27 março 2010

Coração Louco (2009)

Responsável por dar a Jeff Bridges o Oscar de melhor ator em 2010, o fracassado cantor country Bad Blake, apagado pelos talentos da nova safra, tenta, ao enfrentar inúmeras situações humilhantes, buscar seu lugar ao sol em Coração Louco (2009).

Tomado pela bebida e uma vida totalmente desregrada (comum aos antigos astros country americanos), Blake não tem mais inspiração para compor (o que pode ser a única saída para uma retomada, já que, para interpretar, o público prefere novas caras, como Tommy Sweet (Colin Farrell), pupilo de Blake, por quem ele alimenta um forte rancor, já que Sweet fez sucesso às suas custas, sem a menor gratidão).

Sendo obrigado a tocar em boliches, bares de beira de estrada e outras possilgas, Blake culpa seu empresário, mas sabe que tudo não passa de consequências das suas escolhas durante a vida, de sua falta de planejamento, de seu descontrole. Eis que surge Jeane Craddoc (Maggie Gyllenhaal), uma jornalista de Santa Fé, no sul dos EUA (mais uma das cidadezinhas nas quais Blake foi escalado para cantar), que se aproxima do cantor pela admiração que tem pela música, mas acaba se apaixonando.

Bad percebe que essa não é mais uma daquelas fãs que leva para a cama depois dos shows, mas alguém especial, uma mãe solteira, que cuida sozinha do filho de 4 anos e que tem um sorriso que o encanta. Ela, experiente em relações frustradas, no fundo sabe que irá se decepcionar com o personagem de Bridges, mas resolve arriscar.

E é através desta convivência que Blake descobre o quão irresponsável foi até o momento. A inquietação universal de não ficar sozinho no fim da vida finalmente o assola, fazendo com que tente se afastar da bebida, comece a compor novamente e procure o filho que abandonou há mais de 20 anos.

Um filme sem pretensões tecnológicas, que busca nas interpretações (principalmente na de Jeff) dar sentido ao belíssimo roteiro. Mais uma história de vida, desta vez embalada por uma trilha brilhante, quase que totalmente cantada por Bridges, que se mostrou um ótimo cantor). A fotografia é responsável por belas paisagens do Texas e outros estados do sul dos EUA, nos vários momentos em que o protagonista viaja de cidade em cidade levando sua música aos fãs saudosistas.

Sem comparações a outros filmes "country" (já que eles não entram no meu repertório), Coração Louco é uma lição de vida, de superação. Até no figurino as mudanças de comportamento de Bad são evidenciadas. Das calças abertas, camisas surradas e suadas e cabelo desgrenhado, além da mania de acender um cigarro na bituca de outro, enquanto não larga o copo de bebida vagabunda, Blake passa para uma vestimenta "engomadinha", representando sua vontade de mudança radical de vida, depois de vários atos de arrependimento.

Além do protagonista, há a bela atuação de Gyllenhaal, que se mostra meiga no início do filme e, logo que os problemas começam, passa a demonstrar toda a complexidade dramática que seu personagem pede. Um retrato fiel da garota ingênua e sentimental do interior que se torna forte e independente através dos ensinamentos da vida.

Para quem curte música country, belas atuações e filmes que nos surpreendem pela simplicidade estética, mas uma vastidão interpretativa irão gostar de Coração Louco (o nome do filme em inglês também é Crazy Heart, em razão do nome da música que encerra a trama e representa as angústias semi-resolvidas do protagonista).

CORAÇÃO LOUCO - CRAZY HEART
LANÇAMENTO: EUA (2009)
DIREÇÃO: SCOTT COOPER
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 9,0

Um comentário:

Claudinha ੴ disse...

oi Gui! Tanto a foto quanto a carreira me lembraram A Star Is Born. Foi no final dos anos 70 e eu começava a frequentar os cinemas.
Sobre sua postagem anterior, eu vi 500 dias com ela e achei maneiríssimo, adorei! A gente acaba se apaixonando pelo garoto e o final me agradou, gosto de coisas assim do universo conspirar para achar outra pessoa... Ela não queria, mas teve a pessoa certa!

Beijos, querido!
Saudades!

*Fiquei com inveja de suas aventuras no Karaokê na noite campineira, o Gu me contou!