O responsável pelo feito é Sir. Laurence Olivier, diretor, protagonista, produtor, enfim, mil e uma utilidades dentro do set de filmagem, revelando um filme totalmente autoral, com toques pessoais e uma admiração sem tamanho pelo autor da peça homônima que resultou no roteiro da obra: William Shakespeare. Ao longo de sua carreira, Olivier ainda produziu, dirigiu e atuou em mais três adaptações da obra do escritor inglês. Aliás, fala-se que o longa é a adaptação mais fiel de Hamlet feita até hoje, seja no cinema, no teatro ou na televisão.
Traços evidentemente shakespeareanos, como a vingança, o drama exageradamente teatralizado, a quantidade surpreendente de mortes ao longo da história, a inveja e a crueldade marcam presença na trama, que narra a saga de Hamlet, príncipe dinamarquês, que busca se vingar de seu tio, assassino de seu pai (o rei) apenas para ocupar o cargo no trono (ele se casa com a rainha logo após a morte do irmão).
Hamlet descobre a tramóia do tio por meio da aparição do espírito do falecido rei, que o revela o que aconteceu e faz com que o filho jure que se vingará pela morte do pai. É a partir daí que o príncipe começa a mostrar do que é capaz para cumprir sua promessa. As falas usadas têm o estilo tradicionalmente rebuscado, sem nenhuma inovação linguística, mesmo estando há 300 anos de diferença de quando foram escritas por Shakespeare (propositalmente). Mesmo assim, nota-se a ironia e as segundas intenções presentes durante os diálogos, todos muito bem costurados para que a trama ganhasse a consistência dramática que possui.
Consistência teatral, diga-se de passagem. O filme passa a impressão de estarmos acompanhando uma peça de teatro filmada, seja pela movimentação quase que nula das câmeras durante as cenas, ou pelas expressões carregadas dos atores. Tudo bem que a carga dramática diante da crueldade de tudo o que acontece na vida daquele castelo deve ser grande, mas não exagerada como mostrada por Olivier neste filme. Para mim, o protagonista é o único que consegue trasmitir uma sutileza digna de quem é realmente bom (o cara é muito foda!), fugindo dos gestos e expressões caricaturais que os outros personagens acumularam durante a obra.
Apesar de já estarmos em 1948, parece que o filme foi feito bem antes, pois a imagem é horrivel, sempre com muita neblina e defeitos técnicos perceptíveis. O ritmo do longa é arrastado, sonolento e ainda mais monótono pelo acompanhamento de uma orquestra incasavelmente repetitiva (apesar de ser muito competente). Uma boa experiência para quem não conhece a obra de Shakespeare e nem tem saco para ler, mas está longe de ser um dos melhores filmes vencedores do Oscar.
Naquele ano, ainda concorreram a Melhor Filme: A Cova da Serpente (The Snake Pit), Sapatinhos Vermelhos (The Red Shoes), O Tesouro de Sierra Madre (The Treasure of the Sierra Madre) e Belinda (Johnny Belinda).
HAMLET
2 comentários:
Nada ver com hamlet, mas sapatinhos vermelhos foi escrito por Sheldon???
Este filme é fabuloso! Preciso ve-lo novamente.
te sigo e te indico também hehehe
abç
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