30 dezembro 2009

And the Oscar goes to...

Primeiramente, gostaria de agradecer àqueles que estão comentando no 1/3, pelo carinho e pela paciência com as asneiras que escrevo. O que me motiva a continuar postando é saber que alguém, em algum lugar, está lendo e que eu posso contribuir, de alguma forma, no incentivo a valorização da cultura.

Semana passada estava eu dando sopa em casa quando localizei, na internet, o único cinema da cidade que estava exibindo o filme Avatar em 3D: o Shopping Iguatemi. Como queria muito ver esse filme e logo (porque iria embora para MG dois dias depois e na minha cidade não tem cinema), resolvi atravessar a cidade para matar minha vontade. Depois de 1 hora de ônibus e uma fila imensa, descobri que a sessão das 14h40 estava lotada e a próxima seria só às 18h10.

Eu não tinha passado por tudo aquilo para acabar assistindo o filme em apenas uma dimensão, por isso, comprei a próxima sessão e, pra matar o tempo até a noite, peguei a sessão das 15h30, com o filme Planeta 51. A postagem é só do Avatar, por isso nem vou comentar sobre o Planeta 51. Abaixo, segue uma foto dos personagens, e posso garantir que é uma ótima animação infantil para adultos (!?!?!). Quem quiser me entender, assista o filme hehehehe...

Eu não gosto de sala de cinema cheia (mais uma mania, além de gostar de ir ao cinema sozinho), e a sala 7, da sessão das 18h10 do Cinemark estava LOTADA. Ainda bem que consegui uma poltrona na minha fila favorita (a fila do meio da sala). Tirando o fato de não ser a minha poltrona favorita (a do meio da fila), de não ser tão confortável quanto às poltronas do Kinoplex e de o chão estar completamente coberto de pipocas, tudo estava indo bem. Quando os trailers começaram a ser exibidos, coloquei meus óculos 3D e foi aí que tudo se ajeitou. Eu não ouvia mais a bagunça alheia, não sentia mais meus pés escorregarem no óleo da pipoca alheia, não via mais as pessoas sentando e levantando sem parar, não avaliava mais a poltrona desconfortável: tudo foi resumido as sensações que a exibição em 3D me proporcionou. (detalhe: foi a primeira vez que assisti um filme em 3D).

Até agora algumas pessoas já me falaram que não gostaram do Avatar por ter um roteiro previsível demais e ser muito água-com-açúcar, porém, eu não me incomodo quando alguma característica em um filme se sobressai e contrapôe algum detalhe que não foi tão bem feito e outra, eu também gosto de filmes água-com-açúcar (está aí algumas comédias românticas super bem feitas, como 500 Dias com Ela, A Verdade Nua e Crua, Vestida para Casar etc.).

Em 2154, no distante planeta Pandora, uma civilização primitiva conhecida como Na'vi corre o risco de ser dizimada quando um metal precioso é descoberto no tronco de uma árvore gigante, que serve como casa para os extraterrestres. Para se infiltrar no meio dos Na'vi e estreitar os laços de convivência, facilitando a extração desse material, os útlimos humanos sobreviventes da destruição do Planeta Terra criam os Avatares, criaturas metade Na'vi metade humanos, elaboradas a partir da junção do DNA dos dois seres.

Enquanto o Avatar está ativo, o humano correpondente está desacordado, e vice-versa. Assim, uma equipe de cientistas, liderada por Grace Augustine (Sigourney Weaver, ela mesmo!!), é responsável por se envolver com os Na'vi, afim de executar a cruel missão de retirá-los da árvore gigante, para que os humanos possam explorá-la. Acontece que o Avatar do ex-fuzileiro Jake Sully não obedece a todas as regras e se envolve sentimentalmente com Neytiri, uma Na'vi, que passa a mostrar para ele como é a vida em Pandora e começa a gostar dele também. O Avatar de Jake conhece Neytiri quando é atacado por uma critura selvagem e se perde da equipe. A partir daí, nada será como antes.

