19 janeiro 2011

TOP 1992 - O Silêncio dos Inocentes

Um dos personagens mais perturbadores da história do cinema protagoniza o longa vencedor do prêmio de Melhor Filme no Oscar de 1992. Baseado no livro homônimo de Thomas Harris, O Silêncio dos Inocentes é o primeiro da série que apresentou para o mundo o inescrupuloso psiquiatra Hannibal Lecter, serial killer que tem como característica principal devorar suas vítimas após a morte. Foi o terceiro filme da história a conseguir a proeza de levar para a casa as cinco principais estatuetas da Academia (Melhor Filme, Diretor, Roteiro, Ator e Atriz). Antes, o feito havia sido conquistado apenas por Aconteceu Naquela Noite, em 1935, e Um Estranho no Ninho, em 1976. Além deste posto, é o segundo (e último) suspense a ganhar o prêmio de Melhor Filme no Oscar, juntamente com Rebecca, a Mulher Inesquecível (1941).

Para disputar a principal estatueta com “O Silêncio...”, concorreram mais quatro produções: O Príncipe das Marés (The Prince of Tides), A Bela e a Fera (Beauty and The Beast), Bugsy e JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar (JFK), de Oliver Stone, nenhuma delas digna de superar a grandiosidade do filme vencedor. A trama principal do roteiro deveria ser a investigação dos assassinatos de Buffalo Bill (Ted Levine), antigo paciente de Lecter, que estava aterrorizando os Estados Unidos com a mórbida mania de matar mulheres gordas e esfolá-las, guardando para si as peles das vítimas.

Porém, a força interpretativa de Anthony Hopkins encarnando o diabólico Hannibal Lecter atraiu todas as atenções (merecidamente), fazendo com que o personagem, mesmo sem passado nem presente na história, fosse a grande estrela do filme. A dualidade entre empatia e desgosto, entre admiração e repulsa nos espectadores é clara e constante. Não sabemos se torcemos para que o assassino saia da prisão e talvez encontre um caminho moralmente (e legalmente) aceito ou que ele apodreça pagando pelas atrocidades cometidas no passado.

A responsável por despertar essa fera do sono é a agente Clarice Starling (Judie Foster) que acredita conseguir, na esperança de finalmente ocupar uma vaga definitiva no setor de análise de comportamentos do FBI, o paradeiro de Buffalo Bill, por meio da sagacidade de Lecter que, além de já ter sido o psiquiatra do assassino desaparecido, é um ótimo analista mental. A relação entre os dois é indescritível, passando do ódio absoluto à dependência. Hannibal aos poucos revela detalhes da vida de Bill, enquanto exige que Starling se comprometa a conseguir alguns benefícios para ele, além de pedir que a detetive também conte detalhes sobre sua vida pessoal (é nesse momento que descobrimos o porquê do título do filme, que no original traduzido quer dizer o silêncio dos cordeiros).

A trilha sonora compõe o universo sinistro produzido pelo roteiro e pelas interpretações, materializando o mal de maneira assustadora. Sem se ater a apelos sobrenaturais ou sanguinolentos, o diretor Jonathan Demme assusta de maneira visceral, orgânica, inaugurando um estilo de medo elegante, psicológico, perturbador. Dificilmente a Academia premia um longa que não seja de drama ou guerra. Só por aí já se pode perceber a infinitude de argumentos positivos para provar que O Silêncio dos Inocentes é um filmão.

O SILÊNCIO DOS INOCENTES (THE SILENCE OF THE LAMBS)
LANÇAMENTO: 1991
DIREÇÃO: JONATHAN DEMME
GÊNERO: SUSPENSE/ POLICIAL
NOTA: 9,0

3 comentários:

Tô Ligado disse...

Por que não deu 10? Perfeito este filme!

Esceletes interpretaçoes, roteiro e direcao.

Alan Raspante disse...

Muito bom, excelente suspense policial além das ótimas atuações!

[]s

mari celma disse...

Em um ano de filmes medianos não surpreendeu que O silêncio dos Inocentes arrebatasse tantas estatuetas. Não concordo com o Oscar de melhor atriz, mas não havia conconrrência então...no entanto o velho Hanibal levou todo mundo com ele para o sucesso da pelicula.