24 novembro 2010

TOP 1972 - Operação França

Dois policiais nova-iorquinos nada convencionais dividem a cena em Operação França, filme vencedor da estatueta-mor do Oscar no ano de 1972. A trama de ação acompanha a busca desenfreada dos detetives Jimmy ‘Popeye’ Doyle (Gene Hackman) e Buddy ‘Cloudy’ Russo (Roy Scheider) por uma suposta gangue de contrabandistas de drogas que pretende fazer negócio com clientes franceses. A suspeita dos policiais, no entanto, se dá apenas por meio de indícios nada concretos, o que revolta outros membros da polícia, inclusive o comandante da base de operações. A certeza de que há algo de errado, aliado a teimosia de Popeye, faz com que a dupla subverta algumas ordens e persista na investigação.

Para garantir ao espectador uma veracidade inédita na história do cinema, o diretor William Friedkin lançou mão de alguns artifícios, como um laboratório intensivo na periferia de Nova Iorque entre os dois atores e os verdadeiros Popeye e Cloudy que, em 1962, apreenderam o maior carregamento de heroína contrabandeada dos Estados Unidos; o uso do improviso nas cenas de perseguição, sem que houvesse aviso prévio à população (o que gerou alguns imprevistos na cena em que o carro do detetive segue um trem suspenso à 140 quilômetros por hora durante 22 quarteirões, resultando em vários acidentes reais que não estavam no roteiro); e a preferência pela manipulação manual das câmeras, conferindo às cenas um tom tremido e documental.

As atuações são excelentes, principalmente a de Hackman, que ganhou espaço em Hollywood graças a essa produção e inclusive levou a premiação de Melhor Ator para casa naquele ano. Seu comportamento bonachão e imprudente diante do vídeo construiu um protagonista controverso, uma vez que dividiu opiniões sobre a empatia ou repulsa que causava entre os espectadores. É fato que responde por inúmeras seqüências memoráveis que inspiram os sucessores do gênero até hoje, como a perseguição longa e muda que se dá nas ruas de NY entre três policiais e três suspeitos de serem contrabandistas, a cena do tiro na escada do trem (surpreendente!!) e a perseguição entre o carro e trem suspenso (uma das melhores que eu vi até hoje).

A trilha sonora contribui para criar a tensão necessária ao suspense que o diretor quis expressar no longa, auxiliando, inclusive, a amenizar a falta de diálogos do filme, que suspende explicações verbais, apoiando-se nas ações meticulosamente insinuantes para contextualizar os mais desatentos. Outro trunfo do diretor é o final da história, ambíguo e sugestivo, completado pelo desfecho das histórias reais daqueles que influenciaram os personagens. Genial! É a primeira vez, pelo menos entre os vencedores do Oscar até aquele ano, que o final de um longa fica em aberto, vulnerável a interpretação de cada espectador.

OBS: Reparem nos primeiros minutos do filme. Há um paralelismo entre cenas na América e na França, chegando ao ponto de confundir o espectador sobre qual será a principal locação do filme. Mais um ponto positivo para a proposta cinematográfica de Friedkin.

Além de Operação França, foram candidatos a Best Picture em 1972 os seguintes filmes: A Última Sessão de Cinema (The Last Picture Show), Nicholas e Alexandra (Nicholas and Alexandra), Um Violinista no Telhado (Fiddler on the Roof) e Laranja Mecânica (Clockwork Orange), considerada por alguns críticos a maior injustiça da história do Oscar. Os dois filmes são realmente muito bons, mas os gêneros são completamente diferentes e o problema de Laranja Mecânica é que envelheceu bem, mas na época de seu lançamento não conseguiu expressar sua verdadeira importância para a história do cinema mundial.

OPERAÇÃO FRANÇA (THE FRENCH CONNECTION)
LANÇAMENTO: 1971 (EUA)
DIREÇÃO: WILLIAM FRIEDKIN
GÊNERO: POLICIAL/ AÇÃO
NOTA: 8,8

3 comentários:

pseudo-autor disse...

Esse é um dos meus filmes-fetiche. Aliás, a cinematografia do Friedkin é bárbara!

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Hugo disse...

É um dos filmes que mudaram a cara do gênero policial. Sem em "Bullit" produzido um pouco antes, tivemos uma fantástica perseguição de carros, aqui William Friedkin aumentou a adrenalina e sem a ajuda de efeitos especiais como é feito hoje.

Da lista de candidatos da época, "A Última Sessão de Cinema" é um belíssimo drama.

Abraço

Tô Ligado disse...

Que maratona é essa? Tirando o tempo perdido???