16 dezembro 2012

DDF6. 30 Dias de Noite

DDF6. Um filme de vampiro


Ele nem chega perto das diversas listas de melhores filmes sobre vampiros, mas 30 Dias de Noite me cativa pela extrema criatividade com a qual o roteiro nos conta uma trama basicamente trivial e já desgastada por produções pasteurizadas repetidas ao cansaço pela Sessão da Tarde. A equação dos filmes de terror, que consiste em um grupo de jovens sendo perseguido por algo que ponha vidas em risco, é a mesma aqui, não fosse pelas condições as quais os personagens têm de se submeter para sobreviverem aos dentuços.

A história, baseada num HQ homônimo, se passa em uma isolada vila no Alaska (EUA), onde o sol é encoberto pelo breu durante os 30 dias mais intensos do inverno. A dupla frio + escuridão é a dobradinha perfeita para que uma gangue de sugadores de sangue escolha a temporada para atacar a população que resolve permanecer no local em vez de migrar para o sul durante aquele mês.

Sem a presença do sol, criptonita para os vampiros, os vilões não têm restrição alguma e podem atacar qualquer lugar a qualquer momento. Para proteger a população, o xerife Eben Oleson (Josh Hartnett) e sua ex-esposa, a também policial Stella (Melissa George), têm a difícil missão de impedirem a matança completa antes que o sol volte a aparecer. Para piorar a situação das vítimas, além do fato de não poderem sair do vilarejo, pois o próximo voo chega apenas junto com o sol, os pálidos monstros arrumam uma forma de cortar a energia e qualquer tipo de comunicação com o exterior.

O estilo dos vampiros é outro ponto que merece destaque. Nada de traços românticos, compaixão ou qualquer sentimento que se aproxime da bondade. A personalidade dos vilões de 30 Dias de Noite é o que de mais tradicional pode se esperar de um vampiro, como a maldade, a crueldade, a frieza e a fúria mortal, além de uma característica que dá um tom ao mesmo tempo delicioso e aflitivo ao roteiro: a rapidez das criaturas. Neste filme, além de esteticamente assustadores, com dentes serrados e irregulares ao invés dos cristalinos caninos saltados, os vampiros são quase supersônicos. A mobilidade com que pulam e correm de forma quase esquizofrênica é um dos mais preocupantes obstáculos das vítimas, que precisam de muito pique pra fugir dos algozes.

A tensão ao longo do extermínio cinematográfico é muito bem distribuída e o roteiro consegue criar, levando-se em consideração a conjugação entre gelo, sangue e escuridão, situações ímpares no histórico de filmes sobre vampiros que eu já vi. Apesar de ser pouco valorizado entre crítica e público, 30 Dias de Noite é um dos poucos exemplares deste gênero que me fez ter medo.

Três anos após o lançamento do primeiro filme da franquia, a continuação da história em quadrinhos também ganhou uma adaptação para as telonas com o nome 30 Dias de Noite 2: Dias Sombrios. Desta vez, diferentemente de 2007, Sam Raimi, que tinha apadrinhado a produção, saiu do projeto juntamente com o primeiro diretor, David Slade. Para desandar de vez, Melissa George não pôde se envolver nas filmagens e teve de ser substituída por outra atriz. A troca não seria tão desastrosa se a trama do filme de 2010 não girasse exclusivamente ao redor da vingança da policial Melissa à matança provocada pelos vampiros em sua cidade. 

Com a troca de protagonistas, um orçamento menor e uma direção pouco inspirada, a sequência agradou uma ínfima parte do já pequeno público que havia gostado da primeira parte da história. E eu também não faço parte dessa ínfima parte.

30 DIAS DE NOITE (30 Days of Night)
LANÇAMENTO: 2007 (EUA)
DIREÇÃO: David Slade
GÊNERO: Terror
NOTA: 8,0

11 dezembro 2012

DDF 5. Os Bons Companheiros

DDF5. O melhor filme de seu diretor favorito


A qualidade de Os Bons Companheiros (Goodfellas) já começa na ironia utilizada no título do filme. Os integrantes da máfia italiana de um bairro de Nova York são pintados como companheiros, como se realmente a amizade fosse o primeiro sentimento presente neste tipo de relação. Ela pode até existir, desde que sobrepujada por um instinto de sobrevivência individual de cada criminoso (pelo menos é o que as produções cinematográficas voltadas a esse universo contavam até então).

A grande sacada do roteiro de Os Bons Companheiros é permitir com que os relevos da vida dos mafiosos sejam narrados por um admirador dos gangsteres inapto para o crime. Em off durante a extensão da obra, o pupilo da máfia Henry Hill (Ray Liotta), vizinho do QG dos Goodfellas, traz sua perspectiva sobre os anseios, conquistas e tristezas dos criminosos durante sua ascensão "profissional". 