Ele passa a acreditar que pode ajudar os Na'vi a permanecer em sua casa e se torna cada vez mais íntimo da nova civilização, até o momento em que ele é oficialmente declarado um Na'vi e passa a lutar contra os humanos, sendo ajudado pela equipe de cientistas. Um final bem feito, mas previsível, fecha a história e a torna encantadora e merecedora de uma continuação. Quem sabe daqui a uns 12 anos não teremos Avatar 2 (foi esse o tempo que James Cameron levou para produzir o filme) heheh...

O mais impressionante no longa é a inovação tecnológica implantada, desde o efeito de uma simples mosca na terceira dimensão até o impacto de uma queda de um Na'vi na água. Tudo foi minimamente elaborado, para que a história do cinema fosse impactada por essa novidade extraordinária. Foi a produção mais cara da história do cinema, com gasto superior a US$ 500 milhões e, pelo visto, renderá um bom lucro, já que, em 10 dias de exibição, já rendeu US$ 615 ao redor do mundo.

Quem não assistiu ainda, tem que correr para a sala de exibição em 3D mais próxima da sua casa, porque acreditem, faz muita diferença...Para mim, sem dúvida, é o melhor filme do ano, e o melhor de todos os tempos, em se tratando de tecnologia. Agora é só esperar a premiação do Oscar e torcer para que Avatar leve pelo menos Efeitos Especiais. Eu tinha dito lá em cima que tudo havia sido esquecido quando os trailers começaram a rodar em 3D, mas menti. A dor de cabeça que os óculos 3D me proporcionaram foram lembradas durante as quase 3 horas de filme através de pontadas insuportáveis. Eu resisti, e faria de novo para me dar o prazer de assistir uma obra de arte incomparável como Avatar.

P.S.: No último post, comentei que não gosto de me decepcionar com um filme que é exacerbadamente divulgado como sendo muito bom, mas fico extremamente feliz quando minhas expectativas são superadas pelo mesmo motivo.

P.S.²: Hoje o 1/3 entra de férias. Volto com mais postagens em breve. Enquanto isso, vou preparando novas ideias para melhorar cada vez mais nosso espaço.
Feliz 2010!

AVATAR
LANÇAMENTO: 2009 (EUA)
DIREÇÃO: JAMES CAMERON
GÊNERO: AÇÃO E AVENTURA
NOTA: 10,0

29 dezembro 2009

Eu queria ter sido enganado...

Eu odeio me decepcionar com um filme. Ponto. Principalmente quando criei expectativas (positivas) em torno dele. Foi no Twitter que achei o link para assistir Atividade Paranormal pela internet, de graça!! Eu achei ótimo, pelo menos não ia gastar com cinema!! Ótimo, até o primeiro minuto do filme, quando percebi que não ia ser legal. Nada contra o estilo reality adotado, até porque adorei os A Bruxa de Blair e REC, mas não fui com a cara desse bendito.

Por todo aquele mershandising feito, pelo anúncio de que seria o melhor filme de terror de todos os tempos, de que assustaria até os céticos de plantão, eu realmente achei que valeria a pena perder 87 minutos da minha vida me dedicando a assisti-lo, porém estava enganado.

O que eu não consigo entender é a popularidade que ele alcançou, principalmente nos Estados Unidos, e a arrecadação absurda que ele conquistou, gerando mais de 140 milhões de doláres ao redor do mundo (um detalhe: o filme TODO custou 11 mil dólares). Por ser uma produção independente, está de parabéns ao mostrar que nem só de BlockBusters vive o homem contemporâneo. Por pior que seja o terror do longa (no mau sentido), ele conseguiu o que queria: assustar alguém.

Eu bem que me esforcei. Fiz questão de assistir o filme sozinho, no escuro e com fone de ouvido, já que o som do meu 'note' não se compara nem um pouco ao THX do Kinoplex. Fui rebelde e desobediente e não segui o conselho do publicitário que escreveu nas propagandas do filme (OS PESADELOS ESTÃO GARANTIDOS. NÃO ASSISTA SOZINHO). Eu me senti um idiota ao ter que assistir uns efeitos bobos, que já haviam sido todos revelados nos trailers divulgados, e que não fizeram efeito algum em mim. O final é imprevisível, mas não surpreendente e maravilhoso, como li em algumas críticas perdidas no limbo virtual.

