15 abril 2010

A comédia na TV

Desde os primórdios das civilizações, o humor rodeou o imaginário popular como uma válvula de escape para os problemas cotidianos. É através da esculhambação de inúmeras personagens caricaturais que ousamos (mesmo que não diretamente) pensar em fazer aquilo que sempre tivemos vontade, mas a coragem nos impedia.

Antigamente, o humor se condicionava a fazer rir apenas através de situações que envolviam a humilhação física dos envolvidos ou a discriminação de um grupo social inferior, como é o caso dos bobos das cortes medievais, os poemas de Bocage, as lutas desleais entre gladiadores e leões na Grécia antiga (que sempre acabavam em (divertidíssimos!!!) estraçalhamentos dos corpos dos coitados), entre outras situações.

Com a advento do cinema, já no século XX, e o aparecimento das chanchadas, ou comédias de costumes, um novo tipo de humor se configura: o escracho, em que tombos, afogamentos, queimaduras, tropeções e situações que não envolvam raciocínio sejam valorizadas. Hoje, esta forma de se fazer rir ainda é utilizada na televisão, mesmo que um pouco transformada, com exemplos como A Praça é Nossa (SBT, quinta, 23h15), (para mim, o maior lixo da televisão brasileira), Zorra Total (Globo, sábado, 22h15), Uma Escolinha Muito Louca (Band, sexta, 22h15), As Aventuras do Didi (Globo, domingo, 12h30), que ficou no tempo, assim como os ultrapassados e inconvenientes Didi e Dedé e Os Caras de Pau (Globo, domingo, 13h15), única experiência deste pacote que consegue falar com todos os tipos de público e conta com o talento de dois dos maiores comediantes vivos: Marcius Melhem e Leandro Hassun.

OBS: Odeio as risadas que são utilizadas como sonoplastia nestes programas para tentar aguçar um riso contido dentro do espectador. Em mim só aguça a vontade de mudar de canal.

Para quem gosta de rir, a televisão atualmente oferece gargalhadas aos montes para todo o tipo de temperamento. Ontem, zappeando pelos poucos canais que a rede interna de TV do meu prédio me oferece, parei na MTV quando passava Comédia MTV (MTV, quarta, 22h30) e me deparei com um programa de auditório, apresentado por Marcelo Adnet (uma das revelações do humor em 2009), que lança mão de esquetes totalmente absurdas, nas quais os atores/humoristas da emissora retratam o cotidiano através de uma visão crítica e divertida.

Programas como o Pânico na TV (Rede TV, domingo, 21h) e o Show do Tom (Record, sábado, 22h30) também oferecem a mesma proposta, com quadros criativos, engraçados, e que se baseiam em imitações, piadas sarcásticas, inteligentes, rápidas e que tem como "muletas" os erros e programação das outras emissoras. Ainda sim são criticados pelos intelectuais, que alegam se tratar de um conteúdo vazio e banal. Eu adoro assistí-los nos momentos de descontração!!


Na onda dos seriados cômicos, a Globo entra na frente na disputa com A Grande Família (Globo, quinta, 22h15) e S.O.S Emergência (Globo, domingo, 23h), duas produções mornas, que são facilmente superadas por obras antigas, como Os Normais, Toma Lá Dá Cá e A Diarista.

De uns tempos para cá, o humor vem se apresentando mais comprometido com a crítica social, com a política, com as questões do país. É a partir desta tendência que surgiram programas como o CQC (Band, segunda, 22h15) e o Legendários (Record, sábado, 22h), dois projetos que visam o humor com seriedade, requinte, inteligência, o que faz com, por vezes, não sejam classificados como programas de humor, mas de jornalismo ou variedades.

O Casseta e Planeta, Urgente (Globo, terça, 22h15) tenta há muitos anos se consolidar como uma éspecime deste grupo, mas, a cada tentativa, escorrega mais na sua própria incompetência (por favor Globo, tire o Casseta do ar. Há tantas coisas melhores que podiam estar num horário nobre como este!!)

Uma proposta interessante que a MTV implantou em sua programação, mas que não se adequa a nenhuma classificação acima, é o telejornal Furo MTV (MTV, segunda a sexta, 22h30), no qual os apresentadores Dani Calabresa e Bento Ribeiro comentam as notícias do dia de uma bancada num jornal nada convencional.

Na onda da contemporaneidade, época em que tudo acontece rapidamente, a comédia ganha espaço com a improvisação, prática cada vez mais utilizada por comediantes, que se baseiam na incerteza e na criatividade para fazer com que o público se divirta (e participe também). Na TV atual, temos dois exemplos: o É Tudo Improviso (Band, nova temporada em breve), cópia, em todos os sentidos, do Quinta Categoria (MTV, quinta, 22h30).

Outra forma de se fazer rir que se instaurou nos últimos anos em nosso país é o stand-up comedy, prática na qual um comediante, sozinho e sem caracterização, brinca com situações cotidianas, através de seu ponto de vista. Mais uma forma sofisticada de se fazer rir, o stand-up, que é predominante no teatro, chega às telinhas com o 15 Minutos (MTV, todos os dias, 21h45), encabeçado pelo multifacetado Marcelo Adnet, e o Badalhoca (MTV, sexta, 00h15), que é, na verdade, um sit down comedy, já que Ronald Rios fica sentado contando suas experiências cômicas.

E para fechar o pacote, para os mal humorados de plantão, que gostam de um humor negro, cruel e preconceituoso, a MTV criou o Fudêncio (MTV, segunda, 00h15) e o Infortúnio (MTV, terça, 00h15), dois desenhos animados que brincam com a desgraça alheia, o que pra muitos é diversão.

Todos os telemaníacos têm motivos de sobra para não ficar sem rir, já que as opções são inúmeras. Cabe a você julgar o que é melhor: se um humor requintado e inteligente ou escrachado e preconceituoso. Divirta-se!!

OBS: Se eu esqueci de comentar alguma produção que está no ar atualmente, me avisem por favor.

4 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

É com prazer que comento em alguns posts seus e sou novo seguidor do seu espaço!

Te sigo, colega

Viva o cinema e o jornalismo!

Cristiano Contreiras disse...

Alguns dos seus filmes 'inesqueciveis' sao meus tambem - inclusive, alguns seus citados ja resenhei em meu blog.


te linkei ao meu espaço, prazer!

Brentegani disse...

Não me lembro de nenhum programa de humor que não tenha citado, aliás, muitos eu não vi ainda... dos antigos, acho que vale lembrar do "Sai de Baixo". Bom sobre o Pânico, hum... tenho meus preconceitos, acho que o programa perdeu um pouco das raízes (que vc citou), posso estar enganada, mas o programa ficou por demasiado apelativo... tanto nos quadros, como no palco, durante a apresentação...
E como sempre, curti mto seu post moço! Bjs

Anônimo disse...

Hey, I am checking this blog using the phone and this appears to be kind of odd. Thought you'd wish to know. This is a great write-up nevertheless, did not mess that up.

- David