Apesar dos bônus trazidos pela vida criminosa, o deslumbramento inicial de Hill aos poucos vai perdendo sentido quando os lucros financeiros, os favorecimentos e a proteção dão lugar à desconfiança de todos e ao perigo de simplesmente existir enquanto mafioso. Quem antes passava a mão na cabeça daquele adolescente franzino e delicado agora apontava a arma para a sua cabeça por motivos banais.

É em meio a essa tensão absoluta e continuada que o espectador é convidado a conhecer, sempre da perspectiva discipulada do protagonista, os outros bons companheiros. As principais e mais perigosas peças do jogo são Paul Cicero (Paul Sorvino), Tommy DeVitto, que deu a Joe Pesci a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante no Oscar de 1991, além do chefe da máfia Jimmy Conway, interpretado brilhantemente por um vigoroso Robert de Niro.

Por falar nele, é em parceria com De Niro que Martin Scorsese chega ao auge cinematográfico em suas produções sobre a máfia. Pode-se dizer que os dois companheiros de set protagonizaram uma das duplas mais acertadas e talentosas do cinema moderno. Assim como Johnny Depp e Tim Burton ou Woody Allen com suas amadas protagonistas louras, De Niro e Scorsese deram vida à máfia de maneira crua, despida de pudores ou máscaras hipócritas, e nos presentearam com grandes obras.

Destaco Os Bons Companheiros pela demonstração maestral do que é o fazer cinematográfico em um enredo de difícil fruição devido à distância com que a máfia se encontra da maioria dos espectadores. Scorsese consegue se embrenhar neste universo de maneira plena e elevar à máxima potência a percepção do público de quão dúbias podem ser as sensações que o crime gera em quem participa direta ou indiretamente dele.

A concepção técnica da direção de Os Bons Companheiros é outro salto nos olhos de quem o vê. Ao brincar com invenções narrativas contemporâneas, Scorsese inaugura técnicas de contar histórias violentas no cinema repetidas por grandes diretores no futuro, como Quentin Tarantino e Danny Boyle. Quem não se lembra da narração explicativa em off  conjugada ao congelamento da imagem no clímax da cena ou dos planos fechados que evidenciam, de acordo com o momento da história, a pouca ou maior importância dos personagens? É Scorsese fazendo escola!

OS BONS COMPANHEIROS (Goodfellas)
LANÇAMENTO: 1990 (EUA)
DIREÇÃO: MARTIN SCORSESE
GÊNERO: MÁFIA
NOTA: 9,8

27 novembro 2012

DDF4. Casablanca

DDF4. Um filme que você considera um clássico


Depois de ficar sabendo do aniversário de 70 anos de uma das mais valorizadas produções da história do cinema, resolvi rever Casablanca, filme com o qual eu tive meu primeiro (e até então último) contato há mais de dois anos. Foi no dia 18 de julho de 2010 que escrevi aqui no 1/3 sobre o vencedor do Oscar de Melhor Filme em 1944 com uma insegurança de quem não havia descoberto ainda a profundidade dramática deste filme. 

Ao reassistir à obra, fiquei pasmado com o preciosismo e a ousadia da direção, que conseguiu levar às telonas um conteúdo até então ignorado pelos roteiros e debochado pelas grandes produtoras maniqueístas. Quem imaginaria no início da década de quarenta que mocinhos tivessem seu lado vilão, ou que o "felizes para sempre" pudesse tomar uma outra forma na ficção. Talvez mais próxima da realidade?

A ideia de que o fingimento consentido que o cinema proporciona pudesse se aproximar mais do cotidiano do espectador e de que os personagens principais pudessem sofrer,inclusive depois do The End, aterrorizava o conservadorismo dos conglomerados que ainda viviam na época do cinema mudo. Hoje Casablanca permanece intacto, inteiro, coeso e lindo. O ressoar de sua importância para as gerações que seguiram após seu lançamento ecoa até hoje nas escolas de formação. 

Abaixo, segue o texto publicado há dois anos no 1/3 sobre Casablanca. Minha visão pode parecer um pouco soturna diante da luz que o filme emite, mas, como canta o personagem de Frank Sinatra na trilha mais importante do filme, com o passar do tempo (As Time Goes By), mudamos nossas concepções, passando a ver mais claramente o que antes era ofuscado pelo "eu" passado. Sendo assim, e diante da ideia de que estamos em constante evolução, peço a liberdade de alterar a nota dada à Casablanca quando o vi da primeira vez! (a nota havia sido 8).

CASABLANCA
LANÇAMENTO: 1943 (EUA)
DIREÇÃO: MICHAEL CURTIZ
GÊNERO: DRAMA/ ROMANCE
NOTA: 9,5

texto publicado no dia 18/07/2010):

Depois de assistir Casablanca, fiquei com medo. Sério! Fiquei com medo de escrever aqui no 1/3 que não gostei muito do filme diante de uma imensidão de opiniões contrárias. Pelos fóruns de cinema da Internet, descobri que todos gostam dele. Cheguei até a duvidar da minha capacidade de analisar cinema. Afinal, pergunto a vocês: qual é a grande qualidade desse suposto longa imbátivel?