Mesmo depois de ter assistido 'A Bruxa de Blair 1, 2 e 3', 'REC' e 'Cloverfied - Monstro', tinha a consciência de que a imagem do filme seria trêmula, de que a movimentação da câmera seria desordenada e de que haveria momentos em que a imagem seria cortada, forçando minha imaginação a criar o que estaria acontecendo enquanto eu só veria chuviscos, porém, tinha esperanças de seria um trabalho mais bem feito, mais bem acabado, mais ficcional, mas falso. Nesse momento, queria ter sido enganado...

Um fato que me surpreendeu foi descobrir que Atividade Paranormal é 'afilhado' de Steven Spielberg!! Isso mesmo!! Como ele pode aceitar que essa coisa seja comercializada? Mas todo gênio tem seus momentos de glória e de fracasso...isso me conforta um pouco...

A história também não á nada atraente: um casal de namorados que moram juntos dividem o sofrimento de Katie Featherstone (a namorada) que, desde a infância, é atormentada por fenômenos sobrenaturais inexplicáveis. É a compra de uma câmera nova e a gravação do cotidiano dos dois que reacende a fúria dessa criatura, que ataca durante a noite. Os dois decidem deixar a câmera ligada enquanto dormem para verem o que acontece. E assim começam o descobrir o que tanto os assustam. Os ataques passam a ser cada vez mais fortes e assustadores (só pra eles!! hehehe)

Confesso que fiquei mais assustado no 'Sinais', ou no 'Os Outros'. Sem falar nas atuações, que são péssimas. Um detalhe, no mínimo engraçado: os personagens (Katie e Micah) possuem os mesmos nomes dos atores (Katie Featherstone e Micah Sloat). Será que seria difícil para eles interpretarem personagens de nomes diferentes?

ATIVIDADE PARANORMAL
LANÇAMENTO: 2009 (EUA)
DIREÇÃO: OREN PELI
GÊNERO: TERROR
NOTA: 5,0

23 dezembro 2009

Recuperando o tempo perdido...18/12/09

Após quase uma semana sem postagem, eu volto, ainda que desmotivado a continuar escrevendo...Como meu último post foi dia 17/12, dedico o de hoje ao dia 18/12, e assim me esforçarei para compensar todo meu atraso em postagens sucessivas, cada uma dedicada a um dia de lerdeza.

Durante o período de aulas da faculdade, sobra-me muito pouco tempo para me dedicar ao cinema. E é exatamente por isso que às vezes fico com raiva e gostaria que, pelo menos durante meus meses de férias, os filmes parassem de ser lançados. Assim, eu daria conta de ver tudo aquilo que tenho vontade, sem perder os lançamentos. Como sei que isso nunca vai acontecer, contento-me em tentar assistir ao máximo de filmes possíveis quando tenho tempo.

Para que isso seja possível, conto com a ajuda dos canais da rede Telecine, que são muito bons e exibem clássicos, seguidos de pastelões, procedidos por blockbusters, tudo isso 24 horas por dia. Pra mim, o melhor de qualquer TV por assinatura.

E foi passeando pelo Telecine Action (exibe filmes de ação, terror, aventura e erotismo (!!??)), na quinta feira passada, que achei o filme Soldado Anônimo, de 2005. Jake Gyllenhaal, depois de viver o polêmico homocowboy Jack Twist, em O Segredo de Brokeback Mountain, interpreta o "pseudo-destemido" fuzileiro Swoff, que é escolhido para integrar uma missão de guerra no Iraque.

Ele compõe, não muito contente, a terceira geração de fuzileiros na família, pois gostaria de um outro destino para sua vida, o que faz com que ele não seja exatamente um militar exemplar. Muitas gafes, palavras fora de hora, uma sensibilidade aflorada (característica geralmente inexistente em meio a um ambiente hostil e machista como um alojamento militar).

