28 junho 2010

TOP 1941 - Rebecca, A Mulher Inesquecível

Quando se pensa na filmografia de Hitchcock, produções consagradas como Janela Indiscreta, Os Pássaros ou Psicose ofuscam a maestria de outros longas imperdíveis do diretor (sem desmerecer os supracitadas, obviamente). Um exemplo clássico de filme relegado a "apenas mais um" é "Rebecca: A Mulher Inesquecível", única produção de Hitchcock vencedor do Oscar (por incrível que pareça). Mais incrível ainda é pensar que o maior diretor de todos os tempos nunca foi agraciado pela Academia como Melhor Diretor.

Voltando ao assunto, foi no Oscar 1941 que "Rebecca..." levou a estatueta mor na cerimônia, tendo concorrido com os gigantes A Vinha da Ira (Grapes of Wrath) e O Grande Ditador (The Great Dictator), além de A Longa Viagem de Volta (The Long Voyage Home), A Carta (The Letter), Núpcias de Escândalo (The Philadélphia Story) e Correspondente Estrangeiro (Foreign Correspondent), também dirigido por Alfred Hitchcock.

O roteiro, adaptado do romance homônimo de Daphne Du Maurier, conta a história de Rebecca, esposa morta do milionário Maxim' De Winter (Laurence Olivier), que, por meio de sua "sombra", influencia a vida da nova sra. De Winter (Joan Fontaine em seu primeiro papel no cinema), que se vê pressionada a seguir exatamente tudo o que a falecida fazia. Mais uma inovação no cinema, a protagonista não existe presencialmente no filme, o que revela o trabalho afinado do diretor para que construíssemos a imagem da personagem em nosso imaginário, sem ao menos vê-la por uma única vez. Toda a construção de sua personalidade, temperamento e trejeitos é possível por meio das falas dos personagens secundários, responsáveis por adulá-la e relembrar sua existência, tornando-a inesquecível.

Outro detalhe super importante (que me passou despercebido ao assistir o filme) é o fato de a nova sra. De Winter não possuir nome, o que contribui para que uma denominação não interferisse no principal objetivo de Hitchcock, que era supervalorizar Rebecca e fazer com que sua imagem se materializasse para os espectadores. A pressão é tamanha em cima da recém casada sra. De Winter que o suspense criado pelo diretor vai se intensificando e tornando a trama mais e mais misteriosa, até o momento em que conhecemos realmente quem foi Rebecca.

O filme é dividido em três partes: o encontro entre Maxim' e sua nova esposa em Monte Carlo e os momentos amorosos entre eles; a tentativa de adaptação da sra. De Winter na mansão Manderley pressionada pelas lembranças dos criados (principalmente da governante e vilã Sra. Danvers, interpretada por Judith Anderson); e o desfecho do mistério, após a revelação do que realmente aconteceu na noite da morte de Rebecca. A ligação entre as partes do roteiro é tênue e divinamente costurada pela equipe de Hitchcock.

Engraçado é que, depois de E O Vento Levou, o recurso das cores sumiu novamente. Mesmo preto e branco, as paisagens inglesas, entrecortadas por uma charmosa e perene neblina, ganham destaque no filme. Talvez um dos melhores vencedores do Oscar até aquele ano (o mais distinto, com certeza), a primeira produção americana de Hitchcock e primeiro thriller a vencer como Melhor Filme deve ser assistido antes de morrer por aqueles que se consideram verdadeiros cinéfilos.

REBECCA, A MULHER INESQUECÍVEL (REBECCA)
LANÇAMENTO: 1940 (EUA)
DIREÇÃO: ALFRED HITCHCOCK
GÊNERO: SUSPENSE
NOTA: 9,0

2 comentários:

Tô Ligado disse...

Cara... acredita que eu fui ao cinema e o filme já havia saido de cartaz?!

Aff!!!

Tô Ligado disse...

Fala Gui...

Também notei a mesma coisa. Os filmes antigos causavam mais medo na gente... ou será que nós crescemos???
Fiquei muito puto com o cinema viu?!

Ah, pode comentar o quanto quiser... adoro ver uma discussão inteligete sobre TV.

Abraços