Considerado o segundo melhor filme da história (superado apenas por Cidadão Kane), Casablanca é um filme “pequeno”, diante das superproduções hollywoodianas que começavam a despontar, não possui cenas externas, ainda é preto e branco e tem um roteiro que, para mim, não é super inovador como apontam os críticos. Apesar de admitir que a forma como foi dirigido e editado permanece até hoje como referência para o cinema contemporâneo, acredito que Casablanca é superestimado em demasia.

Humphrey Bogart (em sua primeira participação no TOP 1/3) é Rick Blane, dono do Café Rick’s, localizado na cidade de Casablanca, no Marrocos francês. A localidade funciona como rota de fuga para os que querem se livrar do nazismo e tentar uma nova vida na América. O mercado negro local funciona como disponibilizador de passes, documentos que dão acesso à Lisboa, para que então os viajantes possam trilhar sossegados para a salvação americana. Mas para Rick é diferente. Sua ambição é continuar com seu negócio em Casablanca, ganhar dinheiro e esquecer Ilsa Lund (Ingrid Bergman), antigo amor parisiense que simplesmente o deixou, sem nenhuma justificativa.

Para sua surpresa, um dos mais ferrenhos combatentes do nazismo, Victor Lazlo (Paul Henreid), refugiado de quase toda a Europa, surge em Casablanca, a fim de arranjar uma carta de liberdade para fugir para o Novo Mundo com sua esposa, uma linda e adorável loira chamada Ilsa Lund. O primeiro encontro dos dois após a separação em Paris se transforma em uma linda cena, na qual a sutileza e o mistério (já que o espectador não sabe o porquê de tamanho constrangimento entre eles) permeiam as falas.

Já que Lazlo não consegue comprar seu passaporte para a liberdade no mercado clandestino da cidade e Rick é detentor de um passe para Lisboa, ele e Ilsa passam a insistir para que o ex-amante dela venda o papel para os dois. O impasse de todo o filme é: se Rick der ou vender o passe, ficará sem Ilsa, que irá embora com Lazlo. Se ele se recusar, Lazlo será morto e Ilsa ficará infeliz, já que ele percebe que ela ama o marido (e também o ama, fato comprovado numa declaração de amor da protagonista, quando ela o conta porque o deixou em Paris).

Para piorar, Rick tem que se desfazer do passe, uma vez que ele é o principal suspeito de estar com o documento (que era de um rebelde morto pela polícia). Por falar nisso, os diálogos entre Rick e os guardas (alemães ou franceses) é de uma inteligência irônica surpreendente, e como eu adoro ironia, foram os momentos mais memoráveis do filme para mim. Sem dar lição de moral no final (mania feia dos filmes antigos [e de alguns novos também]), o roteiro de Casablanca supera o egoísmo do homem apaixonado e a covardia do soldado com medo da morte e apresenta uma história comovente (mesmo achando que a atuação de Humphrey não foi lá aquelas coisas) de duas pessoas que se amaram no passado e que tentam encontrar formas de manter esse amor.

A trilha sonora é deslumbrante. “As Time Goes By”, canção composta especialmente para a ocasião, é a cara do longa, tem sua essência, representa a emoção das lembranças de uma história de amor e a melancolia de uma possível separação. É um amor impossível? Eu diria que não, nem mesmo nas circunstâncias externas em que os personagens se encontravam, porém, como bem disse Rick na última cena: “Nós sempre teremos Paris!”.

Outras falas, expressões e cenas do filme superaram a passagem dos anos e foram sendo transmitidas de geração em geração, até chegarem aos cinéfilos contemporâneos. São algumas delas: “Play it again, Sam”, pedido de Rick para que seu pianista tocasse As Time Goes By novamente; “Não costumo fazer planos a longo prazo”, que demonstra a falta de perspectiva de Rick diante de seu futuro; “Eu me lembro de todos os detalhes. Os alemães vestiam cinza e você, azul”, fala saudosista de Ilsa para Rick; “Tantos bares, em tantas cidades em todo o mundo, e ela tinha que entrar logo no meu”, lamento de Rick ao acabar de se encontrar com Ilsa; “Isso foi o barulho de um canhão ou o meu coração que deu um salto?”, num flashback dos momentos vividos em Paris; “Beije-me. Beije-me como se essa fosse a última vez”, na despedida dos amantes; e talvez a expressão mais copiada e usada diariamente pelas pessoas: “Isso é o começo de uma grande amizade”, a última fala do longa, dita por Rick ao policial que o ajudou.