É no meio de tudo isso que surge um problema: a guerra nunca começa! O que era para ser um periodo curto de batalha, já se transforma em seis meses de pura enrolação e treinamentos desprovidos de qualquer realidade. Swoff começa a se destacar em meio aos colegas pela habilidade com as armas e pela mira certeira. Ele passa a gostar cada vez mais da profissão e a buscá-la em cada atitude, em cada conversa, em cada experiência de vida, esperando que a guerra chegue e ele possa, enfim, exercer a função para a qual tanto tempo treinou.

Um história que retrata o antagonismo entre a realidade cruel (às vezes encenada) de um batalhão e o verdadeiro cotidiano de vida de cada soldado, seus anseios, seuas vontades, seus sonhos, muitas vezes tolhidos pelo exército. O longa mostra que, enquanto um soldado está numa missão, ninguém deixa de viver por isso, e seus familiares e amigos mudam, tomam rumos diferentes, alteram seu curso de vida. Para a maioria dos fuzileiros, achar que tudo será igual quando voltarem para casa é um erro, e o filme consegue abordar essa questão muito bem.

Em certo ponto da história, Swoff (que é o narrador oficial da trama) lança mão de uma afirmativa que eu ouvi ser repetida no filme Avatar anteontem. Ele alega que um fuzileiro (ou máquina zero, como eram chamados no filme), por mais que mude de profissão e largue a carreira militar, nunca deixará de ser fuzileiro, de ter a postura rígida, fria e neutra de um militar. Essa afirmação pode ser confirmada no brilhante final do filme, que consegue concluir toda a história de forma maravilhosa.

Por fim, gostaria de cumprimentar Jake Gyllenhaal pela excelente atuação e pela capacidade de nos conduzir ao mundo violento e hostil do exército ao mesmo tempo em que nos emociona com a ingenuidade e a simpatia de Swoff, um jovem garoto que, acima de tudo, sonha em ser feliz.

SOLDADO ANÔNIMO (JARHEAD)
LANÇAMENTO: 2005 (EUA)
DIREÇÃO: SAM MENDES
GÊNERO: GUERRA
NOTA: 8,0

17 dezembro 2009

O no-novo Ídolo do Bra-brasil!!

Depois de quase quatro meses de disputa, chegou ao final, ontem, o Ídolos 2009, um dos principais reality shows musicais do país. Consagrado pelo seu talento pop-romântico, sua gagueira charmosa e seu sex-appeal que enlouqueceu Paula Lima durante toda a competição, Saulo Roston, que participa pela segunda vez do programa, conseguiu alcançar o objetivo dos trinta e sete mil participantes que, desde 18 de agosto, lutaram para conquistar o primeiro lugar e a vaga de novo ídolo do Brasil.

Como telespectador assíduo, confesso que temia a vitória de Saulo, por achá-lo "normal" demais. Pra mim, faltava novidade, faltava o que sobrava no campineiro Diego Moraes, segundo colocado na competição, ou em Priscila Borges, que perdeu no Top 5 do programa. Um rostinho bonito, uma voz atraente e um estilo estritamente pop fariam com que Saulo batesse o próprio recorde de permanência na disputa e alçasse o degrau mais alto da competição.

Para a final, o Teatro Bourbon, em São Paulo, acolheu autoridades da Record, um público selecionado, os 12 finalistas do Ídolos e ainda a presença de Alexandre Pires e Maria Rita. Para quem me conhece, sabe que sou obcecado pela Maria Rita e que não perderia o programa de jeito nenhum (mesmo se ela não estivesse lá, não perderia, então, dá na mesma).

Ela, linda como sempre, esbanjou talento ao interpretar O Homem Falou (do Samba Meu) e A Festa (do Maria Rita). Com um vestido azul super curto (prova disso foi as imagens da sua bunda que apareceram ao vivo), MR não se deixou abalar pela rouquidão na voz e animou a plateia, que parecia estar impaciente por ter de esperar quase duas horas para descobrir se o novo ídolo era o Diego ou o Saulo.

Retrospectivas do programa, melhores apresentações, piores apresentações, charges e histórias das vidas dos jurados do programa, apresentações dos finalistas, visitas dos dois concorrentes a suas cidades natais, propagandas de ínumeros anunciantes e vários outros assuntos foram retratados no longo programa de ontem. Quando era aproximadamente 1h20, eis que Rodrigo Faro finalmente anuncia que Saulo havia ganhado e era o mais novo ídolo do Brasil, como era de se esperar.

