05 janeiro 2011

TOP 1987 - Platoon

Oliver Stone levou a estatueta-mor da Academia na premiação do Oscar em 1987 graças a Platoon, considerado por alguns como o melhor de seus filmes. O grande feito de Stone no longa é, além de ter sido o roteirista e diretor, servir de mentor para o elenco, uma vez que transportou para o set de filmagem a experiência pessoal que teve como combatente na Guerra do Vietnã, anos antes. E é por meio dessa visão mais realista que o filme se constrói, mostrando as crueldades e as injustiças de uma guerra, seja para que lado se lute.

Não há preocupação em explicar as origens do combate ou os estratagemas bélicos. O foco do filme se baseia na pressão psicológica e no desespero de jovens que nem ao menos sabem porque e por quem estão lutando, muito menos onde pisam num país totalmente desconhecido. Por outro lado, vemos um povo vietnamita acossado, assustado com a invasão dos americanos e muitas vezes indefeso, lançando mão de técnicas de combate precárias e improvisadas para sobreviver.

A história gira em torno dos depoimentos do recruta Chris Taylor (Charlie Sheen, quando ainda fazia papéis sérios no cinema), voluntário do exército norte-americano, que sai da universidade e vai para o Vietnã a fim de novas experiências. Aos poucos, a ingenuidade do garoto do interior dá lugar a um misto de loucura e brutalidade, sinais da perturbação gerada pelo tempo que combateu nas florestas do Vietnã.

O horror gerado pelas emboscadas planejadas por ambos os lados é impresso pelas excelentes atuações dos até então novatos Keith David, Johnny Depp, Forest Whitaker, Willem Dafoe e Tom Berenger, time de peso que ajudou o protagonista Charlie Sheen a entrar no universo doloroso e sufocante de uma guerra. Além de ter de enfrentar por um ano o medo iminente da morte nas florestas úmidas do Vietnã, Taylor tem que superar a constante disputa de egos entre os comandantes dos pelotões, que digladiam pelo poder absoluto, o que acaba projetando para os espectadores uma declarada crítica ao poderio americano.

Platoon é mais um daqueles filmes pacifistas que expõem as conseqüências emocionais provocadas por uma disputa bélica (muitas vezes irracional) entre dois países, com a diferença de ser mais orgânico, paradoxalmente mais explícito e sutil ao mesmo tempo, livre de discussões geopolíticas intermináveis e mais reflexivo, pessoal, intimista...e cruel. Aquela antiga premissa (já exposta em outras análises aqui no 1/3) de que um soldado nunca deixa a guerra quando ela acaba, carregando seus frutos (quase sempre negativos) para o resto da vida se repete nesta produção, explicitada com maestria pela transformação que Charlie Sheen provoca no personagem mais significativo de sua carreira.

Em 1987 ainda concorreram ao posto de Melhor Filme mais quatro longas. São eles: A Missão (The Mission), Uma Janela Para o Amor (A Room With a View), Filhos do Silêncio (Children of a Lesser God) e Hannah e Suas Irmãs (Hannah and Her Sisters), mais uma das dezenas de comédias de Woody Allen.

PLATOON
LANÇAMENTO: 1986 (EUA)
DIREÇÃO: OLIVER STONE
GÊNERO: GUERRA/ DRAMA
NOTA: 8,5


Um comentário:

Tô Ligado disse...

Fala Gui.

Acho super engraçado ver grandes atores em início de carreira... ou então acompanhar o desenvolvimento a cada filme. Platoon tá aí pra isso. Aposto que ninguém iria imaginar quem seria Johnny Dep.

Abracos