Parece que eu elogiei bastante o filme, mesmo com o desânimo do começo do texto, né? É, eu tenho que admitir que esse tal de Michael Curtiz (o diretor) conseguiu o que muitos tentaram: fez escola, ensinou a seus sucessores o que é cinema de qualidade e como é possível transformar uma boa história em uma produção inesquecível. Acho que o problema é que minha expectativa era muito grande. A culpa é minha. O filme é indispensável a quem curte cinema, ele não é ruim e não deve ser perdido sob nenhum pretexto.

Naquele ano, concorreram com Casablanca (sem nenhuma chance de vitória): Consciências Mortas (The Ox-Bow Incident), A Canção de Bernadette (The Song of Bernadette), Por Quem os Sinos Dobram (For Whom the Bell Tolls), O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait) e Nosso Barco, Nossa Alma (In Which We Serve).

22 novembro 2012

DDF3. A Lagoa Azul

DDF3. Um filme que passe na Sessão da Tarde e que você adora



Antes da era dos blockbusters e dos downloads, o principal termômetro para a popularidade dos filmes-pipoca era a Sessão da Tarde. Criada há 38 anos pela Rede Globo, o programa diário elegeu algumas produções e as popularizou como verdadeiros clássicos vespertinos, repetindo a exibições incansavelmente. Entre eles, não ficam de fora Esqueceram de Mim, Ghost - Do Outro Lado da Vida, Uma Babá Quase Perfeita, De Volta para o Futuro, entre outros. 

Mas quem passou as tardes das décadas de 80 e 90 em frente ao plim plim não tem como esquecer de A Lagoa Azul. A trama, lançada em 1980, já está impregnada no imaginário popular como símbolo cinematográfico da infância. Na história, Emmeline e Richard Lestrange (Brooke Shields e Christopher Atkins, respectivamente), duas crianças da aristocracia vitoriana, pensam estar em um verdadeiro pesadelo ao naufragarem em uma ilha paradisíaca ao sul do Pacífico. 

O instinto, no entanto, fala mais alto, e os protagonistas aprendem sozinhos a sobreviverem em meio àquele ambiente. Constroem a própria casa, um verdadeiro forte contra ventos e chuvas, viram-se bem com a alimentação e aprendem a superar o medo da  floresta. Anos depois, já adolescentes, um desafio ainda mais difícil precisa ser superado: as mudanças corporais causadas pela puberdade e o amor que começa a nascer entre eles. 

Indicado ao Oscar de Melhor Fotografia, A Lagoa Azul pode até não ser um clássico, na definição oficial do termo, mas enlevou gerações com sua narrativa ingênua e o alto grau de erotismo. Que criança daquela época nunca ansiou por ver os corpos nus de Brooks Shields e de Christopher Atkins em uma época em que a pornografia era velada socialmente, mas liberada na arte? 

De meados dos anos oitenta até o início dos 90, era comum se ver na televisão aberta programas com conteúdos impróprios para todas as idades sendo exibidos no meio da tarde, como acontecia com o Contos da Cripta, na Rede Bandeirantes, ou com a novela Xica da Silva, na Manchete. Fica a dúvida: será que os programas é que eram impróprios ou imprópria é a consciência coletiva da sociedade atual, na qual o Google oferece muito mais pornografia do que todos esses programas juntos e não é fiscalizado?

É impensável a exibição do conteúdo sem cortes de A Lagoa Azul nos dias politicamente corretos de hoje. A Sessão da Tarde ainda não o esqueceu, mas exibe a produção com uma frequência cada vez mais escassa e com cortes mais abruptos. O que também pode justificar este ostracismo é a falta de atratividade do filme, que hoje não diz quase nada para o público jovem. 

A liberdade sexual e valores como o desprendimento material e a formação familiar que A Lagoa Azul prega foram importante em um determinado período histórico, mas deixaram de ser atraentes se expostos da mesma forma. Felizes aqueles que puderam viver a magia deste filme, que puderam conversar de maneira inigualável com a sua narrativa e que dividiram com Emmeline e Richard as descobertas da vida.

A LAGOA AZUL (The Blue Lagoon)
LANÇAMENTO: 1980 (EUA)
DIREÇÃO: Randal Kleiser
GÊNERO: Romance/Aventura
NOTA: 7,5

18 novembro 2012

DDF2. American Pie 3 - O Casamento

DDF 2. Um filme que marcou a sua adolescência



Mãe das comédias pastelão americanas do início do século, a série American Pie ganhou novo fôlego qualitativo quando, em 2003, a terceira sequência dos filmes chegou aos cinemas. Intitulada American Pie, O Casamento (American Wedding), a produção conta os percalços de Jim e Michelle para organizarem o matrimônio prometido desde o primeiro filme, de 1999, quando o casal de protagonistas se conheceu.

