive me ajudou a entender melhor a complicada trajetória geopolítica da China, mas não foi um longa que me pegou, como costumo dizer. Foi muito difícil não cair no sono durante a exibição.

O problema é que épicos longos já estavam fora de moda no final da década de oitenta. Desde William Wyler e Cecil B. Demille as produções escalafobéticas deixaram de ter o mesmo peso para a cinematografia mundial, dando espaço para a ficção científica e em menor escala para os dramas cotidianos, que inclusive dominaram o gosto dos acadêmicos nos anos 80. O filme não apenas envelheceu mal, mas também nasceu numa época errada. Fico me perguntando se o motivo para tamanho sucesso no Oscar seria a falta de concorrentes bons no mesmo ano ou o peso da assinatura de Bernardo Bertolucci que falou mais alto na hora da avaliação.
Na premiação do Oscar em 1988, O Último Imperador teve de superar a concorrência de mais quatro longas, entre eles o bélico inglês Esperança e Glória (Hope and Glory), Nos Bastidores da Notícia (Broadcasting News), Atração Fatal (Fatal Attraction) e Feitiço da Lua (Moonstruck).
O ÚLTIMO IMPERADOR (THE LAST EMPEROR)
LANÇAMENTO: 1988 (CHINA/ FRANÇA/ ITÁLIA/ REINO UNIDO)
DIREÇÃO: BERNARDO BERTOLUCCI
GÊNERO: DRAMA/ BIOGRAFIA
NOTA: 7,5
2 comentários:
Um filme marcante! Melhor que o Pequeno Buda com Reeves, uma obra prima grandiosa mesmo.
Bertolucci tem seus méritos e uma obra excelente.
Abs.
Rodrigo
Opaaa... Essa semana tirei um pouco meu atrazo na locadora. Depois posto lá no blog.
Gui, to de mudanca pro RS. Mas devo ir em Sp dia 18 de marco e volto dia 20. Se der, a gnt marca algo lá! caso queira vir ao RS será muito bem vindo.
Abracos!
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