Afinal de contas, o Brasil não gosta do que é bom de verdade, mas sim do que é bonito, do que é sonoro, do que dá dinheiro, do que é pop. O Brasil não quer o alternativo, o que é artístico, o que demonstra as influências da nossa música. Prova disso é a mega aceitação de Marcos Duarte, cearense apaixonado pelo sertanejo, que desistiu do programa há algumas semanas, ao admitir que os colegas (que eram melhores que ele), poderiam ser eliminados no seu lugar. Após isso, em enquete realizada pelo portal do Ídolos na internet, a maioria dos participantes admitiu que vota de acordo com as histórias de vida, e não pelo talento.

Mas se a voz do povo é a voz de Deus, quem sou eu pra discutir...

Sem ser insensível, ainda bem que Marcos Duarte desistiu....não queria mais ver um cara imitando o Zezé di Camargo toda quarta e perder artistas de verdade criando, inovando e mostrando seu talento. Nada contra o estilo sertanejo, mas tudo contra quem não tem estilo e personalidade definida.

Minutos antes do anúncio do grande vencedor, Alexandre Pires entrou em cena e cantou Sá Marina com os dois finalistas, que já deviam estar com os nervos à flor da pele com tanta espera
desnecessária. Acho que a Record exagerou um pouco ao estender o programa até aquele horário e devia ter tido um pouco mais de cuidado. Além disso, vários problemas técnicos assolaram a transmissão, que foi prejudicada por falhas, como paralisação de imagem, cortes e problems de áudio.

Saulo acabou ganhando (contra a minha vontade). Diante disso, espero que ele faça jus a seu cargo e realmente se torne um ídolo, o que acho difícil, de acordo com as experiências anteriores. Vamos aguardar. Enquanto isso, posso curtir os shows do Diego Moraes aqui em Campinas..rsrsrs. Ele sim, pra mim, é um ídolo!!

16 dezembro 2009

Meu amigo Benito

Diferente de seu personagem favorito, Charlie Brown, que era discriminado constantemente pela turma por ser o mais baixo e franzino da escola, Benito di Paula é, hoje, reconhecido como um dos grandes nomes da MPB, recsponsável por criar e mudar conceitos musicais antes irrefutáveis.


Charlie Brown, criado em 1950 por Charles M. Schultz, simbolizou o próprio cartunista, que tentou demonstrar, nos quadrinhos, os dilemas da infância e da adolescência. Sempre ao lado do amigo Snoopy (que aliás, ficou mais famoso que ele), Charlie Brown tece piadas irônicas, provocativas e divertidas pelas milhares de tiras nos 50anos em que existiu. Como Benito sempre gostou muito de acompanhar as histórias de Charlie, sonhou em um dia apresentar o Brasil a seu personagem predileto. O cantor já não o tratava como mera ilustração, mas sim como um amigo, o amigo Charlie Brown. Essa vontade resultou numa das principais músicas da carreira de Uday Veloso (nome de batismo de Benito): Meu Amigo Charlie Brown, de 1975.


Ontem a noite estava assistindo ao Ídolos, quando de repente, vejo um bigode familiar, uma costeleta familiar, um cabelo (desgrenhado) familiar...era Benito di Paula no palco do reality show! Convidado especial da véspera da final da competição, Benito, sempre elegante em seu fraque, começou a destilar seu talento pelo piano inseparável...ponto forte do cantor, mesclar o popular (samba) ao erudito (piano), Benito consegue conquistar vários nichos de público por se aproximar de gostos variados. De posse de todo o palco a seu dispor, apresentou as canções Mulher Brasileira e Meu Amigo Charlie Brown, arrancando aplaudos calorosos da plateia (pra falar a verdade, só da porção antiga da plateia).


Ele ainda não é tão conhecido como deveria o Brasil, mesmo com a longa carreira e o talento evidente. Parece que a consciência cultural em nosso país passa por ciclos, mas sempre com um quê de preconceito com o que é bom de verdade, com o que realmente valoriza o páis de maneira concreta e plena. Artistas como Benito di Paula não devem ser relegados a simples nomes citados quando alguém vive momentos nostálgicos e saudosistas.