Na história, as famílias e os amigos dos noivos se reúnem em torno da preparação da cerimônia e da festa que celebrará a união dos protagonistas. Em meio a situações como a celebração do noivado, a despedida de solteiro, a escolha do vestido e a cerimônia propriamente dita, muitas confusões parecem querer impedir a realização do casamento. Praticamente todos os personagens dos primeiros filmes voltam a fazer parte do casting, desta vez mais velhos e teoricamente maduros (será?).

Contrariando a lógica inerente às grandes sequências cinematográficas, que tem como prerrogativa a diminuição da qualidade ao longo das continuações, a terceira parte de American Pie é tão boa quanto o início da série. Após uma tentativa frustrada de alçar Steve Stifler (Seann William Scott) ao protagonismo na segunda parte da série, o roteirista Adam Herz decidiu por retomar como personagens principais o casal vivido por Jason Biggs e Alyson Hannigan.

O resultado é um filme repleto de situações hilárias envolvendo a sexualidade do casal central e dos amigos que parecem não ter crescido tanto assim após anos do fim do High School. Stifler continua em destaque nas cenas mais absurdas do enredo, dando o tom de besteirol que consagrou a trama no topo do sucesso. É impossível exigir qualidade técnica e/ou preciosismo dramático, uma vez que American Pie é declaradamente  comercial.

No entanto, a película desponta como líder neste segmento devido ao cuidado de toda em equipe em construir uma unidade cômica, em manter o elenco em sintonia, tirando, assim, boas gargalhadas do espectador. As demais sequências da série (oito filmes no total, até este ano) não conseguiram repetir a dose de sucesso que as primeiras partes obtiveram.

American Pie, o Casamento, além de fazer parte da minha adolescência devido ao fato de ser incansavelmente reexibido  nas sessões de cinema dos canais abertos, trouxe reflexões importantes sobre a minha própria sexualidade e me ajudou a ter liberdade e coragem para descobrir questões inerentes à adolescência. Por coincidência, foi durante uma sessão deste filme, na casa de um amigo da época, que eu dei meu primeiro beijo na boca. Rsrs

AMERICAN PIE - O CASAMENTO (American Wedding)
LANÇAMENTO: 2003 (EUA)
DIREÇÃO: Jesse Dylan
GÊNERO: Comédia
NOTA: 6,0

14 setembro 2012

DDF1. Querida, Encolhi as Crianças

DDF1. Um filme que lembre a sua infância


Quando, em 1989, Querida, Encolhi as Crianças (Honey, I Shrunk the Kids) chegou aos cinemas, ninguém botava fé no lançamento da Disney que pretendia juntar comédia e ficção científica em um filme de aventuras para crianças. Porém, a repercussão positiva da produção nos anos seguintes mostrou que a equação dava certo, principalmente em um mundo cada vez mais tomado pela tecnologia. O roteiro, propositalmente inverossímil, conta a história de um pai que encolheu os próprios filhos em um acidente de percurso nos seus experimentos científicos.

Este pai, o cientista maluco Wayne Szalinski, é vivido pelo hilário Rick Moranis que, à época do lançamento, estava mega conhecido devido à participação no filme Os Caça-Fantasmas (1988). A vida do protagonista se resume a passar a maior parte do tempo trancado no sótão/laboratório a fim de concretizar um projeto antigo: construir um miniaturizador de matéria, ou seja, uma máquina com raios que encolhem qualquer tipo de objeto. O invento estava dando problemas de funcionamento até o dia em que, com o objetivo de buscar uma bolinha de beisebol que caiu no sótão, os dois filhos de Szalinski, em companhia do filho do vizinho, sem querer, acionam a máquina, que os diminuem numa proporção de poucos centímetros.

A aventura começa a partir deste ponto. O que parecia um simples cachorro transforma-se em um monstro gigante. O aspirador de pó torna-se ensurdecedor e assustadoramente perigoso. A inofensiva grama do jardim agora é uma floresta com muitos perigos a solta, como formigas carnívoras e abelhas que cruzam o céu em busca de uma presa fácil. Mais do que tentarem avisar os adultos que eles estão ali, debaixo dos seus narizes, as crianças precisam sobreviver.

Para completar a magia da aventura, o diretor Joe Johnston, que em 1994 confirmaria seu talento a frente do clássico Jumanji, utilizou diversos efeitos especiais que contribuíram para criar a atmosfera lúdica a que se propõe Querida, Encolhi as Crianças. Até hoje, quando a Rede Globo por vezes exibe a produção, não consigo desgrudar os olhos deste clássico da minha infância.

Por volta de 1995, quando o vi pela primeira vez, sonhava em ser encolhido e enchia-me de coragem para enfrentar meus medos de garoto. Ao mesmo tempo, tremia de medo com a possibilidade de ter de lutar contra uma formiga gigante e suas garras pegajosas ou ser engolido pelas lâminas afiadas de uma máquina de cortar grama. Posso afirmar que esta produção me ajudou a sonhar, a treinar minha imaginação. Se hoje eu consigo enxergar numa simples xícara de leite a calmaria de um lago de águas brancas, foi por culpa de filmes como este.

