03 fevereiro 2011

TOP 1996 - Coração Valente

No premiação do Oscar de 1996, a Academia mostrou mais uma vez que gosta de épicos dirigidos e protagonizados pela mesma pessoa, ou seja, de cinema autoral. Foi o que aconteceu com Robert Redford em Entre Dois Amores (1986) e Kevin Costner em Dança com Lobos (1991). Nenhum deles, no entanto, é bom o suficiente para superar a qualidade de Coração Valente, megaprodução estrelada e dirigida por Mel Gibson, provando que o machão de filmes como Máquina Mortífera e Mad Max também é sensível o bastante para encabeçar uma obra-prima que é eficaz quando se arrisca pelo romance, ação, aventura e drama de guerra, seu gênero primeiro. É difícil encontrar entre seus congêneres um exemplo tão evidente de caso bem sucedido de um longa grande (são 180 minutos de duração) que consegue agradar público e crítica com uma história envolvente e fluida.

Baseado numa história real, o filme acompanha a trajetória de William Wallace (vivido pelo próprio Gibson, que se caracterizou por meio de um cabelão desgrenhado e tranças mal trançadas), escocês que perdeu a família quando criança, tendo sido criado por um tio em Londres. Uma das maiores lições aprendidas por Wallace foi o do uso da inteligência acima da força física, o que o fez querer voltar para sua terra e livrá-la das mãos dos ingleses
(colonizadores da Escócia no século XIII) pacificamente.

A situação muda, entretanto, quando sua amada Murron MacClannough (Catherine McCormack) é violentamente assassinada pelo exército inglês (por causa da agressão de William a um general que tentava estuprar Murron): um guerreiro sanguinário dá lugar ao polido e erudito Wallace de antes, sem no entanto deixar de lado sua racionalidade e raciocínio estratégico, características que o transformaram na figura mística e heróica lembrada até hoje na Escócia (que se torna livre em 1707 graças ao nascimento de um sentimento de patriotismo no século XIII, herança de Wallace).

É exatamente desse perfil heróico que Gibson se aproveita para conceituar a existência de seu protagonista num roteiro cheio de altos e baixos, trechos inesperados e envolventes e cenas memoráveis que, além de totalizarem um completo documento histórico do Reino Unido, completam-se no melhor épico que já vi na minha vida. A trilha sonora se junta à fotografia deslumbrante dos campos escoceses, apresentando-nos locações inebriantes e cenários absolutamente fieís à época representada.

As cenas de guerra, tipicamente medievais, mostram batalhas extremamente sincronizadas e organizadas, mesmo envolvendo milhares de figurantes. Não que não haja erros na película, que para os mais atentos peca em alguns momentos na continuidade, mas relevo ao me dar conta da grandiosidade artística da obra, que é, ao mesmo tempo, um marco cultural e um sucesso comercial dos anos noventa.

Para concorrer ao prêmio de Melhor Filme juntamente com o vencedor (que concorreu a dez prêmios, levando as estatuetas de Filme, Diretor, Som, Fotografia e Maquiagem) entraram na disputa mais quatro produções: Babe – O Porquinho Atrapalhado (Babe), o Angleeano Razão e Sensibilidade (Sense and Sensibility), o italiano O Carteiro e o Poeta (Il Postino) e Apollo 13 – Do Desastre ao Triunfo.

CORAÇÃO VALENTE (BRAVEHEART)
LANÇAMENTO: 1995 (EUA)
DIREÇÃO: MEL GIBSON
GÊNERO: GUERRA/ DRAMA/ AÇÃO
NOTA: 9,5

Um comentário:

Tô Ligado disse...

Fala Gui,

Tenho trauma deste filme. Lembro que morri de raiva com a morte do protagonista no fim. Fato que ocorreu novamente com o Gladiador. Mas eh um excelente filme sem duvias.

Abracos e bom fim de semana!