Estes artistas não podem ser divulgados apenas quando o Sílvio Santos tem a ideia de fazer uma competição entre Reis e Majestades, ou quando o Raul Gil idealiza um projeto que faz homenagens aos artistas (aliás, foi lá que eu conheci o Benito di Paula e suas principais canções, apenas no ano passado). Canções como "Meu Amigo Charlie Brown", "Ah! Como eu Amei", "Retalhos de Cetim" e "Mulher Brasileira" não podem sumir, assim como a mídia, teimosa, insiste em fazer com que o intérprete delas suma.


Diante disso, resta parabenizar a produção do Ídolos pela iniciativa em resgatar a memória cultural do Brasil, que se enfraquece a cada dia, com o bombardeio de futilidades musicais.


Abaixo, segue a letra de "Meu Amigo Charlie Brown", para os que não conhecem essa linda obra de Benito. Não deixem de ouvir a música, que é muito boa (eu ainda não sei adicionar áudio ao blog..hehhe...help madrinha!!)


Meu Amigo Charlie Brown (Benito di Paula, 1975)

Eh! Meu amigo Charlie
Eh! Meu amigo Charlie Brown, Charlie Brown!

Se você quiser/ vou lhe mostrar/
a nossa São Paulo/ terra da garoa

Se você quiser/ vou lhe mostrar/
Bahia de Caetano/nossa gente boa

Se você quiser/ vou lhe mostrar/
a lebre mais bonita/ do Imperial

Se você quiser/ vou lhe mostrar/
meu Rio de Janeiro/ E nosso carnaval.

Charlie! Refrão (2x)

Se você quiser/ vou lhe mostrar/
Vinicius de Moraes/ e o som de Jorge Ben

Se você quiser/ vou lhe mostrar/
Torcida do Flamengo/ coisa igual não tem

Se você quiser/ vou lhe mostrar/
Luis Gonzaga/ Rei do meu baião

Se você quiser/ vou lhe mostrar/
Brasil de ponta a ponta do meu coração

Oh! Oh! Charlie! Refrão (2x)


Amanhã tem mais!!

Fui

15 dezembro 2009

Jodie era outra...

Imagine você tendo muita certeza de uma coisa, mesmo que TODOS ao seu redor digam que o que você acredita é uma ilusão e, além disso, têm provas disso? É o que acontece com Kile Pratt, uma engenheira de aviões recém viúva, vivida por Jodie Foster no filme Plano de Voo.


Zapeando os canais no (novamente) monótono domingo, deparei-me com uma chamada do Domingo Maior (sessão de filmes da Globo) e, já que em Minas não tenho TV à Cabo (senão certamente estaria em algum Telecine), decidi assistir àquele filme que tanto me intrigava.

Intrigava-me pois há algum tempo já não o assistia (pra falar a verdade, desde seu lançamento, em 2005) e estava curioso para relembrar o que acontecia com Julia Pratt, filha da personagem de Jodie na história.

O marido de Kile caiu do telhado de seu prédio há uma semana e ela, juntamente com sua filha, estão levando o corpo do pai/marido á Nova York para o enterro. As duas estão nitidamente atordoadas e certamente não estão em seu estado psicológico normal.

Acontece que, após algumas horas de voo, enquanto mãe e filha dormem, Julia some misteriosamente, mesmo estando num ambiente onde é impossível se esconder por muito tempo. Kile, como boa entendedora de aviões, organiza uma busca, mas, sem sucesso, é impedida pelo piloto e pela tripulação a continuar procurando, pois está prejudicando o sossego dos passageiros.


Entra na história um agente federal, que está no voo (misteriosamente) para manter a ordem a segurança de todos. É ele quem mais fica na cola de Kile, que parece não ter mais razões para acreditar que a filha está viva, diante de todas as provas que lhe dão, como a confirmação da morte da menina por um necrotério de Berlim (cidade de onde saíram), a ausência de Julia documentada no cartão de embarque e outras evidências certeiras.


