21 abril 2010

Que ódio do neguinho

Durante quatro temporadas, cuja produção foi de setembro de 2005 a maio de 2009, em Nova York, pudemos acompanhar as peripécias de Chris, um garoto negro odiado por todos. Essa é a trama principal de Everybody Hates Chris (Todo Mundo Odeia o Chris, Record, segunda a sexta, 16h30), série americana de grande sucesso no mundo todo. O comediante Chris Rock (talvez um dos mais conhecidos dos EUA, que aparece aqui do lado) se baseou em sua própria adolescência e nas pessoas de sua família e convívio social na década de 80 para roteirizar os 88 episódios, que contam a saga do garoto dos 13 aos 18 anos (1982-1987).

Com uma visão caricatural dos personagens, já que estes eram alusivos, declaradamente, à pessoas reais, Chris (o autor) consegue apresentar um humor fantasioso, por vezes natural (por parte da visão dos personagens), mas que traz à tona questões polêmicas como o racismo, a discriminação, a violência, o tráfico de drogas etc., tudo num tom leve e descontráido. É a partir de características marcantes da personalidade de cada personagem que o roteiro ganha graça, como por exemplo, a mania do pai de Chris, Julius (interpretado brilhantemente por Terry Crews) de contabilizar todas as despesas de todos, ou os bordões de Rochelle (mãe de Chris, com a atuação mais que especial de Tichina Arnold) como "Eu não preciso deste trabalho. Meu marido tem dois empregos!!".

Chris Rock (que também é o narrador da série) brinca com as desgraças que viveu na juventude através de Tyler James Williams, jovem ator afroamericano que o interpreta e dá sustentação à série de aventuras do garoto negro em meio a um mundo branco e preconceituoso. Além de Rochelle e Julius, Chris tem dois irmãos: Tonya (Imani Hakim) e Drew (Tequan Richmond), também inspirados em irmãos do comediante. Diferente de outras séries biográficas, Todo Mundo Odeia o Chris não poupa nem ameniza significados reais, a favor de um significante mais estético para as telas. Todas as manias, ou trejeitos, são explorados pelo humor tocante de Chris Rock, que provoca muitas gargalhadas em todos os episódios (sei disso pois já assisti mais de 80 deles).

Uma outra característica interessante da série é a projeção feita pelo narrador aos dias atuais, com previsões (para a época), como o futuro dos personagens, comentários de presidentes que foram eleitos na década de 90, a vida de artistas que foram descobertas após ó período que o programa retrata etc., numa ponte entre os dilemas da década de 80 e o que viria depois. Todos os nomes de episódios começam com "Todo mundo odeia...(alguma coisa)", em referência ao título da série, que teve inspiração em outra produção: "Everybody loves Raymond", também de sucesso nos EUA na década de 2000.

Dizem as más línguas que as gravações terminaram por dois motivos: em 1988, ano que seria retratado numa possível quinta temporada, o pai de Chris, Julius, morreu de uma complicação na úlcera (o que influenciaria no andamento do roteiro), e também foi nesse ano que Chris Rock começou sua carreira como comediante (evidentemente, a série trataria desse assunto, mas fugiria de seu objetivo primordial, que era contar como foi a vida do garoto antes do nascimento do artista).

Quem gosta de séries cômicas, mas ainda não conhece Todo Mundo Odeia o Chris, não perca mais tempo. Além de muitas risadas, você acaba conhecendo a vida de Chris Rock, suas dificuldades, suas angústias de adolescente, suas descobertas, numa das séries biográficas mais divertidas de todos os tempos.

4 comentários:

Eliana disse...

Oi Gui...

Só pra constar: eu adoro Todo Mundo Odeia o Chris...rsrs
Aqui em casa só Claudinho não assisti, porque eu e os meninos damos boas risadas com a série.
Mto bom vc ter lembrado e comentado sobre ela (a série) e sobre Chris Rock tb.

Fica na paz!
Bj.

Cristiano Contreiras disse...

Já eu descarto, acho intragável e chatinha...abraço!

Cristiano Contreiras disse...

Moço, me adicione no msn:

cristiano_contreiras@hotmail.com

delete este comentário, quando add! abs

Claudinha ੴ disse...

Oi Gui!

A Ana assiste este seriado e gosta bastante. Eu nunca tive tempo, mas Everybody Loves Raymond sim e sou fã dele e de seu irmão panaca, mais ainda do pai rabungento e da mãe 171,rsrs;
Sua crítica está excelente!
Um beijo procê.

* Vem pro barzinho? (Nem sei o que vou cantar)
Saudades!