20 março 2011

TOP 2008 - Onde os Fracos Não Têm Vez

Na cerimônia do Oscar 2008, o maior vencedor da noite foi Onde os Fracos Não Têm Vez, grande projeto dos irmãos Ethan e Joel Coen, que escreveram, produziram e dirigiram este obra-prima do cinema contemporâneo. Antes de levarem a estatueta, no entanto, os cineastas tiveram que desbancar mais quatro candidatos a melhor filme daquele ano: Juno, Sangue Negro (There Will Be Blood), Desejo e Reparação (Atonement) e Conduta de Risco (Michael Clayton). Na data em que o Oscar completava 80 aninhos de existência, um faroeste funesto e cruel levou a melhor na luta pelos louros da Academia.

Mais do que um simples faroeste, Onde os Fracos Não Têm Vez destrincha o cenário que serviu de pano de fundo para as aventuras do Velho Oeste antigamente e hoje são assoladas pelos ventos da modernidade. Bom, o filme que venceu o Oscar há 3 anos vem afirmar exatamente o contrário. Vem mostrar que os fracos não tem vez no ambiente seco e inóspito dos desertos sulistas dos EUA, ambiente que interfere na conduta de quem por lá resolve adotar como sua casa. A lição central do longa é dada pelo xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) que, a beira da aposentadoria, reclama da subversão moral que os jovens implantam na sociedade atual com suas tatuagens, piercings e modas modernosas. Como contraponto, é desafiado pelo psicopata Anton Chigurh (Javier Bardem), típico representante da frieza e insensibilidade dos assassinos que, nos ditos bons tempo por Bell, eram os pilares da lei dos homens no oeste.

Dividido entre a falta do sentimento de pertencimento da sociedade contemporâneo e a estranheza de ter de perseguir um exemplo legítimo dos tempos maniqueístas, Bell, apesar de parecer um mero coadjuvante, tem papel essencial no roteiro, que constrói um retrato realista da violência humana, mesmo que com base num personagem quase desumano de tão cruel. Acontece que para embasar sua tese, os irmãos Coen tinham de lançar mão de um vilão com uma conduta exagerada, nível que Javier Bardem conseguiu de maneira exemplar explorar em seu antagonista (pelo seu trabalho, levou a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante para casa). A inexistência de senso de humor, o calculismo e uma moral individual e única permeiam os motivos pelos quais Anton mata indiscriminadamente (para ele, o grande objetivo de sua vida, sua missão ditada por Deus, é assassinar).

No lado mais fraco da corda fica Llewelyn Moss (Josh Brolin), um caçador nada esperto que, ao encontrar um traficante de drogas morto no meio do deserto, resolve pegar uma valise cheia de dinheiro que estava em posse do morto, mesmo sabendo que logo seria procurado por alguém para reaver os dólares. Esse alguém é Chigurh, responsável por protagonizar a principal ação da trama: uma perseguição eletrizante e sanguinolenta, que deixa de queixo caído qualquer espectador. Esse é o grande mérito do longa: conseguir ser atraente tanto para aqueles que adoram filmes de ação e suspense muito violentos, além de também agradarem os amantes do cinema de qualidade, dos filmes que, além de boas atuações, fotografias maravilhosas e histórias super interessantes, promovem discussão, reflexão e um crescimento cultural para quem os assiste.

ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ (NO COUNTRY FOR OLD MEN)
LANÇAMENTO: 2007 (EUA)
DIREÇÃO: ETHAN COEN/ JOEL COEN
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 9,5

3 comentários:

Alan Raspante disse...

Demorei muito para conferir este filme. Javier Barden em ótima performance!!

Tô Ligado disse...

Achei beeem sem lógoca esse filme. Apesar de excelentes interpretações, o enredo não me chamou atenção!

Abração Gui

pseudo-autor disse...

Adoro os Coen, mas que aqui garfaram o Paul Thomas Anderson descaradamente, garfaram...

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