Todos acusam Kile de estar imaginando que embarcou com a menina e que tudo não passa de uma ilusão. Em outros momentos, temos certeza que a mãe está no caminho certo quando não desiste de procurar Julia, mesmo contra a vontade de todos à bordo. Até quase o fim do filme, o espectador fica na dúvida e não sabe direito em quem acreditar. Com um final previsivelmente surpreendente, o diretor Robert Schwentke consegue prender a atenção do público e manter um suspense saudável.


Não há atuações brilhantes, e nem Jodie Foster, que pode ser considerada a atriz mais experiente do filme, consegue brilhar. Para uma mãe que perdeu sua filha, tem certeza que ela está viva, não é creditada por ninguém, e só tem a filha como família no momento, Jodie pareceu distante demais. Tudo bem que ela estava abalada emocionalmente, mas nada justifica a comodidade expressiva da atriz no filme, que podia ter dado uma carga dramática muito maior a personagem. Sem comparações com a mãe de "O Quarto do Pânico". Jodie era outra...


Assim acabou meu fim de semana. Sem muitos planos, mas com muito sono depois de ficar até 1hepouco da manhã acordado para ver o destino da Julia...


P.S.: Acabei o "O Mundo Acabou" e o achei repetitivo e longo demais. Não valeu a pena. posso trocar a nota?? Acho que dou 6,5....prometo que da próxima vez acabo o livro antes de comentá-lo...


PLANO DE VOO - FLIGHTPLAN
LANÇAMENTO: 2005 (EUA)
DIREÇÃO: ROBERT SCHWENTK
GÊNERO: FICÇÃO
NOTA: 7,5


12 dezembro 2009

E o mundo não se acabou.....

"Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar/

Por causa disso minha gente lá de casa começou a rezar..."

(Carmem Miranda, 1938)


Como de costume, ontem eu estava fuçando as prateleiras mofadas de um biblioteca (dessa vez a do SESC Campinas) quando me deparei com um livro no mínimo interessante. Chama-se "O Mundo Acabou", do Alberto Villas, publicado pela Editora Globo. Sem hipocrisia, gosto da maioria das coisas que a Globo produz, então pensei: "O livro deve ser bom". Na capa verde-musgo, um garotinho e uma garotinha brincando sobre um cavalinho de madeira. Mas o que isso tem a ver com o fim do mundo. Achei sem nexo algum, e por isso mesmo resolvi levar...heheh

Na contracapa, uma série de propagandas de produtos antigos, que, na sua maioria, não existem mais. O livro começava a fazer sentido para mim. Na descrição introdutória, antes do início do livro propriamente dito, o autor usa como argumento central uma reportagem da revista Life de 1990, que dizia que até 2000, a chave já não existiria, sendo substituída totalmente pelo cartão magnético.

É com esse espírito de falso saudosismo que Alberto Villas conta histórias de produtos, roupas, nomes, publicações, que não deveriam mais existir, mas existem! Por incrível que pareça ao leitor globalizado (entende-se como nascido em cidade grande), grande parte do que é taxado como extinto no livro, na verdade ainda reina absoluto em alguns lugares, como é o caso da minha cidade natal, Jacutinga, no sul de Minas Gerais. Dizer que papel almaço, envelope verde-amarelo, goma arábica, sabonete Lux, Bicho-Papão já não existem em lugar algum é forçar a barra.

Por ser extremamente autoral, o fato de O Mundo se Acabou pecar nas generalizações é compensado pelo humor latente do autor, que consegue dar um encadeamento rítmico pulsante ao livro, fazendo com que o leitor tenha fixação em continuar lendo mais e mais capítulos (já que o livro é dividido em "coisas extintas", que ficam uma em cada página). Esta separação facilita a leitura, deixando-a mais fragmentada e gostosa de ser feita.

Para os nostálgicos de plantão, é uma boa oportunidade de voltar ao passado, para os jovens, de conhecer como o mundo chegou ao que é hoje. É evidente a pesquisa intensa ao qual se sujeitou o autor para que ele chegasse ao resultado obtido. Enfim, um livro para toda a família, que merece ser prestigiado.

