21 agosto 2010

TOP 1958 - A Ponte do Rio Kwai

Sam Spiegel, o produtor de clássicos absolutos do cinema como Sindicato de Ladrões, Lawrence da Arábia e Doutor Jivago, foi o responsável por dar a “A Ponte do Rio Kwai”, em 1958, status de grande obra junto à crítica americana. Em alguns casos, como este, o papel do produtor se sobressaía ao do diretor nos estúdios estadunidenses, uma vez que era ele quem arcava com as implicações financeiras da produção e, portanto, achava que podia meter o bedelho onde quisesse, desde o roteiro até o elenco. Só se salvavam aqueles diretores prestigiados que podiam responder pelo dinheiro e pela idéia ao mesmo tempo.

Sendo assim, o diretor David Lean foi contratado para contar em imagens as idéias de Spiegel, influenciado pelos textos-reportagens do francês Pierre Boulle, que conta a saga da construção de uma ponte sob um rio em Cingapura. A obra é comandada por um destacamento do exército japonês, que mantém preso na ilha um grupo de militares ingleses, obrigando-os a trabalharem sob as mínimas condições humanas. A construção, que realmente aconteceu em 1943 – durante a Guerra, é importante para a expansão da posse espacial do Japão em terras indianas, além de facilitar o transporte de material bélico.

O embate que permeia toda a trama fica por conta do conflito de poder entre o coronel inglês Nicholson (Alec Guinnes) e o comandante japonês Saito (Sessue Hayakawa). Enquanto o militar oriental quer a todo custo terminar a ponte, independente se explorará ou não os direitos dos trabalhadores, Nicholson baseia seu comportamento no código de ética de Genebra, que afirma que oficiais não podem executar trabalhos braçais. Após muitas retaliações e punições, Saito admite que talvez a ajuda dos ingleses realmente seja necessária e se rende as exigências do rival.

Ao mesmo tempo em que os ingleses decidem se esforçar para provar para os japoneses que podem finalizar a tempo a ponte, o major Shears (William Holdem), único militar que havia conseguido fugir do cativeiro japonês, decide voltar para a floresta e vingar os maus tratos cometidos contra seu coronel (sem saber que ele já havia sido libertado), destruindo a ponte. Esse universo de dúvida, orgulho e competição consegue prender o espectador à história e surpreendê-lo num final espetacular e digno de aplausos.

As filmagens foram todas realizadas na Ásia, com atores nativos, instrumentos de cenas locais e um gasto exorbitante para que tudo se tornasse o mais real possível. As interpretações são coesas e corretas (isso pode soar como crítica, mas talvez prefira entender como incompreensão – ou apatia ao gênero de filme de guerra – com algumas exceções, é claro). Destaco a primeira parte do filme (a menos cansativa), na qual o coronel Nicholson é preso e constantemente torturado por Saito para que permita que seus oficiais trabalhem na construção da ponte. A pressão psicológica e a sensação de claustrofobia experimentada pelos ingleses na ilha transpassa a tela e chega até o espectador, que vive os dramas dos personagens.

Por ser longo demais (assim como Dr. Jivago e Lawrence da Arábia), o roteiro de A Ponte do Rio Kwai cansa ao “enrolar” muito para chegar à seu ápice (a explosão da ponte), entediando quem está envolvido com a história. Apesar de ser bem conhecido e elogiado (levou sete estatuetas), o longa não merecia ter ganhado de Doze Homens e Uma Sentença (12 Angry Men), obra prima do cinema clássico, nem de Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution), do mestre Billy Wilder. Tirando as duas injustiças, ainda concorreram a Melhor Filme naquele ano: A Caldeira do Diabo (Peuton Place) e Sayonara, com Marlon Brando.

A PONTE DO RIO KWAI (THE BRIDGE ON THE RIVER KWAI)
LANÇAMENTO: 1957 (EUA)
DIREÇÃO: DAVID LEAN
GÊNERO: DRAMA/ GUERRA
NOTA: 7,5

3 comentários:

Hugo disse...

Não entrarei no mérito se o filme foi merecedor dos Oscar, principalmente porque gosto muito deste e também de "Doze Homens e uma Senteça".

Este filme é um dos grandes clássicos sobre guerra, com ótimo roteiro, interpretações e uma música tema inesquecível.

Abraço

Tô Ligado disse...

Incrível como os filmes que ganham o OSCAR são grande e por diversas vezes intediante. Nunca consegui entender o critério de avaliação....

Bom domingo.

Elton Telles disse...

E ae, Gui!

pertinente a sua análise, não tiro a razão de quem ache "A Ponte do Rio Kwai" um pouco arrastado, mas eu simplsmente acho um dos melhores filmes que já levou a estatueta principal e, digo mais, um dos melhores filmes de guerra! História coesa, surpreendente e com um final arrebatador - a cena da ponte caindo é coisa de mestre! Se David Lean não vencesse aquele Oscar, certamente seria uma vergonha - embora, sim, Sidney Lumet estava lá também, sensacional como sempre.

Em suma, considero este um filme fantástico e com atuações arrasadoras. William Holden... difícil falar mal do trabalho desse cara, uber profissional =)


abraço! o/