13 junho 2010

TOP 1936 - O Grande Motim

Com um roteiro mais rico e consistente, o diretor Frank Lloyd (do vencedor do Oscar de 1934 Cavalgada) volta ao topo do sucesso com a vitória de O Grande Motim, arriscada produção que conta a história do navio Bounty, embarcação que, no século XVIII (1792), faz o trajeto Inglaterra-Taiti em busca de suprimentos mais baratos para a corte do rei da Grã-Bretanha. O Bounty é comandado pelo capitão Willian Bligh (Charles Laughton) e pelos aspirantes Fletcher Christian (Clark Gable) e Roger Byam (Franchot Tone), trio de temperamentos completamente diferentes, que devem passar dois anos em alto-mar, dividindo o mesmo espaço físico.

A história do filme é baseada numa real, realmente ocorrida no século XVIII, na qual um motim foi idealizado e realizado por um marinheiro (Christian), feito que mudou a estrutura e o tratamento da marinha com seus subordinados, antes tratados como escravos, além de não serem voluntários (no filme pode-se observar a convocação dos ingleses em nome do Rei, sendo considerados desertores os que se recusassem a deixar suas casas e ir para o mar).

A primeira parte do filme (o trajeto Inglaterra-Taiti) mostra um pouco da crueldade do capitão Bligh, sua soberba, sua relação íntima com o poder e o exercício da manifestação exagerada deste poder, por meio das chicotadas injustificadas, do descaso com as doenças dos marinheiros, com a comodidade diante da possibilidade da morte de um de seus subordinados, enfim, da insistência por reforçar quem é melhor e pior dentro daquela micro-sociedade formada.

Após a permanência durante alguns meses na ilha do Taiti, para a infelicidade do inflexível capitão, sua tripulação volta mais feliz, mais motivada, o que faz com que a repressão se torne mais intensa. Christian, já indigesto com as ações do capitão, finalmente organiza a tomada do navio e o abandono de Bligh e seus comparsas em alto-mar.

Reza a lenda que as atuações de Gable, Laughton e Tone surpreenderam tanto a crítica que, a partir do ano seguinte, as categorias de ator e atriz coadjuvante foram incluídas no rol das estatuetas, a fim de distribuir melhor as congratulações às melhores interpretações. A fotografia do longa é muito bem elaborada, o que pode ser evidenciado na maioria das cenas, que são externas, sejam elas no mar ou na ilha.

Gable, o atual melhor ator (venceu por Aconteceu Naquela Noite, de 1935), chega com uma interpretação mais tímida, mais contida, mas que se destaca em meio aos outros artistas. Diferentemente do que li em algumas críticas, não acho que Laughton desempenhou o melhor dos papéis, mas convenceu e conseguiu alterar suas expressões de acordo com as fases do personagem. A aventura dos mares de O Grande Motim foi reproduzida em 1965, tendo como protagonista Marlon Brando.

Apenas duas produções concorreram com o vencedor no Oscar 1936: O Picolino (Top Hat) e O Delator (The Informer). Ainda não havia cores nos filmes e a tela de The End continua firme e forte nos finais dos longas.

O GRANDE MOTIM (MUNITY ON THE BOUNTY)
LANÇAMENTO: 1935 (EUA)
DIREÇÃO: FRANK LLOYD
GÊNERO: AVENTURA/ AÇÃO
NOTA: 8,5

Um comentário:

Alan Raspante disse...

Mais um filme que eu não conheço, estou na onda dos Clássicos, to que nem louco atrás deles, rs
Esse filme parece ser mesmo muito bom, quero ver!!!!!!!