16 agosto 2010

TOP 1956 - Marty

Quando iniciei o projeto TOP 1/3, há mais de quatro meses, alguns amigos cinéfilos me advertiram que, mesmo se tratando de uma lista de filmes consagrados por meio da estatueta mor da Academia do Oscar, provavelmente teria que dedicar meu tempo a algumas obras mal produzidas. Ao longo do processo, constatei a previsão ao encontrar pelo caminho filmes que nem sequer deveriam estar entre os indicados, mas não há nada o que se possa fazer além de reclamar enquanto mero espectador (até o momento em que eu for sócio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e eleitor do Oscar rsrsrs).

Um dos casos de decepção foi com o vencedor do Oscar de Melhor Filme na premiação de 1956, Marty. O longa conta a trajetória do rechonchudo açougueiro ítalo-americano Marty Piletti (Ernest Borgnine) em busca de uma noiva. Devido ao fato de ser gordo e feio, não consegue se casar e já está com 34 anos (sacrilégio na época!). Toda a micro sociedade que rodeia o comércio da família Piletti julga o protagonista e o vê com olhos de protesto, já que é o único filho que ainda não saiu da barra da saia da mãe (que mora com ele e é interpretada por Esther Minciotti).

O solteirão acaba conhecendo a professora Clara Snyder (Betsy Blair) num sábado a noite em que é obrigado pela mãe a ir para um clube de dança da cidade. Ela também é desprovida de atributos físicos (ou seja, é feia), é desengonçada e também rejeitada por todos por ter 29 anos e não ter pretendentes para o altar. O roteiro se constitui basicamente por essa história, sem grandes mudanças ou complicações, o que fez com que Marty se tornasse o vencedor de Oscar de menor duração da história das premiações. Não que a quantidade de minutos ou a simplicidade do roteiro justifique meu desconforto com a obra, mas a forma com que o diretor Delbert Mann amarrou as informações na montagem final da produção está muito aquém dos vencedores dos outros anos.

A pressão social colocada na questão da necessidade do casamento e da constituição de família é totalmente desconexa por se tratar de um outro contexto histórico, o que distancia os conflitos dos personagens da nossa realidade. Este é aquele tipo de filme que pode ter feito sucesso na época de seu lançamento, mas perdeu completamente a atualidade com o passar do tempo. Além de que as interpretações são forçadas e não condizem com a linha de interpretação do cinema moderno que começava a despontar naquela década (pós-Cidadão Kane, Casablanca e E o Vento Levou).

Como não tenho muito o que comentar sobre o filme, apenas lamentar dele ter levado o posto de Best Picture, acabo por aqui minha postagem de hoje. Junto com ele, concorreram os longas: Férias de Amor (Picnic), Suplício de Uma Saudade (Love is a Many Splendored Thing) e A Rosa Tatuada (The Rose Tattoo).

MARTY
LANÇAMENTO: 1955 (EUA)
DIREÇÃO: DELBERT MANN
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 6,0

4 comentários:

Alan Raspante disse...

Coitado de Marty: 34 anos e encalhado, HAHAHAHA.
Bacana o texto, mas pra ser sincero, este é um filme que nem sabia que existia e pelo visto nem vou conhecer, rs, não deu vontade!

Rodrigo Mendes disse...

Oi Gui! Eu nunca assisti este 'Marty' e como você o descreve, deve ser um filme realmente dispensável, rs!

Mas fiquei curioso. Abs!
Rodrigo

Tô Ligado disse...

Eh meu caro.. nem tudo são rosas. Nem sempre o vencedor da estatueta é o melhor... ou melhor, mereceu ter ganhado.

Abraços

Marcia Moreira disse...

Tenho curiosidade em assistir a este filme para tirar as minhas conclusões. Agora, quem levaria a estatueta naquele ano... apostaria em "A rosa tatuada" com a interpretação maravilhosa de Ana Magnani.