28 julho 2010

TOP 1950 - A Grande Ilusão

Chegamos a metade do século XX. Antigas convenções tendem a ser substituídas por novos ideiais, crenças oriundas da vontade de que a modernidade venha, e que leve com ela pra longe modelos antiquados. No campo político, a democracia e o Estado livre são as meninas dos olhos dos visionários, aqueles que projetam para o futuro um país límpido, transparente, politicamente correto, literalmente.

Um desses sonhadores é o personagem que inspirou o diretor Robert Rossen a rodar A Grande Ilusão, radiografia da realidade política por trás dos palanques americanos (e perfeitamente adequado para se referir a qualquer governo). O protagonista em questão é Jack Burden (John Ireland), repórter por conveniência que tem a missão de acompanhar a campanha política de Willie Stark (Broderick Crawford), um honesto “caipira” (nas palavras do próprio Stark) que, indignado com a situação degradante em que se encontra a população carente, busca desmascarar os acordos suspeitos, os golpes e as tramóias da cúpula executiva do governo.

Para tanto, efetiva sua candidatura para governador do estado de Louisiana, mas não possui uma oratória persuasiva, o que o faz perder a eleição. Com a determinação de sempre, conta com a ajuda de Burden e alguns “amigos” para continuar no encalço dos manda-chuva e convencer o povo quem era possuidor da verdadeira força revolucionária que o local precisava. Em sua segunda tentativa, desta vez com uma postura ainda mais populista, consegue o tão desejado patamar, e é aí que as mudanças começam a acontecer.


Iludido pela oportunidade de contribuir para a qualidade de vida alheia, o bom Willie se deixa levar pelo papo dos políticos mais safos que faziam parte de sua equipe e acaba se tornando um deles, para sua própria infelicidade. Segundo o chefe de governo, “para se fazer uma omelete, deve-se quebrar alguns ovos”. Todos os dircursos pré-vitória acabaram, fazendo com que tudo que era importante desse lugar a ambição, ao egoísmo, a soberba, a omissão, a chantagem, a competição. As características opressivas dignas de condenação passaram a servir de mecanismos para que seus feitos pudessem ser realizados. É o caçador sendo fisgado pela sua própria armadilha.


Ainda moralista, o longa começa a dar sinais do cinema moderno, que busca conscientizar os espectadores através de exemplos de histórias que deram certo, ou não. O roteiro se mostra bem mais criativo que antes, os diálogos mais afiados, num ritmo que se afasta do tom teatralizado, há uma variedade maior de locações, uma trilha sonora mais sutil e interpretações mais reais, mais próximas de quem assiste. Deve ter impactado as pessoas na sua estreia.

Desde o nome da obra original, All The King's Men, já se revela a irônica referência ao tradicionalismo político norte americano ainda agonizante, que se aproximava de uma monarquia, pela não concessão de direitos iguais a todos e resolução dos casos por subornos, pagamentos omitidos, compra de votos etc. Que fique bem claro que o filme não é maniqueísta, uma vez que não idolatra os modernistas, nem muito menos crucifica os conservadores. Além da mensagem clara, há uma delicadeza em construir a linha tênue que divide a honestidade da corrupção surpreendente.

Além do vencedor, concorreram a Melhor Filme: O Preço da Glória (
Battleground), Quem é o Infiel (A Letter to Three Wives), Tarde Demais (The Heiress) e Almas em Chamas (Twelve O'Clock High).

OBS: Tamanha a repercussão e a atualidade de seu roteiro, A Grande Ilusão foi refilmado em 2006, tendo Sean Penn, Kate Winslet, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins e Jude Law como principais atores. Não assisti, mas dizem que não chega nem aos pés do original.

A GRANDE ILUSÃO (ALL THE KING'S MEN)
LANÇAMENTO: 1949 (EUA)
DIREÇÃO: ROBERT ROSSEN
GÊNERO: DRAMA
NOTA: 8,0


12 comentários:

Rodrigo Mendes disse...

Oi cara blz?

Grande filme que você postou, eu li sobre ele, mas ainda não assisti na íntegra.