QUERIDA, ENCOLHI AS CRIANÇAS (Honey, I Shrunk the Kids)
LANÇAMENTO: 1989 (EUA)
DIREÇÃO: Joe Johnston
GÊNERO: Ficção Científica
NOTA: 9,0

08 setembro 2012

O Desafio dos Duzentos Filmes

Minha cabeça vira um caos quando eu não eu tenho um horizonte a perseguir nos meus projetos. Prefiro continuar na ignorância dos pré-Galileu e enxergar o fim do mundo logo ali, após o limite da vista, em vez de girar, girar e girar sem rumo. Gosto de prazos, não os que sufocam, mas os que disciplinam. Respeito as metas, desde que elas respeitem as minhas limitações e não me obriguem a ser quem eu não sou.

Foi principalmente por esse motivo que o 1/3 ficou desatualizado por tanto tempo. Além do último semestre do curso de jornalismo, que me tirou algumas horas de sono por noite e o ânimo de escrever sobre qualquer coisa que fugisse do tema do TCC, eu não conseguia encontrar motivos para me concentrar em algo inconsistente. Pode parecer meio incompreensível pra muita gente, mas por pouco mais de um ano deixei de escrever sobre vários assuntos pois eles não estavam inclusos em um projeto maior, enfocados de tal maneira que completassem um ciclo, ou conversassem com as outras postagens.

O projeto TOP 1/3, que rendeu o primeiro ano de atividades do blog, foi a concretização da vontade de escrever sobre cinema e uma forma de me manter atualizado e periódico nas publicações. De maio de 2010 ao mesmo mês do ano seguinte, eu me dediquei a criticar cada um dos 82 filmes vencedores do Oscar até aquele momento (hoje já são 84, com a vitória de O Discurso do Rei e O Artista).

Só consegui me manter ativo nas postagens com a contagem regressiva dos dias e filmes restantes. A pressão de ter o prazo de um ano para finalizar o projeto me motivou a produzir e a manter o 1/3 atualizado. Sendo assim, meu retorno a redação blogosférica não poderia ser de outra maneira. Através do mesmo esquema de metas, inicio hoje mais um projeto!

O Desafio dos Duzentos Filmes (DDF) é maior, mais longo e muito mais ousado que o TOP 1/3. Em parceria com o Facebook, rede onde nasceu o Desafio dos 100 Filmes, inspiração pro meu projeto, eu terei 200 semanas para criticar cada um dos filmes que compõem a lista abaixo. Mesmo com um prazo aparentemente mais folgado (são quase 4 anos de projeto), a pressão não diminui e o trabalho é pesado.  Espero poder contribuir com o retorno de vocês nos comentários e nas curtições pelo Facebook. Boa sorte para mim!!

