08 abril 2012

Conhecendo os Brasis

O 1/3 está de volta em sua temporada 2012. Depois de quase um ano de folga, eu volto com novo design, novos projetos e postagens quentinhas saindo do forno a partir de hoje. Seja bem vindo e curta minha página no Facebook por aqui, o novo canal de comunicação entre o 1/3 e você!

Este feriadão foi farto em boas surpresas cinematográficas: desde Jogos Vorazes, filme pelo qual eu mantinha um preconceito bobo até quando descobri a intensidade simbólica nas entrelinhas do seu roteiro super interessante, passando por A Letra Escarlate, adaptação de Wim Wenders pras telonas da obra prima do norte-americano Nathaniel Hawthorne, e acabando em Matrix. É isso mesmo que você leu. Eu ainda não conhecia o mundo paralelo criado pelos irmãos Wachowski que revolucionou a ficção científica no fim do século passado.

A surpresa mais grata, no entanto, ficou com uma produção nacional. Xingu, o novo trabalho de Cao Hamburguer (O Dia em que Meus Pais Saíram de Férias), estreou na última sexta, dia 6 de abril, e tem cara de tratado antropológico (ainda que básico) sobre a relação entre os brancos e os índios. A trama conta a história dos irmãos Villas-Bôas, que dedicaram praticamente a vida toda na construção de uma área exclusiva para os povos indígenas que sobreviveram ao impulso civilizatório dos portugueses nos séculos anteriores.

No entanto, o inimigo, agora, é outro. O desenvolvimento econômico e a visão de que a população indígena não é economicamente ativa, o que atrasaria a evolução do país, faz com que um governo após o outro não pense na preservação da cultura milenar dos índios e os dizime como se deles não dependesse nossa própria história.

É aí que entra o trabalho dos Villas-Bôas. Num mergulho etnográfico de mais de 20 anos, Leonardo (Caio Blat), Cláudio (João Miguel) e Orlando (Felipe Camargo) foram pioneiros na aproximação pacífica das tribos mais reclusas do país e na consciência de que as terras que grileiros, latifundiários e governo disputaram durante séculos, na verdade, nunca foram “de ninguém”, como gostam de classificar até hoje (vide o atual caso da Usina de Belmonte).

Este drama, baseado em fatos reais, deixa qualquer brasileiro consciente tocado com a luta de brancos ricos que poderiam estudar na Europa, mas largaram tudo para viver em meio à floresta Amazônica defendendo cidadãos injustiçados pelas consequências de uma política desenvolvimentista. Xingu também toca aqueles que desconheciam a história dos Villas-Bôas, a existência de um parque nacional para a convivência entre os índios e, mais do que isso, aqueles que desconhecem o Brasil.

Ouso editar Aldir Blanc que, em Querelas do Brasil, afirmou que “o Brazil não conhece o Brasil”. Na verdade, nem o próprio Brasil conhece o Brasil. Por isso precisamos de mais obras como essa para formarmos novas gerações conscientes e que daqui a alguns anos nossas crianças ainda saibam quem foram os índios e qual a importância eles tiveram para a nossa história.

P.S.: As semelhanças temáticas com a megaprodução Avatar, de James Cameron, são evidentes. A estrutura dramática é praticamente a mesma, do começo ao fim. O que distingue os dois filmes, no entanto, é o tratamento poético dado a Xingu, que distancia a produção nacional, mais artística, da verve predominantemente comercial de Avatar (o que não tira seu valor para o cinema).

4 comentários:

Claudinha ੴ disse...

Que bom que voltou Gui (to morrendo de saudade docê!). Doida também pra ver! Nosso Brasil, nossa história nas mãos destes moços corajosos. Um beijo!

Gui Barreto disse...

Oh Claudinha...finalmente tomei coragem pra recomeçar..faltava um empurrão. Ó, agora eu também tenho Fan Page no Facebook http://www.facebook.com/pages/13/303849413016554. Se vc puder me siga heheh. Eu tbm to com saudade. No proximo BCI (sabado que vem) precisamos parar pra conversar um cadinho...sempre estamos correndo pra ensaiar ou alguem que chama ou qq outro motivo...vamos fazer um esforcinho pra colocarmos o papo em dia...falando em BCI, to aguardando ensiosamente um BCI adequado pra te convidar pra cantar Pra Sonhar, do Marcelo Jeneci, comigo. Eu acho essa música ótima e toda vez que escuto me vejo cantando com vc...bjbj

Jota Effe Esse disse...

Xingu deveria ser divulgado por todos os meios de comunicação, porque é obrigação de todo brasileiro conhecer o que ali é contado. Meu abraço.

Rodrigo Mendes disse...

Ufa! Fazia tempo que não entrava e comentava seus posts!

XINGU é um épico muito bem realizado, filme maravilhoso e que infelizmente não fez a bilheteria que merecia. Brasileiro não quer saber de índio, e só fez o Meirelles não querer mais produzir filmes nacionais. É, li um artigo em que o cara ficou desapontado. Enfim, mas o trabalho de Cao Hamburguer é esplêndido e cuidadoso sobre a história dos irmãos Villas-Bôas e o elenco acerta definitivamente.

E de fato, “o Brazil não conhece o Brasil”!

Abraço.