A refilmagem eu achei mediana, não chega a ser péssima. Tem direção e roteiro do competente Steve Zaillian, que como roteirista escreveu o brilhante A Lista de Schindler do Spielberg.

Preciso procurar esta fita. Gostei da Columbia Pictures lançar em edição especial, clássicos do estúdios, dentre eles ' Adivinhe Quem vem Para Jantar', ' A Felicidade Não se Compra'..dentre tantos..

Abs,
Rodrigo

Tô Ligado disse...

Voltando ao Sheldon, você já postou algum filme dele? li o comentário acima ((não tenho certeza) e adivinhe quem vem pra jantar seria dele??? Não sei se deu pra perceber, mas sou "fanzaço dele" hehehe. Teh mais

Sandro Azevedo disse...

Olá!
Obrigado pela visita. Também estou te seguindo!

Bacana seu blog, muita informação!
Ainda não vi esse filme, mas me pareceu bem interessante. Já está na minha listinha! hehe

Abração e volte sempre!

Sandro Azevedo
blog24fps.blogspot.com

Alyson Santos disse...

Fala Gui!
Valeu pela visita!
Robert Rossem , na minha opinião, sempre roteirizou muito bem e esta nisso sua grande força, até mesmo quando é produtor e diretor, como neste filme. Realmente é um exemplo de filme. Parabéns por recordá-lo.

Estou linkando também!
Abraços!

Tô Ligado disse...

Confundiu não Gui.. estava questionando sobre o Sidney Sheldon mesmo. è que escrever livros foi sua última atividade. Ele começou como pequeno roteirista de musicais, ganhaou (acho) que 3 oscars com seus filmes e fezalguns seriados para Tv dentre eles, Genine é um gênnio.

Tô Ligado disse...

Então... super recomendo os livros dele. É aquele tipo de leitura que vc nao consegue parar até chegar no ponto final. Não gostei da adaptação de um livro para o cinema.. achei bem superficial... mas seria bacana se a Globo comprasse os direitos autorais e fizesse mine-série de 8 capítulos. Suspense, drma, paixão, sexo, ação... a fórmula perfeita para prender qualquer um.
Apareça no MSN ... teh

Claudinha ੴ disse...

Meu querido,
um filme que fale de política, o caminho até o poder, seja em que época for, sempre parecerá atual. Mudam apenas o cenário e o figurino...
Este é do tempo dos meus pais, mas não assisti. (Eu assistia vários com ele, ele colocava som no cinema da cidade e alguns eu podia ver junto, mas outros eu assisti na sessão da tarde da Globo).
Estou gostando de te ver exercer a crítica de cinema!
Tem um amigo meu, Francisco Sobreira, que sabe bastante sobre estes filmes e diretores. Ele tem várias críticas sobre cinema. Vou te indicar pra ele. Ele vai gostar de você, que é "minino meu"... Beijos!

Claudinha ੴ disse...

Olha Gui o blog dele é o Luzes da Cidade (claro, Chaplin!).
www.luzesdacidade.blogspot.com
Dá uma chegadinha lá!
Beijos meu queridinho!


* Você vem pro Barzinho? Hoje já ensaiei com o Gu. Venha sim, pra gente matar a saudade!
Beijão!

Reinaldo Glioche disse...

Fala Gui. Pois é, eu já sabi que vc era leitor de claquete. Já havia visto sua fotinho lá...
Então, grande prazer em trocar ideias cinéfilas com vc. Já vi que vc manda bem nas análises que propõe. Como é o caso desse grande filme que gerou um remake não tão notório assim.
Grande abraço!

Leonardo disse...

Obrigado por visitar o mundo dos cinéfilos. Cara, adorei esse blog, muito interessante, ainda mais tendo um claro objetico, parabens!!

http://omundodoscinefilos.blogspot.com/

Leonardo disse...

Alias, tambem adicionei seu blog entre nossos recomendados. Abraço

Anônimo disse...

Genial post and this fill someone in on helped me alot in my college assignement. Thank you seeking your information.