DDD - O DESAFIO DOS DUZENTOS FILMES

01. Um filme que lembre a sua infância
02. Um filme que marcou a sua adolescência
03. Um filme que passe na Sessão da Tarde e que você adora
04. Um filme que você considera um clássico
05. O melhor filme de seu diretor favorito
06. Um filme de vampiro
07. Um filme que você gostaria de ter assistido no cinema e não viu
08. Um filme ruim de um diretor bom
09. Um filme de baixo orçamento que você tenha gostado
10. Um filme com uma ótima música-tema
11. Algum filme que te traga boas lembranças
12. Um filme que você dormiu antes de terminar
13. Algum filme que você nunca conseguiu assistir inteiro
14. Um filme que tenha sido baseado em um livro
15. Um filme que tenha participação de algum famoso que não seja ator
16. Um filme que utilizou de cenas reais
17. Um que ganhou o Oscar merecidamente
18. Um filme que você nunca assistiria de novo
19. O melhor documentário
20. Um filme que possui uma excelente trilha sonora
21. Algum filme que te faça rir
22. Um filme bom com um final péssimo
23. Um filme que você gostou mas tem vergonha de falar
24. Um filme que te dá medo.
25. Um curta-metragem
26. Um filme que lembra a sua família
27. Um péssimo filme
28. Um excelente musical
29. Filme baseado em um jogo
30. Um filme que você não entendeu ou teve dificuldade de entender
31. Um bom filme infantil
32. Algum filme de época
33. Um filme que você não indicaria
34. Um filme de epidemia
35. um filme que fica na cabeça
36. Um filme de humor negro
37. Um filme de atores desconhecidos
38. Um bom filme de máfia
39. Um filme que possui uma frase de efeito (cite a frase)
40. Um filme que lançou algum ator famoso
41. Um faroeste
42. Algum filme que te fez chorar
43. Um ótimo filme de guerra
44. Um filme de um diretor não muito conhecido
45. Um filme que te deprima
46. Um filme que você gostaria de atuar
47. Um filme ridículo
48. Algum filme que tenham te contado o final antes de você assistir
49. Um filme que seja biográfico
50. Um filme paródia
51. Um filme para assistir a dois
52. Um filme cult
53. Algum filme com mérito pouco reconhecido
54. Um filme cujo personagem principal é um animal
55. Um filme de enredo simples
56. Um filme com muito sangue
57. Um filme preto e branco
58. O último filme que você assistiu
59. Uma comédia sem graça
60. Um filme complexo
61. Um filme que não faça sentido
62. Um filme de zumbi
63. Um filme mudo
64. Um filme muito meloso
65. O próximo filme que você quer assistir
66. Um filme com seu ator favorito
67. Um filme em que o trailer tenha sido melhor que o filme
68. Um filme nacional
69. Um filme gravado em um lugar exótico
70. Um filme em que o título seja um nome próprio
71. Algum filme que você considere pesado
72. Um filme que tenha um personagem que lembre alguém de sua familia ou algum conhecido
73. Um filme que o protagonista seja uma criança
74. Um filme com grande bilheteria
75. Um filme de catástrofe
76. Um filme "trash"
77. A melhor saga de filmes
78. Um filme com numeral no título
79. Um filme para reflexão
80. Um filme com mensagem subliminar
81. Um filme que o segundo tenha sido melhor que o primeiro
82. Um filme q nao obedece uma ordem cronológica
83. Um filme com cena de sexo explicito
84. Um filme de animação
85. Algum filme cujo final é surpreendente
86. Um filme que não deveria ter feito continuação
87. Um bom filme de comédia
88. Um filme que o diretor também atue
89. Um filme com um vilão inesquecível
90. Um bom filme de ficção científica
91. Um filme que você já assistiu várias vezes
92. Um filme que o protagonista morre
93. Algum filme da década de 80
94. Um filme muito longo
95. Um lançamento
96. Um filme que foi fracasso de bilheteria
97. Um filme com título esquisito
98. O primeiro filme que vier na sua cabeça
99. Um filme de serial killer
100. Um filme que você queira recomendar
101. O melhor filme do ano passado
102. Um filme baseado em série de TV
103. Um filme que não foi lançado e que você está na expectativa
104. Um filme com criança malvada
105. Um filme brasileiro com ator estrangeiro
106. O melhor filme de Spielberg
107. Um filme com super-herói
108. Um filme baseado em caso real
109. Um filme sobre abdução
110. Um remake
111. Um filme em que você se identifica com algum personagem
112. Um filme sobre o alcoolismo
113. Um filme que deveria virar um seriado
114. Um filme de piratas
115. Um filme sobre infidelidade
116. Um filme muito violento
117. Um filme sobre o holocausto
118. Um filme com um monstro gigante
119. Um filme japonês
120. Um filme de vida após a morte
121. Um filme sobre poderes paranormais
122. Um filme clássico da Disney
123. Um filme com uma cena nojenta
124. Um filme pós-apocalíptico
125. Um filme sobre terrorismo
126. Um filme de fuga
127. Um filme de suspense
128. Um filme infantil triste
129. Um filme que tenha um personagem que seja um presidente
130. Um filme com um personagem muito feio
131. Um filme baseado em história em quadrinhos
132. Um filme com robô
133. Um filme do Clint Eastwood
134. Um filme baseado em um livro do Stephen King
135. Um filme sobre entorpecentes
136. Um filme dos anos 70
137. Um filme de bruxas
138. Um filme baseado em uma peça de teatro
139. Um road movie
140. Um filme de amizade na infância
141. Um filme sobre cinema
142. Um filme com um casal marcante
143. O melhor filme dos Trapalhões
144. Um filme que se passa no fundo do mar
145. Um filme que tenha uma morte inesperada
146. Um filme sobre preconceito
147. Um filme do gênero fantasia
148. Um filme em que o protagonista seja um policial durão
149. Um filme que se passa em um navio
150. Um filme da década de 60
151. Um filme sobre a guerra do Vietnã
152. Um filme oriental de terror
153. Um filme sobre roubo a banco
154. Um filme da Pixar
155. O pior filme de super-herói
156. Um filme do Woody Allen
157. Um filme em que o personagem principal seja um idoso
158. Um filme estrangeiro com ator brasileiro
159. O pior filme de M. Night Shyamalan
160. Um filme bom com um artista que você não goste
161. Um filme épico
162. Um filme em que os personagens sejam alunos
163. Um filme baseado em um livro infantil
164. Um filme que envolva um esporte
165. Um filme que reúna histórias independentes
166. Um filme com o tema religião
167. Um filme com uma relação marcante entre pais e filhos
168. Um filme que tenha sido proibido em algum país
169. Um filme que se passe em apenas um ambiente
170. Um filme sobre alienígenas
171. Um filme com um personagem insano
172. Um filme que tenha cena de bullying
173. O pior filme do seu ator preferido
174. Um filme em que o protagonista apresente alguma deformidade
175. Um filme sobre viagem no tempo
176. Um filme de artes marciais
177. Um mockumentary
178. Uma cinebiografia de músico
179. Um filme de tribunal
180. Um filme que tenha um personagem homossexual
181. Um filme em que o cenário seja uma ilha
182. Um filme em que o personagem principal seja professor
183. Um filme que junte personagens de franquias diferentes
184. Um filme que acontece em um avião
185. Um filme com um personagem burro
186. Um filme distópico
187. Um filme que você chorou de rir
188. Um filme de fantasmas
189. Um filme de animal assassino
190. Um filme considerado de “mulherzinha” que você gostou
191. Um filme que deveria ter tido continuação
192. Um filme sobre a Primeira Guerra Mundial
193. Um filme em que você torceu pelo vilão
194. Um filme sobre o Natal
195. Um filme que pareça com a história da sua vida
196. Um filme cujo tema central sejam carros
197. Um filme sobre gravidez na adolescência
198. Um filme que conta a vida de um atleta
199. Um filme em que o protagonista contracene com personagens animados
200. Parabéns! Você finalizou a segunda rodada do desafio. Contribua indicando mais um filme...