Mesmo não tendo chegado ao final do livro (espero acabar esse FDS, e depois comento como foi tá?), recomendo-o pelo toque de curiosidade, de entretenimento, de proximidade afetiva do autor com todos os assunto, de conhecimento e de estética impecável....

O MUNDO ACABOU
ALBERTO VILLAS
EDITORA GLOBO
2006, 308 PÁGINAS
PREÇO 29,90
NOTA: 8,0

11 dezembro 2009

Cinquentinha é uma ova...

Depois de desmentirmos, com pesar, as lorotas da infância, como a existência de um tal de coelhinho da Páscoa, ou a visita da fada madrinha assim que perdêssemos um dente de leite, o mundo de vez em quando permanece tentando nos pregar peças. Os menos cuidadosos acabam caindo facilmente, enquanto aqueles que olham as coisas com outros olhos, demoram mais a perceber que foram ludibriados novamente.

Esta semana acompanhamos a estreia da nova minissérie de Agnaldo Silva, Cinquentinha, que deveria contar a história de três mulheres na faixa dos 50 anos, inimigas, que teriam que conviver juntas para reconstruir a fortuna do ex-marido morto, que estava afundando em dívidas. O detalhe é que as atrizes escolhidas para viverem essas três mulheres não são cinquentinhas, e sim, sessentinhas.


Tudo bem que, como diz Lara Romero (personagem de Suzana Vieira na trama), você pode ter a idade de seu personagem, mas Aguinaldo, podia pegar mais leve né? Para ter certeza de que não tinha sido enganado pelos rostos botocados das atrizes em questão, recorri mais cedo a Sta. Wikipedia, salvadora nos momentos de desespero, e tive que admitir que fui enganado.

Suzana nasceu em 1942, tendo 67 anos, Marilia Gabriela veio ao mundo em 1947, possuindo 61 primavera, e Marilia Pêra, que seria a terceira viúva, mas acabou desistindo antes do início, nasceu em 1942, estando no 67º aninho de vida.

Ou seja, fui enganado!!


Isso é frustrante sabia? Tão frustrante que resolvi iniciar minhas postagens falando sobre isso....

Mas passa.....tenho que confessar que o que conduz a audiência de Cinquentinha é a atuação espetacular das três, que se mostram grandes atrizes...Suzana é Lara Romero, atriz mal sucedida que é despedida da emissora em que trabalhava durante muitos anos, mas que não perde a pose por nada. Se acha um monstro sagrado da dramaturgia brasileira (em suas próprias palavras) e não se deixa abalar por nenhuma especulação (principalmente em se tratando de sua idade: confidencialíssima)... coincidência ou não, é a Suzana interpretando a Suzana....

Marília Gabriela é Mariana Santoro, uma fotógrafa que se guia pelo lema "Eu sou jovem" e adora homens mais novos, ou melhor, bem mais novos, como é o caso de Eduardo, de 18 anos, com quem tem um caso secreto. Sempre envolvida em confusões, que envolve desde pedofilia até lesbianismo, Marília consegue dar destaque a sua personagem, que não deixa de ter muitas características de Gabi.


Depois que Marília Pêra recusou ser Rejane Batista, Beth Lago entrou no páreo e levou o papel. Riponga de carteirinha, Rejane nunca deu valor ao dinheiro e acabou perdendo a casa (seu único bem) por isso. Agora com a possibilidade de levar uma bolada herdada do marido (vivido, mesmo que por pouco tempo, por José Wilker), ela agarra com unhas e dentes qualquer oportunidade.


Uma coisa que me deixou bem feliz é que, pelo menos a Beth Lago, não engana. Ela realmente é conquentinha!!! Ainda bem né? Pelo menos uma salva...sem subestimar nossa capacidade de avaliação etária...heheheh....se bem que ela é a pior atriz das três...perdão quem gosta, mas ela só tem uma personagem na manga, só faz ripongas, zens, budistas e afins....

No geral, a minissérie é boa, perdendo um pouco com as atuações de alguns atores estreantes e/ou incompetentes (fica a julgamento de cada um)....sei lá, ainda prefiro Som e Fúria!!!