08 abril 2012

Conhecendo os Brasis

O 1/3 está de volta em sua temporada 2012. Depois de quase um ano de folga, eu volto com novo design, novos projetos e postagens quentinhas saindo do forno a partir de hoje. Seja bem vindo e curta minha página no Facebook por aqui, o novo canal de comunicação entre o 1/3 e você!

Este feriadão foi farto em boas surpresas cinematográficas: desde Jogos Vorazes, filme pelo qual eu mantinha um preconceito bobo até quando descobri a intensidade simbólica nas entrelinhas do seu roteiro super interessante, passando por A Letra Escarlate, adaptação de Wim Wenders pras telonas da obra prima do norte-americano Nathaniel Hawthorne, e acabando em Matrix. É isso mesmo que você leu. Eu ainda não conhecia o mundo paralelo criado pelos irmãos Wachowski que revolucionou a ficção científica no fim do século passado.

A surpresa mais grata, no entanto, ficou com uma produção nacional. Xingu, o novo trabalho de Cao Hamburguer (O Dia em que Meus Pais Saíram de Férias), estreou na última sexta, dia 6 de abril, e tem cara de tratado antropológico (ainda que básico) sobre a relação entre os brancos e os índios. A trama conta a história dos irmãos Villas-Bôas, que dedicaram praticamente a vida toda na construção de uma área exclusiva para os povos indígenas que sobreviveram ao impulso civilizatório dos portugueses nos séculos anteriores.

No entanto, o inimigo, agora, é outro. O desenvolvimento econômico e a visão de que a população indígena não é economicamente ativa, o que atrasaria a evolução do país, faz com que um governo após o outro não pense na preservação da cultura milenar dos índios e os dizime como se deles não dependesse nossa própria história.

É aí que entra o trabalho dos Villas-Bôas. Num mergulho etnográfico de mais de 20 anos, Leonardo (Caio Blat), Cláudio (João Miguel) e Orlando (Felipe Camargo) foram pioneiros na aproximação pacífica das tribos mais reclusas do país e na consciência de que as terras que grileiros, latifundiários e governo disputaram durante séculos, na verdade, nunca foram “de ninguém”, como gostam de classificar até hoje (vide o atual caso da Usina de Belmonte).

Este drama, baseado em fatos reais, deixa qualquer brasileiro consciente tocado com a luta de brancos ricos que poderiam estudar na Europa, mas largaram tudo para viver em meio à floresta Amazônica defendendo cidadãos injustiçados pelas consequências de uma política desenvolvimentista. Xingu também toca aqueles que desconheciam a história dos Villas-Bôas, a existência de um parque nacional para a convivência entre os índios e, mais do que isso, aqueles que desconhecem o Brasil.

Ouso editar Aldir Blanc que, em Querelas do Brasil, afirmou que “o Brazil não conhece o Brasil”. Na verdade, nem o próprio Brasil conhece o Brasil. Por isso precisamos de mais obras como essa para formarmos novas gerações conscientes e que daqui a alguns anos nossas crianças ainda saibam quem foram os índios e qual a importância eles tiveram para a nossa história.

P.S.: As semelhanças temáticas com a megaprodução Avatar, de James Cameron, são evidentes. A estrutura dramática é praticamente a mesma, do começo ao fim. O que distingue os dois filmes, no entanto, é o tratamento poético dado a Xingu, que distancia a produção nacional, mais artística, da verve predominantemente comercial de Avatar (o que não tira seu valor para o cinema).